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Operação Compen$ado

Pedido de música sertaneja no rádio era senha para avisar existência de fiscais

Ministério Público revela que as músicas eram códigos e avisavam motoristas para não entregar o leite adulterado no entreposto

10/05/2013 - 06h04min

Atualizada em: 10/05/2013 - 06h04min


O promotor Rochembach deve apresentar nesta sexta-feira denúncia à Justiça sobre grupo que atuava em Ibirubá

Além de adulterar o leite adicionando água e ureia, como aponta o Ministério Público, os investigados na fraude de leite se comunicavam de uma forma peculiar: no núcleo de Ibirubá, o contato entre o grupo era feito por meio do rádio. Como tinham dificuldade no sinal de telefone celular, muitas vezes a comunicação era feita por código.

Um deles era o pedido de músicas nas rádios locais, revela o promotor Mauro Rochembach, responsável pela operação Leite Compen$ado.

- Eles pediam música para a rádio. Mais ou menos assim: "eu ofereço a música tal do Chitãozinho e Xororó para o meu amigo fulano". Quem estava ouvindo sabia que tinha de ir para um determinado lugar - conta.

Segundo o agente de Polícia Civil Paulo Renato Kleinick, responsável pelas interceptações telefônicas da operação, geralmente o pedido era de música sertaneja.

- Dessa forma, eles também avisavam os motoristas dos caminhões que não era para chegar no entreposto e evitar descarregar o produto quando havia fiscalização - afirma.

Durante cerca de dois meses, o Ministério Público investigou o esquema de adulteração de leite no Rio Grande do Sul.

- Eu tinha uma necessidade de deflagrar essa operação o mais breve possível, para que a população soubesse da gravidade e do risco que estavam correndo, o de consumir leite com essa substância cancerígena (formol) - diz o promotor Rochembach.

Na próxima semana, a investigação prossegue em Guaporé, na Serra, onde foi preso o empresário Leandro Vicenzi, apontado como dono de uma transportadora com mais de 30 caminhões de leite.

- Na segunda-feira, deveremos estar lá, onde será oferecida denúncia. Depois sigo para Horizontina, onde tenho mais tempo para trabalhar, já que não houve prisão - afirma Rochembach.

Em Horizontina, no noroeste do Estado, um vereador é investigado por adulteração do leite. Nesta sexta-feira, Rochembach vai ouvir seis pessoas do núcleo de Ibirubá, investigadas na operação Leite Compen$ado: João Cristiano Pranke Marx, Angélica Caponi Marx, João Irio Marx, Alexandre Caponi, Daniel Riet Villanova e Paulo Cesar Chiesa.

E ainda nesta sexta-feira o promotor pretende apresentar denúncia à Justiça desse núcleo por formação de quadrilha (pena mínima de um ano, de acordo com o artigo 288 do Código Penal) e pelo crime hediondo de corrupção de produtos alimentícios, que prevê pena mínima de quatro anos de reclusão, segundo o artigo 272 do Código Penal.

Quinta-feira à tarde, o promotor entregou à Justiça documentos, anotações, fórmulas e outros materiais apreendidos durante a operação.


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