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Expectativa

"Gostaria de ficar, quero renovar", diz Alex

Meia colorado falou em entrevista à ZH sobre as esperanças de conquistar o Brasileirão e sobre a renovação de seu contrato, que expira em julho de 2015

19/10/2014 - 14h00min

Atualizada em: 19/10/2014 - 14h00min


Diego Vara / Agencia RBS
Alex

Poucos jogadores conhecem tão bem o Inter e têm tantos títulos relevantes com o clube como Alex: da sua chegada do Guarani de Campinas, em 2004, à Libertadores e ao Mundial, passando pelo protagonismo na Copa Sul-Americana até a goleada no Gre-Nal do Gauchão de Caxias do Sul. Neste domingo, os chutes de fora da área do camisa 12 talvez sejam fundamentais para vencer o Corinthians.

Nesta entrevista a ZH, à beira do Guaíba, no CT Parque Gigante, Alex fala sobre a esperança de ainda vencer o Brasileirão, as boas chances de voltar à Libertadores, o retorno do trio de 2008, com D’Alessandro e Nilmar, além de demonstrar alguma apreensão por ainda não estar tratando da renovação de contrato, que expira em 18 de julho de 2015. Ídolo de Inter e Corinthians, Alex espera vencer o time de Mano Menezes neste domingo, no Beira-Rio, para de continuar na perseguição ao Cruzeiro. A seguir, os principais trechos da entrevista de Alex.

Zero Hora - Inter e Corinthians são os principais clubes da sua vida. Para você, este clássico é mais importante que o Gre-Nal?

Alex - Mais importante que o Gre-Nal nunca será. A não ser uma final de campeonato. É um jogo hiperdecisivo, que pode nos dar a condição de abrir alguma vantagem sobre um concorrente direto no G-4. É claro que tem a questão da rivalidade, por 2005, mas não é nada além de um jogo superimportante.

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Abel tentou tirar o peso dos jogadores na partida contra o Cruzeiro, no Mineirão, dizendo que não era decisão. Vocês não deveriam ter usado aquele jogo como decisão?

Há partidas que recebem este peso e que não decidem. Há jogos lá adiante do campeonato que definirão o título, a vaga, por exemplo. Esse contra o Corinthians é decisivo, mas não para acabar o campeonato ou decidir tudo.

Em 2005, o Inter promoveu uma caçada ao Corinthians, chegando à última rodada com chances. Isso pode se repetir agora, contra o Cruzeiro?

Estávamos em uma crescente no returno, mas sempre correndo atrás do Cruzeiro. Agora virá uma leva de jogos que perdemos no primeiro turno e que precisaremos vencer.

Confira a tabela do Brasileirão 2014

O Inter tem uma meta?

Para ser campeão, será preciso somar 23 vitórias no campeonato (o Inter tem 15, o Cruzeiro soma 17). O campeão não fará menos do que 72 pontos (o Inter tem 50 pontos, contra 56 do Cruzeiro), apesar da queda do Cruzeiro. Com 20 vitórias, talvez um clube consiga entrar direto na Libertadores. Com 22 vitórias, fica perto do título. Ainda é possível a gente chegar perto deste número. Sabemos da dificuldade, pelo que ficamos devendo até aqui. Mas é possível que o Cruzeiro perca mais jogos e que nós vençamos os jogos que perdemos no primeiro turno.

O seu contrato expira em 18 de julho de 2015. D’Alessandro já renovou. Você está por renovar?

Serei bem sincero: gostaria de ficar, quero renovar. Mas é um ano com eleição. A diretoria me disse que quer renovar, mas tem que esperar. Quero segurança para a minha família, tenho mais quatro ou cinco anos de futebol e a partir de janeiro serei um jogador livre (na verdade, Alex estará liberado para assinar um pré-contrato com outro clube). No futebol, aparecem coisas interessantes: EUA, Inglaterra, China... Não é a minha ideia, mas, daqui a pouco... Se o Inter não me der esta prioridade, a gente acaba entendendo. Mas não queria ficar com esta expectativa, de daqui a pouco estar a dois, três meses de acabar o contrato e não ter uma definição. O risco de findar o contrato é a lesão. E se sofro uma fratura, como o Sasha, a três meses do final do meu contrato? Não posso ter essa insegurança.

Mesmo com uma possível vaga à Libertadores, você acha que a direção demorará a te contatar?

É que não depende só de mim. O que depende de mim é o que faço em campo. Fico lisonjeado de o torcedor pedir e querer a renovação. E acho que é o que vai acontecer, mas não queria ficar com essa preocupação neste momento.

Esta indefinição atrapalha?

Em alguns momentos, sim. Você fica com um turbilhão na cabeça. Pelo menos chega e diz: "Isso aqui está bom pra ti? Tá bom? Então vamos embora". Estou em um momento da carreira de jogar para conquistar, e não jogar para aparecer e ir para a Europa. Voltei para cá para viver isso. Essa credibilidade junto ao torcedor, e isso tudo se reflete em campo.

Você parece mais confiante.

É que você tem a certeza do que pode fazer. O tempo passa e te dá isso. Já tem claro na cabeça o que quer, o que precisa fazer no treino para se sentir bem, como reage depois de perder de cinco para a Chapecoense, como reage depois de um passe errado... O tempo te dá a bagagem do que tu és.

Depois de recuperado das dores no púbis, você voltou a chutar de fora da área e bem. Há alguém no Brasil melhor do que você nas conclusões de fora?

Não sei dizer. Tenho este dom e fui aperfeiçoando o chute. E para fazer isso tenho que estar bem. No ano passado, não tinha a confiança para chutar, pois a minha musculatura de apoio não estava boa. Do Cruzeiro para cá me soltei mais. Estou 100% na parte física e confiante. Posso jogar mais atrás, marcar também e chegar à frente.

Contra o Fluminense você ficou irritado com o Cavalieri, que defendia todos os seus chutes?

Fiquei mais irritado com o zagueiro (Marlon), que tirou o gol. O D’Alessandro havia me dado uma bola açucarada. É a dinâmica de 2008, com Nilmar. Quando fiz o gol (por cobertura), pensei: "E se erro de novo? Vão dizer que foi frescura". Mas se fosse para errar, erraria igual, mesmo chutando de outro jeito.

O trio Alex, D’Alessandro e Nilmar fez sucesso em 2008, no time que conquistou a Copa Sul-Americana. Vocês três poderão fazer a diferença agora?

Condições, a gente tem. Se conseguirmos manter a cabeça boa, iremos fortalecidos para a reta final do Brasileirão. Temos condições para obter seis, sete vitórias nas 10 rodadas que restam.

E o desabafo após a vitória sobre o Fluminense?

Não foi algo pensado, foi sentido. Foi algo de dentro para fora. Daquilo que sinto e vejo na profissão. Tem gente maldosa, que quer vender alguma coisa. E tem torcedor que compra a ideia de coisas que a imprensa passa. O futebol é muito radical. Se ganhou, está bom. Se perdeu, está ruim. É meio como a política, é paixão. Nenhuma profissão é fácil. Eu sei que a pressão que recebemos é de acordo com o que a gente ganha, mas estou colocando o que a gente sente.

A pressão foi pelos 5 a 0?

Foi aquela derrota. Em três dias, mudamos tudo. Estávamos bem contra o Flu, levamos o gol no final e pensei: "Não é possível. Estávamos fazendo tudo certo". Aí, com o gol do Valdívia, veio aquela descarga. Puxa, que difícil é para a gente. Fizemos tudo certo e foi daquele jeito amarrado. Mas tudo faz parte do crescimento.

Como se explica ser goleado por 5 a 0 pela Chapecoense e, dias depois, bater o Fluminense com um jogo consistente?

É muito estranho. Não dá para explicar como ser tão deficiente em uma partida, com um time sem a história do Fluminense, e depois vencer o Fluminense. O futebol mostra que se você não consegue se mobilizar, e a cabeça é o centro de tudo, na sequência dos jogos do Brasileirão não consegue retomar mesmo. Não é um liga-desliga. É por isso que o Brasileiro é esse perde e ganha. Passado o jogo contra o Fluminense ainda tinha gente aqui com olheiras. Eu parecia que estava drogado, de tão cansado e tenso depois da pressão daquele jogo contra o Fluminense.

Você acha que a imprensa gaúcha cobra mais do Inter que do Grêmio?

Acho. Por quê? Não sei. Não posso falar que a imprensa é mais gremista do que colorada. Não sei. Para nós, parece ser mais difícil. Para o Inter, parece mais difícil de convencer. É a minha visão. Não é que nem ligue ou que isso tire o sono, mas você vai aprendendo a lidar com isso. O Inter vive um momento muito melhor que o Grêmio, há anos. Acho que o Edinho pode dizer até melhor sobre quem é mais cobrado, pois viveu os dois lados.

Se o Inter não conseguir ser campeão, terá sido por causa das derrotas para o Cruzeiro ou por jogos contra Figueirense, Chapecoense...?

Junta tudo. Botafogo (empate), Coritiba (empate), Atlético-MG (derrota), Figueirense (derrota de virada)... Lamento muito por estes jogos. Poderíamos ter empatado com o Cruzeiro no Mineirão, mas resultados diferentes nestas outras partidas já nos deixariam com mais de sete pontos na tabela. Os empates com Criciúma e Sport não vou lamentar, pois não merecemos vencer.

Como será enfrentar o Corinthians? No primeiro turno, o Inter foi derrotado por 2 a 1.

Tomara que o torcedor venha em peso. O Corinthians é um time chato, que marca bem e que gosta desse tipo de jogo. Vamos sofrer, para vencer será apertado, 1 a 0, 2 a 1... Perdemos lá, temos que compensar aqui.


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