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Racismo na Arena

"Isso sempre teve", diz torcedor negro que aparece em vídeo na Arena

Filmado junto a torcedores que imitavam macacos no jogo contra o Santos, Eder Braga diz que não participou de atos racistas e afirma: preconceito é comum

30/08/2014 - 16h47min

Atualizada em: 30/08/2014 - 16h47min


Reprodução, ESPN / null
Eder Braga é o quarto torcedor, da esquerda para a direita, que aparece xingando o goleiro Aranha na partida da última quinta-feira

Quando o goleiro do Santos Aranha começou a fazer o que no jargão do futebol se conhece como "cera" - encenação para ganhar tempo - na partida da última quinta-feira contra o Grêmio pela Copa do Brasil, na Arena, o gremista Eder Braga, 31 anos, subiu em um degrau da mureta em frente à torcida Geral e desferiu diversos xingamentos contra ele. Ao seu lado, alguns torcedores mais exaltados começaram a gritar "uh, uh, uh" e imitar macacos.

A atitude racista fez com que Eder parasse de xingar Aranha e se afastasse, segundo contou à Zero Hora. Mesmo assim, suas imagens no meio dos demais gremistas que pulavam como macacos ganhou o Brasil e fizeram com que ele fosse vítima de comentários agressivos nas redes sociais, tendo de excluir seu perfil no Facebook.

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Ele conversou com Zero Hora na tarde deste sábado e disse estar preocupado com a possibilidade de ter de prestar explicações à Polícia Civil sobre atitudes racistas, mesmo sendo negro. Além disso, ressaltou que episódios semelhantes sempre existiram nos jogos do Grêmio. Leia a seguir os principais trechos da conversa.

Você chamou o goleiro Aranha de macaco?
Não. Eu estava ali, atrás do gol (onde o Grêmio atacava no segundo tempo), em uma parte mais vazia. Quando o Aranha caiu para matar tempo, a gente subiu na mureta para xingar ele. Chamamos de "p." e "fdp". Coisa normal de jogo. No outro dia apareceu uma imagem minha como se tivesse chamado o cara de macaco. Não foi nada disso.

Você viu outros torcedores imitando macaco?
Ouvi os sons. Todo mundo estava xingando o juiz, o goleiro, quando veio o coro "uh, uh, uh". Eu fiquei olhando e me afastei. Não tem como negar. Isso não é só da torcida do Grêmio, é da sociedade. É triste. Chamar de macaco é para ofender.

Você conhece esses torcedores?
Não sei quem são os caras.

Você é sócio do Grêmio? Vai prestar depoimento à polícia?
Não sou sócio. Se me chamarem para falar, eu vou, não tenho problema de nada, mas me preocupo com isso.

Pretende continuar indo na Arena?
Sim, mas tem de ser tomada alguma posição. Infelizmente, isso aí sempre teve. Eu até excluí meu perfil no Facebook porque estava rolando muita papagaiada para cima de mim. É irreal achar que eu, negro, chamaria um negro de macaco.

Assista ao vídeo do ato racista:


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