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O começo

Inter estreia na Copa do Brasil atrás do título, da vaga à Libertadores e de R$ 50 mi 

Em Cascavel, diante do time misto do Boavista, equipe de Odair Hellmann começa a disputa da competição mais atraente do calendário brasileiro

31/01/2018 - 10h54min


Leandro Behs
Leandro Behs
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Félix Zucco / Agencia RBS

O último dia de janeiro trará consigo a estreia do Inter na Copa do Brasil. Assim como no ano passado, o jogo número 1 será em Cascavel. Muda o adversário, apenas. Sai o desconhecido Princesa do Solimões, do Amazonas, entra o carioca Boavista. Para avançar à segunda fase, o Inter pode empatar a partida. O Boavista, que poupará alguns titulares visando ao Carioca, é obrigado a vencer para se classificar. O jogo está marcado para as 19h30min, no Estádio Olímpico Regional, com transmissão ao vivo pelo Sportv 2. 

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Será a 24ª participação do Inter no torneio. E, dessa vez, o título vale uma premiação de R$ 50 milhões. O Inter somente começará a disputar o torneio desde a primeira etapa por sua própria culpa. Se tivesse saído campeão da Série B, ingressaria com o bloco de elite nas oitava da Copa do Brasil. O retrospecto recente em nada indica o clube como um favorito ao bicampeonato. 

Campeão no século passado, na edição de 1992, a última grande presença do clube no torneio remonta à 2009, com o time de Tite perdendo o título no primeiro jogo das finais, no Pacaembu, sem Bolívar, D'Alessandro e Nilmar — impedidos de atuar, os dois primeiros por suspensões, o último convocado pela Seleção Brasileira —, por 2 a 0 para o Corinthians de Ronaldo Nazário. Curiosamente, Leandrão, hoje no Boavista, foi escalado naquela partida. 

De lá para cá, oito temporadas se passaram, o Inter esteve ausente das competições de 2010, de 2011 e de 2012 porque estava envolvido na Libertadores — naquele tempo, quem jogava a competição continental não podia disputar a Copa do Brasil. Mas de 2013 a 2017, o Inter esteve em todas as Copas do Brasil. E foi eliminado em todas elas, com algumas campanhas pífias. Nestas cinco edições mais recentes, o Palmeiras alijou o Inter do torneio em duas oportunidades. Os Atléticos, paranaense e mineiros, mais o Ceará foram os outros algozes colorados. 

— A Copa do Brasil é uma competição de difícil prognóstico. Com R$ 50 milhões de prêmio e vaga à Libertadores, ela já superou o Brasileirão em interesse dos clubes. E a Copa do Brasil tende a consolidar aqueles que investem mais. Lamentavelmente, o Inter saiu dessa elite - afirma Marcelo Barreto, comentarista dos canais Sportv. 

— Tem muita gente na frente do Inter como favorito ao título: Flamengo, Palmeiras, Grêmio, Corinthians, Cruzeiro... O Inter está embolado com Fluminense, Vasco e Botafogo, clubes em situação financeira mais difícil, e que não podem se apontados como favoritos. É um cenário inóspito para o Inter. Se o time encaixar, pode surpreende. Mas não vejo com otimismo essa retomada — acrescenta ele. 

Desde 1992, o torneio mudou muito. Grêmio e Cruzeiro monopolizaram a Copa do Brasil, com cinco títulos cada, e a  premiação ao campeão de 2018, por exemplo, virou algo astronômico para os padrões nacionais. Caso saia vencedor, o Inter receberá, além da vaga à Libertadores - competição da qual não participa desde 2015 -, R$ 50 milhões. Ou seja: caso conquiste o bicampeonato, o Inter conseguirá pagar quase meio ano de salários a seus jogadores, somente com o bicho oferecido pelos patrocinadores da CBF.

— Odair, Maurício Dulac e Caíco têm um futuro enorme pela frente. Gosto dos métodos de trabalho deles e da forma como se relacionam com os jogadores. Para ganhar a Copa do Brasil, é preciso que o time chegue bem nos momentos corretos do torneio, que o coletivo esteja forte. Por vezes, no calendário brasileiro, é preciso optar por uma competição — comentou o auxiliar técnico de Tite no Inter de 2008 e 2009, Cléber Xavier. 

— Em 2008, optamos por conquistar a Copa Sul-Americana com o Inter. Já no ano seguinte, chegamos bem e com um time forte à final da Copa do Brasil, mas jogamos desfalcados a ida, diante de um time também muito forte, e não conseguimos reverter em casa. Agora, a Copa do Brasil foi estendida, avançando, talvez seja o caso de pensar jogo a jogo, decidir em que competição investir, devido ao desgaste dos atletas, uma decisão que ocorrer jogo a jogo. Torço para que o Inter vá bem — completou o o braço direito de Tite na Seleção Brasileira.  

Caso supere o Boavista, o Inter terá pela frente o vencedor de Remo e Atlético-ES. Mais adiante, o chaveamento poderá colocar o Inter diante de um de seus adversários do ano passado: Criciúma ou ABC. Mais adiante, nas oitavas, a equipe de Odair Hellmann vai encarar uma turma bem mais pesada: os clubes que estão na Libertadores. Se o Inter tiver avançado até lá, um sorteio determinará o adversário seguinte, que sairá de Grêmio, Cruzeiro, Corinthians, Flamengo, Palmeiras, Santos, Vasco e Chapecoense. Além deles, Bahia (campeão da Copa do Nordeste), Luverdense (campeão da Copa Verde) e o América-MG (que tirou do Inter a Série B). O afunilamento do torneio, porém, pode impossibilitar o surgimento de zebras, como foram Juventude, Santo André e Paulista, anos atrás. 

— A Copa do Brasil já começa perigosíssima - entende uma das "zebras" da Copa do Brasil, o ex-zagueiro Antônio Picoli, campeão com o Juventude em 99, diante de um Botafogo de Bebeto e com o Maracanã lotado. - O Inter vai levar muito a sério a Copa do Brasil, pois não a conquista há um tempo considerável e Odair precisa de de um título importante para a sua carreira. Mas, atualmente, é muito difícil que um time surpreenda e seja campeão. Os clubes que estão na Libertadores, mais estruturados, entrarão com muita força nas oitavas. Dificilmente um deles deixará de ser campeão — aposta Picoli.   

A longa caminhada do Inter rumo ao sonho do bicampeonato da Copa do Brasil, dos milhões de reais, e de uma vaga á Libertadores, está apenas começando. 

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