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Opinião

Leonardo Oliveira: um brasileiro de poucos sorrisos comanda o Tigres

14/07/2015 - 07h11min

Atualizada em: 14/07/2015 - 07h11min


Leonardo Oliveira
Leonardo Oliveira
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Ricardo Duarte / Agencia RBS
Tuca Ferretti está há 38 anos no futebol mexicano e faz a quinta temporada pelo Tigres

O bigodão espesso de Ricardo Ferretti, o Tuca, só reforça seu aspecto mexicano. Como todos sabem, inspirados em Pancho Villa e Emiliano Zapata, os líderes da revolução, os mexicanos  cultivam bigodões. E Tuca é quase um deles. Aos 62 anos, os últimos 38 vividos em terras aztecas, o técnico do Tigres já virou personagem. Principalmente pelo temperamento forte como as pimentas nos burritos e nos tacos. 

Tuca comanda o Tigres há cinco temporadas com mão de ferro. Os sorrisos são escassos, e a paciência, curta. A fama é de um técnico disciplinador e de pouca conversa. À imprensa, atende apenas às segundas-feiras que sucedem derrotas ou empates do seu time. Se o domingo foi de vitória, passa longe da sala de conferências.

Os setoristas de Tigres já o conhecem de longa data. Sabem que perguntas sobre questões táticas são rechaçadas com respostas atravessadas.
O Tigres parece ser o porto seguro do técnico. Esta é sua terceira passagem pelo clube. Ganhou o Apertura de 2011 e sempre levou o time aos mata-matas. Seu temperamento forte e as decisões pouco populares, porém, causam alguns espinhos com a torcida.

Sua predileção por jogadores mais rodados, por exemplo, é ponto de atrito. Os torcedores pedem no time o meia Espiricueta, 21 anos, campeão mundial sub-17 com o México. Não levam. Também reclamam quando algum reserva entra no time, desempenha bem e volta ao banco. Tuca nem ouve. Adota como princípio respeitar as hierarquias do grupo.  

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Seu temperamento também se manifesta em temas fora do clube. É crítico feroz da seleção mexicana. Defende amistosos com seleções de maior poderio e critica amistosos caça-níqueis nos EUA contra adversários menores. Também bate de frente com a comissão de arbitragem quando se sente prejudicado. Isso teria restringido muito seu mercado no futebol azteca. 
- Nunca vai assumir a seleção, já disse isso. Tem um temperamento e um caráter muito forte - diz o repórter Juan Jiménez, setorista de Tigres no jornal El Norte, de Monterrey.

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Mesmo com algumas trombadas, o México que Tuca adotou como sua casa o respeita. Ele desembarcou em 1977, para jogar no Atlas, de Guadalajara. Formado no Botafogo e criado no Méier, onde o pai tinha marmoraria, era de família de jogadores. O irmão mais velho, Ferretti, foi centroavante. O mais novo, Bruno, também. Todos lapidados nas categorias de base de General Severiano. Sem muito espaço no Botafogo, rodou por Vasco e Bonsucesso antes de se aventurar no México.
- Lembro dele, era uma categoria abaixo da minha. Quando fui jogar no Tecos, o Tuca estava no Atlas e nos reencontramos em Guadalajara. O time dele caiu e, como não podia estrangeiros na segunda divisão, foi para a Cidade do México. Comprei uns móveis dele, para ajudá-lo - conta o ex-centroavante Nílson Dias, outra cria do Botafogo. 

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Tuca rodou por Pumas, Neza, Rayados, Toluca e voltou aos Pumas. Era 1980. Tinha se aposentado e topou ser auxiliar do técnico Miguel Mejía. Mas no avião para a pré-temporada, Mejía o avisou de que ele seria volante. Tuca não teve como recuar. Se despediu do futebol seis meses depois. Com o gol do título sobre o América, que virou até documentário no México.

Como técnico, deu ao Chivas, o Flamengo do México, o título de 1997 numa década cinza do clube. É reconhecido por montar times na defesa e de vitórias econômicas. Mais ou menos com a sua personalidade.

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