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Paixão Colorada

Lelê Bortholacci: retorno absurdo e vergonhoso do futebol no Rio

O Maracanã não merecia isso na semana em que completa 70 anos

18/06/2020 - 07h00min


Marcelo Santos / Governo do Rio
Ao acessarem o estádio, os jogadores não verão torcedores fardados

Que o Brasil se preparou muito mal para enfrentar a pandemia de coronavírus, mesmo com todos os exemplos positivos pelo mundo que poderiam ser copiados, creio que ninguém mais tenha dúvida. Mas o capítulo desta história que vamos viver nesta quinta-feira (18) mostra perfeitamente o caos da nossa sociedade.

Às vésperas de chegarmos ao assustador número de 50 mil mortos e sem nenhuma evidência de que o pico da doença foi atingido, a bola vai voltar a rolar no Rio de Janeiro, justamente um dos principais focos de propagação da covid-19. 

Numa decisão irresponsável e longe de ser consensual entre os próprios clubes que disputam o campeonato, Flamengo e Bangu entrarão em campo às 21h num Maracanã sem público. Ao mesmo tempo, os jornais noturnos estarão noticiando os números de mais um dia de muitos mortos, vítimas de uma doença que ainda não tem cura e que está fora de controle no Brasil.

Ao acessarem o estádio, os jogadores não verão torcedores fardados. Os únicos uniformes que estarão à vista serão os dos médicos que trabalham no hospital de campanha montado no próprio complexo do Maracanã. Sim, você leu certo: haverá jogo num estádio em que, hoje, funciona um hospital de campanha. Seria inacreditável. Mas é a mais pura realidade do que estamos vivendo. É nojento. É desesperador. É vergonhoso.

Nenhuma justificativa

E nem a justificativa de que o jogo poderia ser um “alento à população” para se distrair um pouco numa época de tantas notícias ruins é válida, pois não haverá transmissão de TV. Uma melancólica, absurda e precipitada volta do futebol, em meio à maior pandemia dos últimos 100 anos. O Maracanã não merecia isso na semana em que completa 70 anos.


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