Braulio Barbosa Lima, o Garoto de Ouro, foi meia do Inter entre as décadas de 60 e 70. Um fenômeno. Grande jogador. Ouvi atentamente uma entrevista que ele deu ao Rafael Colling numa madrugada esportiva da Rádio Gaúcha.

Fiquei pensando em como as coisas estão diferentes. Não sei se melhor ou pior, mas certamente diferentes.

Contou o Bráulio que era menino e fazia malabarismos com a bola nos campinhos da Rua Barão do Amazonas, no Bairro Petrópolis, em Porto Alegre. Um dia, contra a vontade de sua mãe, foi levado por um amigo ao campo do Nacional, onde treinavam as categorias de base do Inter.

O técnico era Daltro Menezes, que o colocou em campo nos últimos 15 minutos de treino do infanto-juvenil, apenas porque o titular se machucou. O guri entrou e fez o que sabia: janelinha, balãozinho, dribles e outras firulas.

Jogador espetacular

Terminado o treino, diretores do Inter procuraram o Bráulio e deram uma carona num fusca azul até sua casa, já pensando em como convenceriam sua mãe a trocar o puxão de orelhas no menino por um contrato com o Inter. Conseguiram.

E Bráulio jogou no clube por 10 anos. Foi subindo de categoria até chegar aos profissionais, de onde só saiu porque, involuntariamente, tornou-se pivô de uma discussão filosófica sobre o que era mais eficaz no futebol: a força ou a técnica. Era a época poética dos Mandarins.

O Inter contava com as cabeças privilegiadas de dirigentes como Ibsen Pinheiro, Cláudio Cabral, Paulo Portanova e Ivo Correa Pires, entre outros. Venceu a tese mista: força e talento, e foi esta a gênese do time bicampeão brasileiro de 75/76.

Resumo aqui uma linda entrevista de um jogador espetacular, que dedicou uma vida ao Inter. Se, por um lado, a Lei Pelé trouxe a profissionalização e a dignidade ao ofício de jogador de futebol, certamente, acabou com esta história de um guri jogar por mais de dez anos no seu time do coração.

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