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Com samba

Permanência da Banda Saldanha em meio às estruturas temporárias do Beira-Rio desagrada à Fifa

Agremiação ocupará espaço que seria destinado a um estacionamento para parceiros da Fifa

17/04/2014 - 06h07min

Atualizada em: 17/04/2014 - 06h07min


Adriano de Carvalho
Adriano de Carvalho
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Durante a Copa, quadra da Banda Saldanha ocupará terreno que daria lugar a estacionamento previsto pelo COL para as estruturas temporárias do Beira-Rio

A demora na realização de uma licitação pela prefeitura fará com que parte da área que receberá as estruturas temporárias do Beira-Rio para a Copa seja ocupada por uma banda de samba. A sede da Saldanha, localizada na Av. Padre Cacique, em quadra vizinha ao estádio, seria demolida em março. Mas ficará de pé durante o Mundial - o que não agrada ao Comitê Organizador Local (COL). E nem à Fifa.

- Por nós, teria de tirar todo mundo. É algo que estava no contrato, como aquela lancheria, o Mek Áureo, que sairá dali. Mas a decisão é da prefeitura. O pessoal acha que é jogo de várzea, não de Copa do Mundo - afirma o gerente do escritório do COL em Porto Alegre, o ex-jogador de vôlei Paulo André Jukoski da Silva, o Paulão.

A permanência da Saldanha no terreno, que é da prefeitura, ocorre pelo fato de que o Centro Cultural do Samba, que será erguido próximo ao viaduto Pinheiro Borda e abrigará a nova sede desta e outras agremiações como Imperadores do Samba e Praiana, foi prometido para a Copa, mas as obras ainda não iniciaram. O secretário municipal de Gestão, Urbano Schmitt, confirma que as mudanças só ocorrerão após o Mundial.

- Eles estarão envolvidos neste processo (a Copa), não temos motivos para retirá-los agora. Assim que for feita a nova estrutura, aí mudarão. Não seria correto desmontar a quadra para fazer estacionamentos - diz Schmitt.

O terreno ocupado pela Saldanha daria lugar a um estacionamento para parceiros da Fifa. Com a permanência, a planta elaborada pelo COL para a instalação das estruturas temporárias no entorno do Beira-Rio será alterada. Pelo enorme fluxo de pessoas no local, alguns acessos e locais de entrada terão de ser adaptados em relação ao projeto inicial.

- Não tenho nada contra a Saldanha. Mas vamos ter prejuízo em estacionamento e reposicionar muitas coisas. Como não vai atrapalhar? Estava programado, como mudam assim? Atrapalhar vai, com certeza - entende Paulão.

A indefinição se arrastava desde outubro de 2013, quando a Saldanha assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) junto ao Ministério Público e a prefeitura para a construção do Centro Cultural. Mas a licitação para as obras ainda não saiu - só deve ser lançada na segunda quinzena de junho. O projeto está recém em fase de planejamento arquitetônico e levantamento de custos. Em uma estimativa otimista, os trabalhos iniciariam em agosto e terminariam em novembro.

- Estamos agindo dentro do possível. É claro que seria melhor ter o Centro Cultural pronto. Mas são muitas negociações ao mesmo tempo. Tu lidas com recursos, intervenções da Andrade Gutierrez, da Caixa, do Ministério do Turismo e Esporte. E temos de compatibilizar tudo junto ao Governo, ao Inter e ao COL. Poderia ser diferente, mas é o que todas as sedes estão vivendo - comenta Marcelo do Canto, procurador geral-adjunto do município.


Polêmica sobre funcionamento

Ainda não se sabe se a Saldanha abrirá suas portas durante a Copa. A quadra já passa por uma pequena reforma, com a colocação de novas lonas e alguns retoques de pintura. A ideia do presidente da banda, Pedro Diogo da Fonseca, é que o local seja visitado por torcedores e turistas, reunindo mais de mil pessoas por dia, como no Mundial de 2010.

- Vamos pedir permissão para funcionar. Seria uma ótima oportunidade para mostrar nosso trabalho. Se vai ter turista, nada melhor que a Banda Saldanha, né? - diz Fonseca.

Quem decidirá a situação é a prefeitura, que vai elaborar um plano operacional para o entorno do Beira-Rio em dias de jogos. Contudo, a Secopa ainda não se manifestou se permitirá o funcionamento da banda.

Para o COL, uma escola de samba funcionando atrapalhará a Copa. A argumentação do comitê é de que o espaço ao redor do Beira-Rio será repleto de restrições para garantir a segurança dos torcedores com ingresso comprado para os cinco jogos do Mundial na Capital.

- Não tem nada que impeça. Mas prefiro que não funcione - diz Paulão Crédito: Arte ZH

Detalhe ZH:

A Saldanha será a única escola de samba a permanecer no espaço previsto para as estruturas temporárias do Beira-Rio durante a Copa. A Praiana se mudará até o final do mês para o terreno onde atualmente está localizada a Banda Itinerante, ao lado da Imperadores do Samba. Ambas as escolas estarão fora do perímetro estabelecido pela Fifa e o COL para o funcionamento do estádio.


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