Paixão Colorada
Marcelo Gonzatto: Inter tem de aprender a ser favorito
Parece que, quanto maior a empolgação da torcida e a superioridade técnica sobre o adversário, os jogadores travam, e a bola fica pesada
Quem é colorado há mais tempo deve ter uma impressão semelhante: quando o Inter tem tudo a seu favor, muitas vezes as coisas saem exatamente ao contrário do que se esperava. Parece que, quanto maior a empolgação da torcida e a superioridade técnica sobre o adversário, os jogadores travam, e a bola fica pesada.
Foi assim quando, apesar do escândalo promovido pela CBF em 2005, na última partida do Brasileirão, poderíamos ter vencido o Coritiba (enfiado na zona de rebaixamento) e perdemos. No Mundial de 2010, quando só o mais secador dos tricolores poderia imaginar uma derrota diante do time africano, foi igual. Em inúmeras outras oportunidades, quando todo o cenário era favorável e o Inter dependia apenas de si, alguma coisa misteriosa pareceu afetar o desempenho dos gigantes da Beira-Rio.
Não acredito que seja soberba crônica ou alguma outra forma de desmerecimento do adversário. Como também não creio em bruxas, o problema pode ter duas origens: uma técnica e outra psicológica. Pode faltar, algumas vezes, um tanto a mais de imposição tática e técnica para fazer frente a adversários menos qualificados, mas muito aguerridos e com muita força física. Psicologicamente, pode ser que a equipe entre em campo preocupada demais em confirmar esse favoritismo e acabe provocando um efeito contrário.
Sem medo de ganhar
Contra um Alianza Lima em crise e a classificação às oitavas da Libertadores assegurada, o Colorado volta ao personagem de franco favorito. Por isso, precisa aceitar essa condição e se impor diante dos peruanos não somente na técnica, mas na determinação: jogar com equilíbrio, mas empurrando o adversário para seu próprio campo. Sem medo de ganhar.