Sob mau tempo
Pressionado, Obama age para minimizar estragos provocados por escândalos
Presidente americano tenta conter somatório de casos rumorosos que corroem o segundo mandato
Três escândalos políticos simultâneos se amontoam sobre a Casa Branca e exigem do presidente Barack Obama uam desempenho de equilibrista.
Nos últimos dias, somaram-se a detalhes incômodos sobre o comportamento da administração no ataque terrorista de Benghazi a revelação de abuso de poder por parte da agência fiscal americana contra opositores políticos do democrata e, ainda, a quebra de sigilo telefônico da agência Associated Press a pedido do governo.
Juntos, os casos dispersam o rumo de Obama no segundo mandato, conforme analistas políticos. Ontem, pressionado, o presidente teve de desviar o foco de uma entrevista conjunta com o primeiro-ministro turco, Recep Erdogan, na Casa Branca, para os assuntos domésticos.
O suposto uso da agência fiscal, a IRS, para vigiar adversários vem sendo considerado o de maior potencial de dano. E sobre ele, Obama respondeu que só soube do tema pela imprensa, na semana passada.
- Posso dizer que, antes de o assunto sair na imprensa, eu não sabia de nada que estava sendo feito nos serviços fiscais - explicou durante a entrevista coletiva.
O presidente classificou a denúncia de "absolutamente inaceitável" e prometeu resolver o problema. As provas encontradas mostram que a IRS tentou penalizar as organizações livres de impostos vinculadas ao Tea Party - a ala radical do Partido Conservador.
A postura do líder foi distinta em relação à quebra do sigilo telefônico da AP. Obama garantiu que o governo agiu de forma correta, em nome da segurança nacional, e recusou-se a pedir desculpas. A motivação do pedido - que recebeu autorização judicial - seria a suspeita de vazamento de informações após a AP publicar um artigo detalhando operação da CIA realizada no Iêmen em 2012 que teria impedido um atentado a avião de passageiros.
- Vazamentos relacionados à segurança nacional podem colocar pessoas em risco (...) E, assim, eu não peço desculpas e não acho que o povo americano iria esperar que eu, como comandante em chefe, não ficasse atento a informações que possam comprometer suas missões ou que possam matá-los - justificou o presidente.
Por conta do caso, nos últimos dois dias, multiplicaram-se apostas de que o procurador-geral, Eric Holder, seria demitido. Obama, ao contrário, reforçou a confiança em Holder - que inicialmente havia negado envolvimento com as escutas.
Como antídoto à crise, a Casa Branca anunciou a restauração de uma lei de 2009, Lei de Fluxo Livre de Informação, para mostrar que defende a liberdade de imprensa.
No caso das críticas feitas pelos republicanos sobre como o governo tratou o caso da Líbia, os reflexos estão em 2016, em uma virtual candidatura da democrata Hillary Clinton. Obama vem relacionando acusações de inação da Casa Branca e do Departamento de Estado a uma tentativa da oposição de politização da tragédia.