Somando o que eu ouvi do prefeito Nelson Marchezan Jr — no programa Timeline da Rádio Gaúcha — com a conversa que tivemos com Rodrigo Caetano — no programa Bola nas Costas da Rádio Atlântida — tive a confirmação do que eu já desconfiava: a decisão de tirar o Gre-Nal de Porto Alegre foi muito mais política do que técnica. 

O dirigente colorado foi muito claro ao falar do tamanho do investimento do clube na estrutura preparada, baseada nos padrões europeus e, também, no que já vem sendo feito no Maracanã. No que diz respeito a “segurança sanitária”, nenhum local no RS seria mais seguro que o Beira-Rio. 

Mas a pressão da sociedade — comerciantes, empresários, entre outros — obrigou o prefeito a vetar o jogo na capital. Segundo ele mesmo, “era preciso da um recado à população” e este “recado” é a transferência do clássico pra Caxias do Sul. Não vou discordar do prefeito, porque continuo convicto de que o episódio pandemia é muito complexo, onde temos poucas certeza e muitas dúvidas. 

Mas, sinceramente, não acredito que o “recado” seja entendido por quem, até agora, ainda não entendeu a gravidade do que estamos vivendo. Pessoas que insistem em sair as ruas e lotam parques não mudarão de ideia com o cancelamento de um jogo de futebol. Para esse tipo de gente, só a tragédia que se consumará com o colapso do sistema de saúde servirá como “recado”. E olhe lá.