Gauchão



Na marca do pênalti

Colunistas opinam: quem chega melhor ao Gre-Nal-404?

Confira as observações de David Coimbra, Wianey Carlet, Luiz Zini Pires e Diogo Olivier

28/02/2015 - 09h01min

Atualizada em: 28/02/2015 - 09h01min


Montagem sobre fotos / Agência RBS

O primeiro Gre-Nal do ano sempre é cercado de dúvidas. Grêmio e Inter ainda estão em formação e nem sempre nas suas melhores fases. No Gauchão, o Colorado é quarto lugar com um jogo a menos. O Tricolor é oitavo, com 10. Para analisar as situações das equipes até aqui, Zero Hora convidou quatro colunistas. Confira as impressões de David Coimbra, Wianey Carlet, Luiz Zini Pires e Diogo Olivier:

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David Coimbra

Inter chega melhor

O Grêmio está a um dia da humilhação. Nesse domingo, o Inter pisará no gramado do Beira-Rio dono de uma superioridade quase nunca vista na história mais que centenária do Gre-Nal. A nova direção gremista achicou o clube de tal forma que, se Luiz Felipe não armar uma retranca furiosa, o time corre o risco de ser surrado vergonhosamente.

Grêmio e Inter já passaram por contenções de despesas e reduções de folha de pagamento. Grêmio e Inter sempre deveram e provavelmente jamais deixarão de dever. Mas Grêmio e Inter não existem para dar lucro. Existem para jogar e vencer. Só.

Reduções de despesas podem ser feitas de forma inteligente. Podem preservar o futebol. Basta que se providencie a reposição, de preferência antes da saída do jogador. O Inter de Fernando Carvalho já ensinou isso. Aliás, o Inter de Fernando Carvalho aprendeu isso com o antigo Grêmio de Fábio Koff.

A atual direção do Grêmio optou pelo pior caminho possível: o caminho do não planejamento. Sai quem quer, e Luiz Felipe que se vire para escalar o time. Se você emagrecer dois quilos e passar na frente da Arena, é capaz de pegar a camisa 9. Pensando bem, não precisa emagrecer os dois quilos. Pegue lá a 9.

Romildo, em campanha, disse que transformaria o Grêmio no maior clube da América. Hoje, o Grêmio tem o pior time da primeira divisão do Brasil.

O Inter pode escalar 11 jogadores reservas no clássico de amanhã que ainda assim será o desbragado favorito. Provavelmente vencerá, seja lá o que acontecer. A Luiz Felipe, abandonado pela própria direção, resta jogar como time pequeno. Porque o time do Grêmio, hoje, é isso mesmo: pequeno. Como a sua direção.

Wianey Carlet

Grêmio chega melhor

Quando abri meus e-mails e me deparei com o pedido do nosso editor, Diego Araujo, para discorrer sobre quem chega melhor para o Gre-Nal, pensei que se tratasse de uma brincadeira. Liguei para o Zini e ele me confirmou que se tratava, sim, de uma tarefa a ser cumprida. Imediatamente uma náusea se estendeu da ponta do pâncreas alojando-se na carótida direita, recentemente desobstruída.

Quem chega melhor? Como saber se a única certeza é que o Gre-Nal será no Beira-Rio e vai começar às 18h30min do domingo? É possível que os dois times vistam seu uniforme tradicional, mas nem isto é certo. Escalações? Esquemas táticos? Estratégias? Nunca tais perguntas estiveram tão distantes de respostas, minimamente aceitáveis. O Inter vai de time misto. Quente ou frio?

O Grêmio vem de três volantes. Não serão quatro? Diego Aguirre emocionou-se com as lágrimas de Jorge Henrique, após a marcação do seu gol. Escalará o jogador que já estava na estação rodoviária para ir embora quando foi chamado por Diego Aguirre? E o Felipão, terá nova surpresa para o clássico deste domingo?

Lamento, mas não tenho resposta para nenhuma destas perguntas e tantas mais que alguém queira fazer. Mesmo assim, vou arriscar. O Grêmio atravessou a semana inteira se preparando para o Gre-Nal enquanto o Inter só passou a pensar no clássico após o jogo contra o Universidad.

Durante a semana inteira o Grêmio ouviu considerações do tipo: o time reserva do Inter é melhor do que o titular do Grêmio. Uma besteira e tanto, mas foi dita. O Inter entra em campo pensando no Emelec. Enfim, o Grêmio tem mais motivos para tentar abalar o Inter e dar um passo na direção da sua afirmação.

Então, Diego, tenho a resposta para a tua pergunta: o Grêmio vai melhor para o Gre-Nal. E se o Inter ganhar, encaminho para você todos os xingamentos que chegarem.

Luiz Zini Pires

Inter chega melhor

Na cabeça dos dirigentes, dia e noite, o Gre-Nal 404 é um incômodo. Na cuca do fã, nunca é. É discussão pura, apaixonada e diária, sadia ou nem tanto. "Grenalizar" é um verbo local, ainda fora das gramáticas.

O Inter tem a Libertadores como prioridade máxima. O Grêmio tenta construir um time. O clássico não poderia nascer em pior hora. Não decide nada, mas pode abrir discussões e questionamentos.

O domingo 1º de março, segundo depois do Carnaval, horas antes do começo do ano de 2015 no Brasil, que se despede das longuíssimas férias de verão, observará um Gre-Nal atípico. Menos pelos times, totalmente indefinidos um dia antes, porém mais, bem mais, pela torcida mista que ocupará um espaço nobre nas cadeiras do Beira-Rio da Copa.

Olhares curiosos do Brasil do futebol acompanharão os torcedores de vermelho ou azul, lado a lado, como um gigantesco Big Brother. A torcida, uma vez só em um século, será mais importante do que os jogadores.

Do comportamento de 3 mil, unidos apesar da rivalidade, dependerá o futuro das torcidas nos dois grandes estádios da Capital. O gaúcho vai provar o seu atual estágio como torcedor, civilizado ou não. É o que importa, pois, no gramado, oito semanas depois da abertura da temporada, a diferença entre Inter e Grêmio está nos nomes e não na bola.

Enquanto o dono da casa informa que seu time é Nilmar e mais 10, o tricolor faz um esforço para garantir a presença de Yuri Mamute. Notou a diferença? Se o Inter tem um grupo de 18 jogadores de onde pode pinçar 11 qualificados, o adversário não vê nem meia dúzia. Eu aposto no Inter.

Diogo Olivier

Inter chega melhor

A verdade é que ninguém chega melhor. Poucas vezes um clássico será realizado com tantas dúvidas oriundas da má produção de ambos. Nenhum dos dois técnicos foi capaz de deixar os 11 eleitos na ponta da língua de seus torcedores. Menos ainda oferecer um padrão tático.

Os titulares do Inter só têm uma vitória na temporada, contra La U, uma equipe em crise existencial no Chile. Os reservas somaram pontos no Gauchão sofrendo uma enormidade.

O Grêmio, então, nem se fala. A posição na tabela diz tudo. Oitavo lugar em sete jogos, ainda assim pelos critérios (o Lajeadense é 9º colocado com o mesmo número de pontos, mas uma vitória a menos), é quase o caos.

Pior, só perder o Gre-Nal e sair da zona de classificação na primeira fase. E se ver, constrangido, na parte de baixo da tabela. Desafio um só gremista a acertar o time que Felipão escalará no clássico. Ele muda tanto a cada jogo que cravar os 11 é acertar na Mega Sena.

Mas a pergunta aí está: quem chega melhor? Perco o emprego se não respondê-la. Então, lá vai: Inter. Só tem o seguinte: é mais por demérito do Grêmio do que por louvores seus. Suspeito até que o verbo chegar, aqui, é força de expressão. Como está, o Inter não chegará a lugar algum. Talvez nem no charmoso Gauchão.

Vou além: se o Grêmio se fechar com muitos volantes e jogar por uma bola, como Felipão fez no ano passado quando o time parecia um amontoado desgovernado, não é de espantar até que chegue antes do Inter no Gre-Nal. É grande a chance de o único aspecto interessante do clássico ser a torcida mista. E o vencedor, se houver, que não se engane com o resultado. O caminho para ambos é longo.


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