Polícia



Tensão no Menino Deus

"O pânico dele era a Brigada", relata empresário que foi feito refém em lancheria da Capital

Francisco Carvalho Xavier, 71 anos, utilizou experiência como militar para acalmar criminoso

03/05/2013 - 12h11min

Atualizada em: 03/05/2013 - 12h11min


Estabelecimento foi invadido por volta da meia-noite

Ex-oficial do Exército e hoje empresário, Francisco Carvalho Xavier, 71 anos, usou a experiência como militar para atuar como uma espécie de negociador durante a ação de um homem que fez 13 pessoas reféns na lancheria Bauru Country, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre.

> Veja mais imagens da movimentação em frente à lancheria

Foragido da Penitenciária Estadual do Jacuí, Wagner Ruffone Padilha, 32 anos, invadiu o estabelecimento supostamente para escapar de policiais militares que desconfiaram da movimentação dele e de um outro homem. Ambos estariam rondando a região em uma motocicleta.

Em entrevista a Zero Hora na manhã desta sexta-feira, Xavier relatou como agiu durante cerca de uma hora e meia em que ele, funcionários e outros clientes permaneceram na mira de um revólver. Os reféns foram liberados e Padilha acabou preso novamente. Confira trechos:

Zero Hora - Como ocorreu a ação?

Francisco Carvalho Xavier - Fomos jantar (na lancheria) em um grupo de amigos. Logo que sentamos, o homem entrou correndo, deu uma gravata num cliente que estava na porta de entrada e o levou para dentro com um revólver no pescoço dele. Algumas pessoas fugiram para o banheiro, outras para cozinha. Eu estava de costas para a porta e me atrasei.

ZH - O que ele falava? Demonstrava nervosismo?

Xavier - Ele gritava: "os brigadianos vão me matar porque já matei um deles (policial). Não posso cair nas mãos deles. Então vocês vão ser meus reféns até chegar a imprensa e a Polícia Civil". Ele não estava com intenção matar ninguém. Tentei conversar, falar que estava tudo bem. Mas quando a Brigada Militar (BM) chegou em peso na frente, a situação começou a ficar muito tensa. Ele tinha muito medo da BM. Meu medo era que ele disparasse por descuido e começasse um tiroteio. Aí a Civil chegou e ele começou a relaxar, começou a liberar as pessoas. Até que liberou rápido. Achei que seria pior. A Polícia Civil fez um ótimo trabalho, assim como a Brigada.

ZH - Como o senhor se sentiu ao perceber que a situação havia piorado? Alguém precisou de ajuda?

Xavier - Primeiro foi pânico, mas, quando ele começou a falar, vi que não estava drogado e passei a conversar. Todo mundo conversou. Cooperamos, demos água para ele e um pano, porque suava muito. Estava muito nervoso, com mais medo que nós. O pânico dele era a Brigada. Uma mulher também entrou em pânico, mas a gente contornou a situação. Graças a Deus está tudo em ordem.

ZH - A sua experiência como militar ajudou na negociação?

Xavier - A gente tentou fazer alguma coisa para que nada desse errado, para evitar o tiroteio. Tentamos manter a tranquilidade. Hoje em dia tem mais bandido solto na rua que cidadão. Quero ver o que vai acontecer na Copa.

ZH - Como o senhor avalia a segurança em Porto Alegre?

Xavier - A Brigada e a Polícia Civil estão otimamente preparadas, o problema é o nosso serviço carcerário. Como um homem condenado está na rua para passear? É logico que vamos ficar à sorte da criminalidade.

Em vídeo, veja como foi a ação no bairro Menino Deus:


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