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Transporte coletivo

Mais um dia de protestos contra valor da passagem de ônibus em Porto Alegre

BM reforça efetivo e prefeitura teme por novas depredações em ato previsto para as 18h desta segunda-feira

01/04/2013 - 07h02min

Atualizada em: 01/04/2013 - 07h02min


Manifestantes quebraram vidros da prefeitura e de viatura em protesto

As horas que antecedem o novo protesto prometido para a noite desta segunda-feira por trabalhadores e estudantes contra o aumento da passagem de ônibus na Capital são marcadas pelo clima de tensão e pela desconfiança mútua.

Após os atos de violência na semana passada, a prefeitura teme novos ataques e planeja uma reação, caso os manifestantes apelem novamente ao desrespeito ao patrimônio público.

Às 18h, em frente ao prédio da prefeitura, os participantes querem mostrar mais uma vez ao público o descontentamento com ao valor fixado em R$ 3,05 pelo prefeito, José Fortunati. O valor pretendido é de R$ 2,60. A prefeitura, no intuito de se proteger, reúne-se na manhã de hoje para definir como lidar com a situação.

O sentimento é de alerta em relação à agressividade expressada nas redes sociais. A Brigada Militar estará com efetivo reforçado. O capitão Euclides Neto, comandante da 1ª Companhia do 9º BPM, diz que mais de 50 policiais buscarão alternativas para evitar embates.

- É para ser manifestação pacífica. Mas sabemos que alguns acabam transgredindo - afirma Neto.

A falta de líderes no movimento causa problemas para a polícia. O comandante explica que, sem representantes formais para travar diálogo, a negociação fica dificultada. Diretor da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Carlos Pires diz que os fiscais de trânsito também acompanharão o protesto.

O que dizem os manifestantes

Organizado via redes sociais, o protesto contava com a confirmação de mais de 3 mil pessoas até a noite de ontem, entre eles, integrantes de entidades estudantis, partidos políticos, estudantes e civis.

De acordo com Guiga Narcizo, membro do Diretório Central de Estudantes (DCE) da PUCRS, a população está indignada e irá tomar as ruas do Centro para reivindicar um direito legítimo. Questionando sobre os incidentes do ato ocorrido na última quarta-feira, Narcizo afirma que a violência não está no planejamento:

- Os 10 minutos iniciais do ato não foram condizentes ao resto do protesto.

Matheus Gomes, coordenador geral do DCE da UFRGS e integrante da Assembleia Nacional dos Estudantes - Livre (Anel), argumenta que a manifestação é feita por grupos de diferentes matizes ideológicas, e que, apesar do movimento ser pacífico, certas situações são incontroláveis:

- São reações espontâneas. Nem sempre temos como segurar. Licitação e estatização das empresas de transporte e realização de uma audiência pública para discutir o valor justo da passagem estão entre as proposições dos estudantes.

O que diz a prefeitura

A agressividade manifestada pelas redes sociais preocupa o secretário municipal de Coordenação Política e Governança, Cézar Busatto. Segundo ele, a prefeitura está aberta ao diálogo para buscar formas de negociação, mas o enfrentamento e a violência mostrados na última semana dificultam qualquer tipo de negociação.

Os ânimos para o protesto de hoje estão exaltados. Após ser atingido com tinta vermelha na última quarta-feira, Busatto diz que considera "grave" o que ocorreu:

- Não há como proceder com diálogo, se a atitude for de enfrentamento .Teremos que ter outro tipo de reação.

O secretário acrescentou que há espaço para mudar esse cenário, mas com uma discussão "sobre propostas consistentes e técnicas":

- Não temos como contribuir se não há diálogo.

Busatto afirma que o processo de licitação das empresas de ônibus, as isenções, a redução de impostos pelo governo federal e a metodologia do cálculo da planilha de custos das empresas estão em pauta e podem levar a uma mudança na tarifa. No momento, porém, não há como voltar atrás.


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