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Belo, apesar de maltratado

Viaduto Otávio Rocha completa 80 anos

Uma das obras arquitetônicas mais bonitas da Capital chega aos 80 anos suja e abandonada. Projeto de restauração da estrutura será concluído até junho de 2013

08/12/2012 - 10h19min

Atualizada em: 08/12/2012 - 10h19min


Imagine se a Estátua da Liberdade, em Nova York, a Torre Eiffel, em Paris, e o Big Ben, em Londres, amanhecessem sujos e pichados? Seria um escândalo e as autoridades tomariam providências urgentes para proteger esses patrimônios culturais de vândalos e baderneiros.

Em Porto Alegre, o Viaduto Otávio Rocha - a maior e mais bonita obra arquitetônica da cidade -, que completa 80 anos este mês, passará finalmente por uma reforma, após anos de descaso do poder público.

Proximidade da Copa ajudou

Tombado pela Secretaria Municipal da Cultura em 1988, por suas características arquitetônicas e por sua relevância sociocultural, o viaduto se deteriorou, virou um antro de drogados e dormitório para andarilhos. A última reforma ocorreu entre 1998 e 2001. De lá pra cá, não teve ninguém que zelasse pela beleza de suas paredes, arcos e colunas. Com a proximidade da Copa do Mundo de 2014 e o aumento do número de turistas, tudo mudou.

Reforma custará R$ 398 mil

O viaduto, construído entre 1928 e 1932, será totalmente restaurado pela Engeplus Engenharia e Consultoria. A estrutura será impermeabilizada e as partes elétrica, hidrossanitária, de iluminação e sinalização totalmente refeitas.

O projeto, que custará R$ 398 mil à prefeitura, prevê ainda acessibilidade, paisagismo e mobiliário urbano. A empresa tem prazo até junho de 2013 para concluir o estudo.

Depois disso, a Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov) iniciará o processo de licitação.

Comerciantes apreensivos

Se por um lado os permissionários das lojas no viaduto estão felizes com a reforma, por outro, não sabem quanto tempo terão de permanecer com as portas fechadas. Entre 1998 e 2001, durante a reforma, muitos deles não puderam trabalhar por vários meses.

Há cinco anos, Zelinda Freitas, 57 anos, tem um bazar na loja 14, onde vende de chapéus a bonecas, de camisetas a eletrônicos. A possibilidade de suspender as atividades temporariamente assusta.

- Se tiver que fechar, vai ficar difícil - disse.

Responsável há 37 anos por uma loja de artigos religiosos sob os arcos do viaduto, Nazareno da Silveira, 63 anos, está preocupado:

- Fechar tudo bem, mas eu quero voltar.

De acordo com o presidente da Associação Cultural dos Comerciantes do Viaduto Otávio Rocha, Adacir José Flores, 51 anos, dono de um sebo no local, não tem nada definido ainda.

- Quem vai dizer se as lojas terão de fechar ou não são os engenheiros - explicou.

Saiba mais

- Em 1926, o então presidente do Estado, Borges de Medeiros, e o intendente (prefeito) da Capital, Otávio Rocha, decidiram construir a Avenida Borges de Medeiros para ligar o Centro à Zona Sul.

- Foi necessário desaterrar o trecho mais alto da via, acabando com a continuação da Duque de Caxias. O viaduto foi erguido para restabelecer o tráfego.

- A construção durou quatro anos, de 1928 a 1932.

- Em 1988, o viaduto virou patrimônio histórico da Capital.


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