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Na corrida presidencial

Roberto Siegmann e a eleição do Inter: "Sou uma alternativa de efetiva mudança"

Candidato pelo Movimento Coração Colorado lançou nome ao pleito de novembro em restaurante próximo ao Beira-Rio

28/10/2014 - 07h02min

Atualizada em: 28/10/2014 - 07h02min


Alexandre Ernst
Alexandre Ernst
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Diego Vara / Agencia RBS

Roberto Siegmann cumprimenta os conselheiros e convidados do Movimento Coração Colorado em meio à uma resposta e outra para a reportagem de Zero Hora. Havia chegado a um restaurante próximo ao Beira-Rio minutos antes para, oficialmente, lançar-se candidato à presidência do Inter.

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Vai ao pleito como uma figura expressiva no Inter por ter estado na linha de frente nos anos vencedores do clube - foi, por exemplo, vice de futebol na primeira gestão de Luigi. Siegmann garante que tem as 30 assinaturas mínimas necessárias para ir ao pleito em primeiro turno, no Conselho Deliberativo, dia 11 de novembro.

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Com o apoio das 19 cadeiras do Movimento Coração Colorado, bem como conselheiros independentes e parte dissidente do próprio Inter Grande, a situação majoritária do Inter, Siegmann fala a ZH, em pouco mais de 15 minutos, sobre o que pensa em relação à cadeira que vai disputar.

Descarta renovar com Abel Braga caso seja eleito, elogia o ex-técnico Muricy Ramalho e assegura que até quinta-feira sua nominata estará completa, com os vice-presidentes obrigatórios por estatuto e o homem forte do futebol. As conversas com apoiadores seguirão nas próximas 48 horas, mas, destacando que tem "conteúdo e não moeda de troca", foi enfático sobre sua equipe de trabalho:

- Não participaria de um processo se não tivesse condução. A minha palavra tem de ter um peso e não ser meramente simbólica.

O senhor enxerga como significativo o fato de ser o primeiro a lançar candidatura oficial?
Roberto Siegmann:
A primeira coisa é que eu não sou uma pessoa com a característica de esconder os meus propósitos com o intento de estabelecer uma estratégia. Eu sempre fui muito claro, muito transparente, muito sincero... os sócios do Inter sabem disso. Sempre fui muito verdadeiro, se não fui, esta é minha vontade e tento trilhar meu caminho por isso. Não nego o meu desejo de presidir o Inter, mas sozinho não basta. A partir do momento em que o Coração Colorado e outros conselheiros independentes estabeleceram uma conversa e me deram condições mínimas para esta candidatura, eu assumi este evento de hoje (segunda-feira), que nada mais é que estender a mão aos conselheiros e tentar inscrever na sexta-feira a chapa e disputar a eleição.

Muitos falam de seu nome como a chamada terceira via, não pejorativamente, mas uma opção nova.
Roberto Siegmann:
Nós temos uma eleição em dois momentos. O primeiro no Conselho. A segunda não me preocupa em nada, pois tenho certeza da interlocução que tenho com a torcida do Inter, com o sócio do Inter, e isso percebo no dia a dia, nas redes sociais. Para o primeiro momento, no Conselho, estamos apresentando a eles (conselheiros) uma alternativa de efetiva mudança. Tivemos mais de 10 anos de um projeto que governou o Inter, um projeto vencedor, muito eficiente, construído coletivamente. Eu estava lá, sou um dos fundadores do Movimento Inter Grande (MIG). Nós estávamos lá, todos, construindo esse momento, sendo responsável por este momento. Fui diretor de futebol na conquista da Libertadores (2010). Acertamos quando ganhamos o Mundial, talvez tenhamos errado quando perdemos, mas faz parte do futebol. Precisamos apontar caminhos para a gestão do clube, ela, como está, se exauriu. Hoje, temos um movimento que aparentemente tem a hegemonia do processo, mas temos três nomes, Medeiros, Piffero e eu, dois sendo possíveis candidatos ainda, e o patrono do movimento, Fernando Carvalho, que não sabe se apoia o Medeiros e o Vitorio. Não é uma dissidência minha que está levando a este momento. É um grande desacerto ao longo dos anos, o que é normal. Até no casamento isso ocorre. O importante é não faltar coragem para reconhecer que isso existe e os outros terem a oportunidade de apresentar projetos, ideias.

A gestão do Inter Grande está defasada?
Roberto Siegmann:
Temos de fazer uma reforma significativa no departamento de futebol. Por mais boa vontade que o dirigente tenha, ele bate em uma barreira estrutural em um determinado momento e não consegue mais andar para a frente. O que é essa barreira? Organização, gestão, profissionalização... mudanças de paradigmas que parecem que se estabeleceram lá (no departamento de futebol) como se verdades fossem... Esse é meu desejo, mudar. Quero ética e transparência, profissionalização efetiva, que não descuide da caracterização do Inter como clube de futebol. Quero abertura de novos quadros sociais para que o Inter abandone esse rumo de elitização que vive hoje e retome sua origem de clube do povo.Temos de resgatar isso abrindo novas classificações e categorias de sócios.

Quando surgiu a possibilidade de sua candidatura, muitos o criticaram por defender uma setorização diferente, com números até mais expressivos no que diz respeito a preço de ingresso, por exemplo. O senhor reviu isso?
Roberto Siegmann:
É necessário estabelecer aqui o afastamento da falsa premissa. Eu não participei de forma alguma, nem direta ou indireta, do processo de setorização do Beira-Rio. Eu, desde que fui afastado e me afastei do departamento de futebol, passei a ser apenas conselheiro do Inter, em uma participação muito reduzida. Inclusive, repensei muito minha participação no Inter. Então, não participei de nada da setorização. Há muita discussão a respeito da setorização. Quando há discussão, deve-se repensar o processo ou reformar o que existe. Isso só é possível não apenas pela vontade da presidência ou de um grupo, mas a partir de uma base confiável e diretamente interessada. Qual é essa base? O quadro social do Inter. Eu farei uma pesquisa aprofundada sobre o tema e a setorização será repensada ao momento que vivemos e à experiência que temos no Beira-Rio. Se há polêmica é porque ela (a setorização) não foi compreendida.

E a relação Inter x Andrade Gutierrez?
Roberto Siegmann:
Eu fui um dos que atuei com muita intensidade na oposição ao modelo de construção e reforça do Beira-Rio com recursos próprios. Hoje, com certeza, não teríamos um Beira-Rio. Teríamos um Quebra-Rio, um estádio em construção. O orçamento apresentado foi falso, de R$ 150 milhões, e terminamos uma obra de quase R$ 500 milhões, muito acima do valor orçado. Mas agora foi feito, está erguido, está maravilhoso. A questão está não apenas no contrato. É a gestão do contrato. A AG é uma grande empreitera, não apenas aqui no Estado, mas no Brasil. Temos um contrato de 80 folhas, cheio de minúcias. É muito mais importante que o contrato é a gestão deste contrato. O que é isso? A administração diária e eventuais renegociações que se têm de fazer.

Seu temperamento explosivo é visto como um problema, mas também como uma virtude. O que o senhor acha disso?
Roberto Siegmann:
Isso é uma falácia, um estigma que colocaram em mim com algum objetivo. Eu tenho 23 anos de magistratura, 13 anos de advocacia e colhi nestas duas carreiras as maiores homenagens que se podem conquistar. Tive reconhecimentos tanto do TST, TRT, na própria advocacia... ninguém consegue todo esse reconhecimento sendo irracional, truculento, explosivo. Isso só é possível com parcimônia. Agora, eu sou uma pessoa que tem opinião, sou convicto das minhas opiniões... posso estar errado, mas defendo minhas opiniões e, fundamentalmente, defendo o Inter. O futebol é paixão. Quando se é presidente de um clube, se tem de ter freios e eu tenho isso. O que alguns dizem que precisa dar uma sacudida, eu também acho. Tem muita coisa que se tem de reagir, a reação por mais discutível que seja, gera movimento, tira da inércia.

Qual seu perfil de treinador?
Roberto Siegmann:
O Abel não seria. Não gostaria de falar em nomes, mas falo em perfil. O Abel de hoje não é o mesmo de 10 anos atrás. Eu prefiro um técnico que tenha força no vestiário e não com interlocuções com jogadores, trabalhar com grupo menor para atingir grupo maior. Prefiro um técnico que tenha maior incidência no vestiário, que tenha força no vestiário do Inter. Que não venha a ter interlocuções com jogadores ou grupos para ganhar a maioria, prefiro treinador mais claro, que por sua inserção tenha preponderância no grupo. Muricy Ramalho é um exemplo que penso que tem um trabalho neste sentido, o próprio Falcão, mas eu chamaria atenção pela personalidade forte. Toda vez que tivemos isso no vestiário o time foi bem. Com Jorge Fossati, o Celso Roth, Paulo Roberto Falcão essa característica sempre esteve presente. Alguns não tiveram a oportunidade e o tempo que Abel está tendo. A maior injustiça que cometeram com Falcão foi isso: tempo, não se deu tempo ao treinador. A contratação desafiou a vontade de alguns - ou melhor, de algum - e a contrariedade, na primeira oportunidade, veio à tona. Foi difícil a manutenção deste trabalho e oposição que havia ao trabalho do Falcão.


Foto: Arte ZH


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