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Lemyr Martins: Ferrari, paixão à italiana

Vitória da escuderia na última prova lança esperança por uma temporada diferente na F-1 deste ano

11/04/2015 - 05h02min

Atualizada em: 11/04/2015 - 05h02min


CRISTINA QUICLER / AFP

A vitória da Ferrari no GP da Malásia salvou a Fórmula 1. Pelo menos nas duas semanas que antecederam o GP da China, deste domingo, a emoção e o suspense voltaram às pistas, derrotando o monótono domínio da Mercedes. É impressionante o que uma vitória da Ferrari pode fazer com a F-1, mesmo depois de um ano de jejum.

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O triunfo de Sebastian Vettel em Sepang está longe de ser um sinal de que poderá chegar ao título deste ano, mas bastou para que o carisma da Ferrari voltasse às pistas, endoidecendo a Itália. Para os italianos as três melhores coisas da vida são "le donne, la macchina e la pasta", mas advertem: não necessariamente nesta ordem. Por que, pelo menos em duas semanas no ano, em setembro, durante o GP da Itália, na lendária Monza, a máquina supera a mulher e o macarrão com naturalidade. Logicamente, não se deixa de namorar, não baixa o consumo do espaguete, mas é a máquina ou, melhor, a Ferrari, que recebe o carinho maior da pátria.

Embora cobrindo a F-1 para as revista Placar e Quatro Rodas, desde o GP de Mônaco de 1970, ainda não entendi como pode um povo amar tanto um automóvel. É normal, ao menos entre os brasileiros, sofrer pelo time do coração, morrer pelo Corinthians, Flamengo, Inter, ou até pelo Grêmio. Mas a Ferrari é a unanimidade, que endoidece uma nação com 57 milhões e contamina o mundo, numa paixão que não tem idade nem sexo, próxima do desvario. Fica tudo vermelho no GP da Itália e a Rossa, como é carinhosamente chamada por seus amantes, se torna o norte de todas as emoções. À Ferrari se permite qualquer coisa. O Papai Noel, por exemplo, poderia trocar o trenó por uma F40 que as crianças continuariam crédulas no bom velhinho. É como se o emblemático Cavallino Rampante viesse tatuado no coração de cada bambino que nasce naquele país. Dai eu concluir que é impossível amar outra máquina como se endeusa a Ferrari. Ela tem um fetiche - para os italianos, alma - que jamais se descobriria em um McLaren, por exemplo. Não é preconceito, mas convenhamos, é difícil se apaixonar pela Red Bull, Williams ou Force India, ou namorar um Sauber.

A Ferrari tem um patrimônio de amor que transpôs a fronteira italiana para ser desejada no mundo inteiro. Mesmo na derrota, mesmo sem pódio, a Rossa não perde o seu encanto, uma magia que jamais fará o piloto maior do que a máquina. Dele será a culpa de todas as derrotas. As vitórias serão sempre da Ferrari. Dai o papel do tetracampeão Sebastian Vettel no GP da China, neste fim-de-semana, ser de mero coadjuvante. O importante será a macchina mostra, a única capaz de devolver a emoção à Formula 1 atual, dominada pela austera Mercedes.


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