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Lembra dele?

Ex-Inter, Diego Aguirre quer voltar ao futebol brasileiro como treinador

Atacante colorado do final da década de 1980 defende a entrada de técnicos estrangeiros no mercado nacional

23/10/2014 - 18h21min

Atualizada em: 23/10/2014 - 18h21min




Vinte e cinco anos depois de deixar o Inter, o ex-atacante Diego Aguirre pretende voltar ao mercado brasileiro, agora como técnico. O uruguaio que atuou entre 1988 e 1989 com a camisa vermelha, foi um dos personagens do Gre-Nal do Século e vice-campeão nacional, acabou de rescindir o contrato com o Al Gharafa, do Catar.

Está na hora de trazer um técnico estrangeiro para a Seleção?

Está à procura de um novo clube. Durante esta semana, veio a Porto Alegre acompanhar de perto os treinamentos da Dupla. Em conversa com Zero Hora, Aguirre fala do futebol brasileiro e uruguaio, lembra como eliminou o Inter na Libertadores de 2011, pelo Peñarol, e defende a entrada de treinadores estrangeiros em solo tupiniquim. Confira:

O que vieste fazer em Porto Alegre?

Faz uma semana que estou aqui. Assisti ao jogo do Inter contra o Corinthians no Beira-Rio, pude ver o treino do Inter, com Abel Braga, que foi meu treinador 20 anos atrás. Tive a oportunidade de conversar com ele. Fizemos a mesma coisa no Grêmio, fui muito bem recebido pela diretoria, tive a possibilidade de falar com Felipão, um grande treinador também. Foi uma ótima experiência poder compartilhar com grandes treinadores do futebol brasileiro, me atualizar um pouco. Como treinador, sempre é bom estar olhando futebol.

Qual a principal diferença do futebol brasileiro para o do Catar?

No Catar, não é tão competitivo, tão passional, não tem tanta cobrança como aqui. No Brasil, o futebol está no sangue, há muita pressão, tem que jogar com a torcida. No Catar, é mais devagar, mas também está tornando-se uma liga competitiva, levando grandes jogadores. Tive a possibilidade de rever aqui o Nilmar, que foi meu jogador no Al Rayyan por dois anos.

Tens acompanhado o futebol brasileiro? E do Rio Grande do Sul?

Sempre. Grêmio e Inter são duas grandes equipes, com características distintas de jogo, não posso falar mais que isso, respeito muito o trabalho dos dois treinadores (Abel e Felipão). Eles estão jogando bem e sendo protagonistas no Campeonato Brasileiro, que é muito difícil.

Como foi a conversa com Abel Braga, já que agora são companheiros como técnicos?

Do Abel, saudade, fazia tempo que não nos falávamos. Leomir (assistente de Abel) também, que foi meu companheiro no Inter. Bom voltar a um time que gostei muito na minha época de jogador.

Teu objetivo é voltar para a América do Sul, de repente para o Brasil?

Depois de jogar a final da Libertadores com o Peñarol (contra o Santos, em 2011), fui para o Catar. São três anos. Já estou precisando de um futebol mais competitivo. Estou aberto a propostas, passo por um período de descanso até dezembro. Para todo treinador o futebol brasileiro é um grande desafio, um país com prestígio internacional. Mas não sei o que vai acontecer. Tenho a tranquilidade de esperar propostas. Vamos com calma e, no final do ano, tomar uma decisão. Meu contrato acabou. Estou livre, com a minha família, meus amigos, no Uruguai, me atualizando. Faz seis anos contínuos que estou trabalhando, então é bom dar uma parada, mas já pensando que em breve estarei sofrendo novamente na beira do campo.

Como seria voltar ao Inter como treinador caso houvesse convite?

Seria espetacular. A possibilidade de trabalhar no Brasil, para todo treinador, significa muito. Seria um grande desafio e gostaria muito.

Como foi eliminar o Inter no Beira-Rio nas oitavas de final da Libertadores de 2011?

Foi uma situação especial. Nunca mais tinha jogado no Beira-Rio. Foi uma partida espetacular para o Peñarol. Ninguém acreditava que era possível depois de ter empatado em Montevidéu por 1 a 1. Viramos para 2 a 1, deixamos o Inter, naquela época ex-campeão da Libertadores, fora. Um grande triunfo que nos permitiu logo chegar à final, onde acabamos perdendo para o Santos de Neymar.

O que achaste do novo Beira-Rio?

Espetacular. Um estádio de padrão europeu.

Após a Copa, falou-se em trazer treinadores estrangeiros para o Brasil. O Palmeiras contratou Ricardo Gareca, que não se deu bem e já foi demitido. Como você analisa isso?

O Brasil tem grandes treinadores. Ao longo da história, são os melhores do mundo, porque têm ganhado todos os títulos. Mas hoje o futebol tem treinadores estrangeiros por toda parte, na Alemanha, na Inglaterra, na Espanha, na Itália. Então, por que não no Brasil? Acho que tem que abrir, e ver outras filosofias, formas de trabalho para ajudar no crescimento do jogador brasileiro.

Como você vê o futebol uruguaio? Luis Suárez vai estrear agora pelo Barcelona contra o Real Madrid.

Muita expectativa. São 3 milhões de uruguaios torcendo por Luis Suárez no clássico da Espanha. O futebol uruguaio tem recuperado o prestígio mundial. A seleção vem trabalhando bem nos últimos anos. Creio que todo o produto (jogadores, treinadores) está sendo considerado no mundo, e a seleção tem sido importante para isso.


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