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Onda vermelha

Medeiros e a busca pela presidência do Inter: "Esse conceito de que foi tudo ruim é equivocado"

Sem a nominata completa de sua chapa, candidato conversa com movimentos em busca de alianças

29/10/2014 - 16h02min

Atualizada em: 29/10/2014 - 16h02min


Alexandre Ernst
Alexandre Ernst
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Mauro Vieira / Agencia RBS

No escritório de Marcelo Medeiros, há diversos porta-retratos para destacar os dois anos em que esteve à frente do departamento de futebol. O dirigente aparece ao lado de Fernando Carvalho, Abel Braga, D'Alessandro... do gringo, inclusive, um quadro em que o camisa 10 aparece de braços abertos, torcida do Grêmio, ao fundo, único ponto vermelho em um cenário completamente azul - que remete, claramente, ao Gre-Nal vencido no primeiro turno do Brasileirão - é sua relíquia de maior orgulho.

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Desde a noite de terça-feira, Medeiros busca, oficialmente, aumentar o número de fotografias e lembranças no Inter. Quer deixar a vice-presidência de Futebol para assumir o cargo máximo do clube: a presidência. Nesta entrevista a Zero Hora, o neto de Afonso Paulo Feijó, filho de Gilberto Medeiros e sobrinho de Marcelo Feijó, todos ex-presidentes do clube, fala sobre suas ideias para conquistar seu lugar no segundo turno da eleição do Inter, dia 13 de dezembro.

Antes, pretende utilizar os dois dias que faltam para compor a nominata de sua chapa que concorre ao primeiro turno, dia 11 de novembro, no Conselho Deliberativo do Inter. Apenas Roberto Melo está garantido como vice-presidente de Futebol caso seja eleito. Max Carlomagno e Diana Oliveira, integrantes da gestão e do Coração Colorado - apoiador de Roberto Siegmann -, foram procurados. Outros nomes de outros movimentos foram consultados. Medeiros espera a resposta até sexta-feira, quando, até as 14h, tem de inscrever sua chapa.

- As portas da gestão estão abertas. Gostaríamos de contar com pessoas dos mais variados tipos - explica o candidato.

Você é o candidato da situação, traz as boas e as más façanhas para o pleito, bem como qualquer tipo de rejeição ao atual presidente. Isso te preocupa?

Marcelo Medeiros - Estou associado como o vice do Giovanni (Luigi, presidente do Inter). Esse conceito (de rejeição) que o presidente tem é injusto, mas faz parte de conviver com opinião. O presidente Giovanni está dando seguimento, a contribuição dele, em um processo que iniciou lá atrás, com Fernando Carvalho, quando o Movimento Inter Grande chegou ao cargo máximo do clube. Depois que o Inter atingiu esse patamar internacional, com títulos que não tinha, nós dimensionamos o tamanho do Inter que a gente quer. O torcedor quer o Inter disputando torneios de grandeza internacional, nacional. Mas não podemos esquecer das coisas pertinentes à nossa aldeia. Tivemos quatro anos em sequencia de campeonatos regionais. Passar por quatro anos do desafio que ele teve, porque quando assumiu já tinha arquibancada demolida, a social já estava demolida, o processo começou antes de o Luigi assumir, não é pouco. Passamos quatro anos ou com o Beira-Rio em obra, ou em reforma, ou sem o estádio, e hoje ele entrega para a comunidade colorada um estádio que, na minha modesta opinião, é o ponto turístico mais bonito do Estado. Teve muita gente boa que participou deste processo: Max (Carlomagno), Diana (Oliveira), (Humberto) Busnello, Aod Cunha, (Luis) Anápio (Gomes), estratégico neste processo todo. Isso orgulha. Para o torcedor, é suficiente? Não, não é. Ganhamos quatro regionais, Recopa, estivemos na Libertadores, jogamos 69 partidas em 2013 longe de Porto Alegre, e eu sei o cansaço que isso representava. Foi um ano de reconstrução. Agora, voltamos à nossa casa. O Inter hoje está no G-4, tem uma caminhada decisiva, que nos permite acreditar em muitas coisas. Esse conceito de que foi tudo ruim é, ao meu ver, equivocado. Luigi vai ser lembrado como um dos principais presidente de nossa história.

Se percebe, nos bastidores, um momento de desunião no Inter. Você enxerga dessa forma? Vai buscar a reunião do clube?

Marcelo Medeiros - Eu enxergo diferente. Não começamos a campanha porque ainda não estão definidos todos os protagonistas do pleito. Temos o doutor Roberto Siegmann, com toda a legitimidade, nunca escondeu que gostaria de ser presidente do clube, e eu. O cenário não está totalmente definido. O que eu acho é que em uma democracia, a principal lição não é respeitar a maioria, é saber conviver com a opinião contrária, viver civilizadamente. Quando se fala em união, bom, melhor. É muito mais importante a pacificação e civilidade nos assuntos políticos do clube do que a união. Eu tenho de viver com o contraditório. É importante para a instituição que tenha contraditório, fiscalização, que tudo seja cobrado com ideias, civilidade. Não preciso agredir uma pessoa, levantar questões contra a idoneidade dela... isso é perverso. Quando tu atacas a idoneidade de uma pessoa e não prova, no mundo do futebol, isso cria no imaginário do torcedor uma conspiração que não existe.

Te espanta que os três candidatos possíveis ao pleito venham do mesmo movimento?

Marcelo Medeiros - Eu vou inserir mais um nome: o Luciano Davi, que também saiu do MIG e está fazendo um movimento (o InoveInter), para ir para o Conselho Deliberativo. Ele foi um protagonista e importante para o MIG, desempenhou várias funções na gestão e colocaria esse nome, também, para esse debate que tu estás propondo. Eu acho isso é bom. O Inter Grande tem de fazer uma reflexão. Estar no poder, para alguns, pode causar acomodação. O movimento sempre girou em torno do Fernando Carvalho. Temos de renovar. Da mesma maneira que tu tens de subir a base, tem de promover pessoas nos movimentos. Gestores. O clube tem de evoluir.

O outro candidato, Roberto Siegmann, declarou que prefere um técnico que tenha força no vestiário e descartou Abel Braga se for eleito.

Marcelo Medeiros - Não sei se o Roberto conhece o Abel para fazer esse tipo de afirmação. Não vou repercutir isso. Mas o que seria comandar com voz? Eu vejo que comando você não impõe, você conquista. Na minha atividade profissional tenho uma equipe de mais de 80 pessoas e não preciso sair gritando para conquistar o respeito das pessoas. O Roberto, também, não acredito que lide com as coisas assim. Eu posso sonhar com um técnico, imaginar um técnico e esse técnico não estar disponível no mercado. Isso gera uma expectativa no torcedor e temos de ter responsabilidade, ainda mais estando na gestão. Estamos no Brasileirão, no G-4, temos possibilidades reais no campeonato e essa comissão técnica tem nossa confiança. Meu respeito é pelo torcedor e tenho ética profissional para valorizar aqueles que estão no departamento de futebol. Por isso é mais difícil para quem está na gestão falar em nomes, perfil... esse discurso vem em um possível segundo turno, pois daí tornamos públicos alguns projetos. Hoje, o principal projeto do Inter é o Campeonato Brasileiro.

Como fazer para a política não interferir ou atrapalhar os resultados do campo?

Marcelo Medeiros - Tem dois lugares que as pessoas me veem pouco: meu escritório e minha casa. A rotina do futebol continua a mesma: treino, reunião, encontros com o departamento de futebol. O profissional, jogador, técnico, vive isso. Sabe que existem disputas políticas, conseguem se manter longe de tudo isso. O que eu vou fazer? Trabalhar mais. Me dedicar a dois focos. A eleição, em um primeiro momento, tem a questão mais direta, conversar com as pessoas, os conselheiros, fazer contatos, ligações, para que eles entendam as propostas que tenho em mente. Depois disso, se eu tiver o privilégio e a honra de ir ao segundo turno, falaremos ao associado, ao torcedor. Eu fico um pouco limitado pela responsabilidade do departamento de futebol, mas faz parte.

Pela representatividade do MIG no Conselho, você se considera um favorito para o segundo turno?

Marcelo Medeiros - Eu acho que todos são grandes nomes para a presidência do clube. Não sei se sou favorito, mas tenho consciência que fizemos um bom trabalho e que tenho chances de ir ao segundo turno. Vou trabalhar para isso, com certeza.

E os nomes da chapa?

Marcelo Medeiros - As portas estão abertas. Gostaríamos de contar com pessoas dos mais variados tipos. Temos o G-5 (DNA Colorado, Alma Colorada, Colorado Eu Sou, Inter Maior e Inter Sempre) que nos apoia. No Convergência (Colorada, que tende a apoiar Vitorio Piffero) tem gente qualificada, tenho relação de amizade e respeito muito grande. Acabei de citar o Busnello, mas tem o Sandro Farias, João Patrício... Eles (o Convergência) têm toda a legitimidade para tomar decisão que quiserem. Ainda estamos aguardando algumas reuniões para definir os nomes. O importante é que teremos pessoas com dedicação, representatividade, conhecimento do clube e dispostas a trabalhar.


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