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Tragédia no Noroeste

Psicóloga analisa o caso do esquecimento de bebê dentro de carro em Santa Rosa

Especialista em memória explica que a morte foi uma consequência grave do chamado "piloto automático"

18/01/2013 - 13h06min

Atualizada em: 18/01/2013 - 13h06min


Casos como o do bebê de 11 meses deixado dentro do carro pelo pai, em Santa Rosa, no noroeste do Estado, geram uma discussão polêmica sobre as consequências do estresse e da correria do dia a dia. Esses fatores, aliados à rotina, ocasionam o que os psicólogos chamam de "piloto automático". A professora de pós-graduação em psicologia da PUCRS e coordenadora de um grupo de pesquisa na área da memória, Lilian Milnitsky Stein, explica que nesse contexto é necessário lembrar de muitas responsabilidades do dia a dia e a memória condensa uma série de informações, organizando um roteiro no cérebro.

- Esse processamento na memória existe para guiar uma pessoa a fazer o que se quer fazer sem pensar. Nesse caso da tragédia, o que aconteceu foram consequências graves para esse processo - avalia a psicóloga.

Ela presume que o pai do bebê, o delegado titular da 2ª Delegacia da Polícia Civil de Santa Rosa, José Enilvo Soares de Bastos, tenha como rotina sair de casa, pegar o carro e dirigir por ruas que o levam ao trabalho e que, conscientemente, ele nem precisa lembrar. Lilian cita como exemplo corriqueiro as pessoas que saem no domingo e tomam o rumo que direcionam ao trabalho, quando na verdade, a pessoa queria ir para outro local.

A psicóloga também supõe que a menina Alice estava dormindo, não emitindo ruídos ou sons, o que fez com que o pai não desligasse o "piloto automático", comum para o cérebro, e acabasse esquecendo de levar a menina para a creche. 

- O ato de esquecer não tem implicações nenhuma na vida rotineira. A memória funciona bem todos os dias, quando não acontecem falhas. Isso permite que, enquanto o cérebro funciona no automático, libere espaço e energia para trabalhar com várias coisas ao mesmo tempo. É bom esquecermos algo. Infelizmente, com esse pai, a memória falhou e a conseqüência resultou em tragédia - lamenta a psicóloga.

Relembre o caso:

Pai da menina Alice de Bastos, de apenas 11 meses, o delegado titular da 2ª Delegacia da Polícia Civil de Santa Rosa, José Enilvo Soares de Bastos, foi personagem de um caso trágico na tarde desta quinta-feira. Ao esquecer de levar a filha única para a creche, o policial foi direto ao trabalho e só lembrou que a bebê estava no carro cerca de quatro horas depois. Foi o telefonema da mulher que o fez correr para ver a filha que havia sido esquecida no Golf estacionado na delegacia, localizada no bairro Cruzeiro.


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