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"É inapropriado tratar cães como se eles fossem pequenas pessoas"

Nesta entrevista, Alexandra Horowitz, autora do livro "A Cabeça do Cachorro", fala sobre as descobertas feitas em sua pesquisa sobre o melhor amigo do homem

16/06/2013 - 05h02min

Atualizada em: 16/06/2013 - 05h02min


Alexandra: uma expedição pelo universo canino

Você mal saiu do elevador e seu cachorro já está de prontidão na porta do apartamento para recebê-lo. Quando volta do banho, ele corre ao sofá ou a sua caminha e começa a se esfregar freneticamente. Já viu essas cenas? Qualquer semelhança não é mera coincidência, explica a professora de Psicologia da Universidade Columbia (EUA) Alexandra Horowitz. Em seu livro best-seller A Cabeça do Cachorro, Alexandra - PhD em Ciência Cognitiva - descreve o mundo do melhor amigo do homem que descobriu em suas pesquisas. O resultado pode mudar sua relação com seu cão. Confira trechos da entrevista concedida via e-mail por Alexandra.

Vida - Você diz em seu livro que temos a tendência de "descachorrar" nossos cachorros - banhando-os, passando perfume e comprando roupas para eles. O que isso influência a vida deles?
Alexandra Horowitz
 - Descachorrar é uma boa palavra para isso! É inapropriado tratar cães como se eles fossem pequenas pessoas. Eles não querem as mesmas coisas que nós. Pode ser prejudicial: cobrir seu cheiro com o de um xampu os priva de seu odor, que é a sua identidade perante outros cães. Vesti-los pode ser desconfortável. Eles podem até achar que estão sendo punidos.

Vida - O que você acha do mercado que explora essa tendência e que está crescendo de maneira incrivelmente rápida em todo o mundo?
Alexandra
 - O enorme mercado indica que estamos muito interessados em fazer a coisa certa para nossos bichos. Mas também mostra que não tem havido bom conhecimento sobre como fazer isso! Extrapolamos com o que "nós" queremos. O mercado existe mais para vender produtos do que melhorar a vida do cão ou fazê-lo feliz. Nem sempre agimos errado: embora um cachorro não precise ir a um spa, por exemplo (isso é ridículo), muitos podem se beneficiar de algum tipo de "creche", porque, do contrário, estariam sozinhos em casa fazendo nada.

Vida - O que você pensa sobre a compra e a venda de cães?
Alexandra
- Gostaria de ver mais adoções do que compra. Vira-latas são cães incríveis, maravilhosos. Acho que são os melhores.

Vida - Em sua pesquisa, o que a impressionou mais sobre os cães?
Alexandra
 - A forma como observam pequenas mudanças. Também me impressionei com seu universo olfativo: embora saibamos que eles têm um "bom nariz", não tinha noção de quão bom era. Conseguir distinguir um passo com a perna esquerda de outro com a perna direita, baseado nas concentrações diferentes de odor: isso é quase inimaginável! Ainda assim, é uma experiência muito canina.

Vida - Qual é sua relação com cachorros e como ela mudou depois de sua pesquisa? Alexandra - Vivi com cães praticamente toda a minha vida, e espero sempre viver com um. Minha pesquisa definitivamente mudou a maneira como me relaciono com esses animais. Passei a ser muito mais atenta à importância do olfato para minha cadela. Comecei a levá-la para "caminhadas olfativas", em que parávamos a cada odor. Claramente, era um prazer muito grande para ela. Tentava também dar coisas para ela fazer quando eu não estava, porque ficou evidente que os cães podem ficar muito entediados (e, por consequência, ansiosos e destrutivos). E, como se fosse possível, ao saber mais sobre ela, passei a amá-la ainda mais.

Clique aqui e veja mais informações sobre o livro no site de Alexandra.


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