Notícias



Barrados na alfândega

Falta de documento leva cães a serem deportados para Portugal

Família tentava desembarcar com animais no Aeroporto Internacional Salgado Filho, mas foi informada que cães teriam de voltar ou seriam sacrificados

17/05/2013 - 00h17min

Atualizada em: 17/05/2013 - 00h17min


Gustavo Foster
Gustavo Foster
Enviar E-mail
Black, de três anos, e Pérola, de dois anos, tiveram que voltar para Portugal

Ao desembarcar no aeroporto Salgado Filho às 18h07min desta quinta-feira, a técnica em enfermagem Letícia Bittencourt Fernandes, 36 anos, esperava resgatar a vida em Porto Alegre e fixar moradia na cidade natal com o marido português Ruben Manuel Azeredo, com quem mora há três anos, em Faro, Portugal, ao lado da filha de 13 anos. Os planos, porém, tiveram que mudar.

Após passar pela alfândega, a família foi informada que os dois cachorros não possuíam um documento veterinário obrigatório e teriam de ser imediatamente mandados de volta para Portugal - ou seriam sacrificados no Brasil.

Os protestos não foram suficientes e os cães - Pérola, de dois anos, e Black, de três - foram deportados em um voo que partiu às 20h43min, acompanhados de Ruben.

- Foi uma das piores coisas que eu ouvi na vida. Eles não são só cães, são vidas. É como se eu tivesse que escolher pela vida de um filho - disse Letícia.

 
Letícia alega que não foi informada da necessidade do documento
Foto: Gustavo Foster, Agência RBS

A surpresa foi ainda maior porque Letícia garante que ligou para a empresa aérea TAP, que faz os voos de Faro para Lisboa e de Lisboa para Porto Alegre, e foi informada com uma lista incompleta de documentos necessários.

- Comecei essa preparação há três meses. Coloquei microchip nos cachorros, desparasitei eles, dei vacina contra raiva - conta.

O Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), vinculado ao Ministério da Agricultura, prevê que um bicho doméstico, para entrar no país, precisa de um requerimento para fiscalização de animais de companhia, um atestado de vacina antirrábica e um Certificado Zoossanitário Internacional (CZI), expedido em Portugal e visado no Brasil. Na lista que Letícia tinha, não constava o CZI.

A chefe da Unidade de Vigilância Agropecuária (UVAGRO) do aeroporto, Consuelo Paixão Côrtes, afirma que o erro aconteceu em Portugal, já que os animais não deveriam ter entrado no avião se não possuíam toda a documentação regular:

- O erro foi lá, a companhia aérea não poderia ter deixado embarcar. Já é o segundo caso da TAP no ano - garante.

Sobre ter que sacrificar os dois cachorros, caso eles não voltassem para o país de origem, Consuelo considera "um absurdo":

- Graças a Deus, nunca aconteceu. Eu sou veterinária, acho um horror, mas é o que a legislação prevê.

A assessoria de imprensa da TAP Portugal disse que o documento que impediu o desembarque dos cães no Brasil é exigido pelo Ministério da Agricultura. Sem saber explicar qual foi a orientação repassada antes da viagem aos passageiros, a assessoria afirma que a empresa está prestando atendimento para o retorno e arcará com hospedagem se necessário. Nesta sexta, Ruben deve chegar em Portugal, realizar os exames necessários em Black e Pérola e voltar para Porto Alegre no sábado, para finalmente fixar moradia na cidade natal da esposa.


MAIS SOBRE

Últimas Notícias