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Vitória

Rosane Marchetti: "Estou aqui e feliz"

Repórter vence o câncer de mama e comemora a cura

20/05/2012 - 14h09min

Atualizada em: 20/05/2012 - 14h09min


Cristiane Bazilio
Cristiane Bazilio
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Rosane sentiu-se privilegiada pelo carinho que recebeu no período difícil

Há 13 anos, ela viu a mãe enfrentar de forma vitoriosa um câncer de mama. Agora, foi a vez de ela encarar a mesma doença e dizer:

- Eu venci. Estou curada.

Repórter especial da RBS TV, Rosane Marchetti, 52 anos, passou nove meses afastada do trabalho para cuidar da saúde, após a retirada de um tumor no seio esquerdo, descoberto em 4 de agosto de 2011. Fez duas cirurgias, oito sessões de quimioterapia e 33 de radioterapia. O marido, Luiz Roberto Martins, a filha, Camila, e a mãe, Lourdes, foram fontes inesgotáveis de amor e apoio. Passada a tempestade, ela confessa:

- Tive medo de morrer.

E assume:

- Uso peruca para trabalhar. Por mim, não usava.

Rosane retomou as suas atividades na segunda-feira passada. Está produzindo um Globo Repórter e, neste fim de semana, aparecerá pela primeira vez na telinha, em uma reportagem no Vale dos Vinhedos, para o Teledomingo (RBS TV, 23h). O Olá! esteve no apartamento da jornalista, que, ao lado da família, falou sobre vaidade, fé e vida.

Diário Gaúcho - Qual a sua condição de saúde hoje?

Rosane Marchetti - Os médicos me deram alta. Continuo um tratamento até dezembro com aplicações de injeções de um medicamento específico para o tipo de câncer que eu tive, o HER2 positivo, para criar anticorpos.

Diário - Sentiu medo de morrer?

Rosane - Sim. Mas chega um momento em que tu começas a enfrentar. Era um câncer muito agressivo que estava querendo se espalhar. A coisa começa a ficar tão power (em português, forte), que tu perdes o medo e começas a aceitar.

Diário - Como encarou a perda do cabelo?

Rosane - O cabelo era o que eu mais gostava em mim, mas não era importante naquele momento. Não me senti ferida na minha vaidade. Estou usando peruca porque voltei a trabalhar. Mas a pior coisa foi quando caíram os cílios e as sobrancelhas, porque, aí, fica muito feio mesmo.

Diário - Como era a sua rotina?

Rosane - Foquei na sobrevivência. Fazia fisioterapia, quimioterapia, radioterapia, acompanhamento médico e psicológico. Minha vida era hospital e casa.

Diário - Como a sua família reagiu?

Rosane - Foi um arrasa quarteirão na minha casa, mas todo mundo se recuperou rápido para me ajudar. Eu não conseguia comer nem tomar banho. Meu marido era meu enfermeiro. Minha mãe veio fazer as comidinhas que eu precisava.

Diário - Você recebeu muito carinho de pessoas anônimas...

Rosane - Me senti felizarda e privilegiada por ter tanta gente ao meu redor e receber tanto carinho. Atribuo 50% à medicina, os outros 50% à esperança alimentada por toda essa gente. Recebi muitos e-mails, santinhos, medalhas, orações... Vou fazer um altar com tudo.

Diário - A fé aflorou, aumentou ou modificou-se?

Rosane - Aumentou, aflorou para várias coisas e também se modificou. Passei a acreditar em todas as coisas boas que têm em todas as religiões. Tenho vontade de ir para a Índia e vou. Acho que vou encontrar algo lá.

Diário - E você costumava rezar antes da doença?

Rosane - Eventualmente, mas nunca pra mim, sempre para os outros. Agora, toda manhã, eu orava para que Nossa Senhora me desse força, me abrisse os caminhos, me preparasse. Para que eu olhasse para a máquina de radioterapia e pensasse naquilo, simbolicamente, como uma força divina (neste momento, os olhos de Rosane enchem-se de lágrimas).

Diário - O que mudou em você?

Rosane - Perdi o medo da morte. Aprendi que não temos comando de tudo. Aprendi a exercitar a aceitação das coisas e das pessoas como elas são. Passei a pensar que não tenho que ser feliz amanhã. Estou aqui, agora, e estou feliz hoje.

Diário - E está engajada nas causas do Imama (Instituto da Mama do Rio Grande do Sul).

Rosane - Esta doença ainda é vista como uma sentença de morte, mas, hoje, as condições são muito melhores, e as chances de cura, maiores. Estou lutando por quem depende do Sus para utilizar este remédio que eu uso. As injeções são caríssimas, e é preciso entrar na Justiça para adquirir. Estou usando a minha imagem para lutar como eu puder.

Diário - Qual é a sensação agora?

Rosane - De alegria profunda. Dói, é muito difícil, tu tens vontade de chorar, de ficar sozinha, se pergunta o tempo todo "por quê?". Mas eu consegui superar. Sinto paz e tranquilidade de pensar que eu não enlouqueci e não morri.


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