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De Copacabana à Capadócia

Estrela na Turquia, dançarina brasileira inspirou personagem de Cleo Pires em "Salve Jorge"

13/10/2012 - 16h02min

Atualizada em: 13/10/2012 - 16h02min


Ticiano Osório
Ticiano Osório
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Eny Miranda / Divulgação
Com formação em balé, Clara vive há cinco anos em Göreme

Uma brasileira de sobrenome germânico virou estrela das danças típicas na Turquia. Carioca de Copacabana, Clara Süssekind, 38 anos, inspirou a personagem interpretada por Cléo Pires em Salve Jorge, a nova novela das nove da RBS TV, que estreia dia 22.

Com formação em balé, Clara fazia dança oriental no Rio e queria aprender o giro sufi - técnica praticada pelos dervixes, místicos muçulmanos que buscam, por meio da meditação e e de seus célebres rodopios, libertar-se do ego e alcançar uma comunhão com Deus. Comprou uma passagem para a Turquia e acabou se apaixonando - pelo país e por um turco. É mais ou menos o que a autora Glória Perez fará acontecer em Salve Jorge com a brasileira Bianca (Cléo Pires) quando conhecer o rústico guia de turismo Zyah (papel de Domingos Montagner).

- Vim com uma malinha e me tornei uma estrela da dança turca. É surreal - admite Clara, que, na novela, fará uma ponta como professora de Bianca.

Já está há cinco anos em Göreme, vila de 2,3 mil habitantes na Capadócia, região histórica e turística do país, famosa por suas construções trogloditas e suas igrejas bizantinas, suas cidades subterrâneas e seus passeios de balão. Todos os dias, Clara tem números solo no Harmandali, restaurante escavado na rocha que é frequentado, majoritariamente, por turistas - na terça-feira em que ZH o visitou, havia oito ônibus de excursão estacionados. A casa cobra cerca de 35 euros por jantar mais o show, em que dançarinos enérgicos e dançarinas sensuais convidam o público a participar - e tudo vira uma zorra, uma imensa e desordenada roda, mas contagiante.

Primeiro, Clara surge com uma saia egípcia, a tanura, para emular o transe dos dervixes. Depois, o divino dá lugar ao profano: na dança do ventre, a brasileira vai tirando cada peça da indumentária, alcançando uma rara combinação de erotismo e senso de humor. É uma legítima turca. Só que não.

- Nunca senti nenhum tipo de restrição por ser brasileira - conta Clara. - Os turcos são muito generosos. Sempre me senti bem acolhida. E todo esse entorno é importante, porque dançar eu poderia dançar em qualquer lugar.

Há alguns poréns, claro. Por exemplo: seu namorado, que mantém uma fazenda turística de cavalos (a propósito, Capadócia quer dizer Terra dos Cavalos Bonitos) e que fez dublê de corpo para Domingos Montagner nas cenas perigosas da novela, jamais a viu dançar ("Ele diz que ficará com ciúme").

- Aqui não é uma Arábia Saudita, mas tem coisinhas que complicam. Pegar carona com amigo homem não pode: vão dizer que você está com outro.

Outro porém está no Brasil.

- Tenho uma filha de 13 anos, Sofia. Fui muito criticada pela minha família: "Como você vai deixar sua filha para ir dançar na Turquia?". Mas agora mudou (a relação com a família). Ela vem para cá nas férias, todos os anos, eu vou ao Rio quando posso, e no inverno tiro dois meses de férias.

Quando vem ao Brasil, Clara também mata outras saudades: um pouco da praia e muito das discussões culturais.

- Venho de um meio artístico - justifica a dançarina, enquanto no salão do Harmandali o público se esbalda ao som da infatigável Ai Se Eu te Pego.

*O jornalista viajou a convite da Serendipity Agency, que promove o roteiro Marcas de São Jorge em parceria com Turkish Airlines, Potencial Travel e Genesis Turismo


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