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Hora da imunização

Campanha nacional de vacinação contra a gripe começa nesta terça-feira

Crianças de seis meses até quatro anos estão no grupo de risco com direito a receber a dose gratuita nos postos de saúde

21/04/2014 - 07h05min

Atualizada em: 21/04/2014 - 07h05min


O Rio Grande do Sul recomeçará, nesta terça-feira, sua luta anual contra o vírus da gripe A com reforços: 700 mil doses a mais de vacina em relação a 2013.

Um dos focos desta edição da campanha de vacinação no Estado serão as crianças. Além de representarem o público-alvo das doses extras, graças à ampliação da faixa etária do grupo de risco de dois para quatro anos, a Secretaria Estadual da Saúde promete aumentar o número de leitos hospitalares infantis nos próximos meses.

As crianças de seis meses a quatro anos agora fazem parte do grupo com direito a receber a vacina gratuitamente nos postos de saúde devido ao maior risco de apresentar complicações, assim como gestantes, profissionais da saúde, pacientes de doenças crônicas e idosos com mais de 60 anos, entre outros perfis. Até o ano passado, somente eram imunizadas as crianças de seis meses a ois anos.

A 16ª Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza, que se estenderá até o dia 9 de maio, prevê 3,8 milhões de doses para os gaúchos. No ano passado, após pedidos de reforço devido ao avanço do vírus, a imunização chegou a 3,1 milhões de pessoas no Rio Grande do Sul.

- É um reforço bem-vindo. Com as crianças melhor protegidas, esperamos reduzir ainda mais as mortes por essa gripe - afirma a secretária estadual da Saúde, Sandra Fagundes.

A secretaria está em negociação com municípios como Canoas para ampliar o número de leitos infantis em hospitais de referência durante o inverno, mas o número e a localização deles ainda serão definidos.

O epidemiologista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Jair Ferreira sustenta que uma maior cobertura vacinal tende a reduzir a transmissão do vírus. Porém, afirma que é impossível antecipar o comportamento da doença:

- Se houver uma mutação do vírus, por exemplo, isso não é contemplado pela vacina. Não há como prever o que vai acontecer.

A gripe A costuma oscilar no Estado. Em 2009, provocou a morte de 297 pessoas. No ano seguinte, após uma vacinação massiva com 5 milhões de doses, não houve registro de óbito. No ano passado, resultou em 58 vítimas. Por isso, a ampliação do número de doses era uma reivindicação da classe médica e de autoridades junto ao governo federal. Aos que não fazem parte dos grupos de risco, as vacinas estão disponíveis desde o início de março na rede privada e custam cerca de R$ 80.

A exemplo dos anos anteriores, a vacina de 2014 protegerá contra as cepas Influenza A H1N1, Influenza A H3N2 e Influenza B. O médico Alexandre Zavascki, chefe do Serviço de infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, afirma que não há razão para temer quaisquer efeitos da imunização:

- A vacina não causa a gripe, já que ela é composta por fragmentos inativados do vírus. O que ela faz é preparar o organismo para que, quando o vírus real chegar, seja rapidamente combatido. Quem se vacina, está protegendo também os parentes, amigos, e todos aqueles com quem entra em contato.

PÚBLICO-ALVO

Crianças a partir de seis meses e até quatro anos (quatro anos, 11 meses e 29 dias)
Idosos (a partir de 60 anos)
Gestantes
Puérperas (mulheres que deram à luz em até 45 dias)
Indígenas que vivem em aldeias
Profissionais que trabalham na área da saúde
Doentes crônicos sob recomendação médica

A VACINA

O que é a vacina contra a gripe?
A vacina é feita com partes de diferentes tipos de vírus influenza inativados, incluindo o que provoca a gripe A, que entram no corpo e favorecem a produção de anticorpos. O sistema imunológico cria uma espécie de "memória" contra o vírus da gripe. Assim, ao entrarmos em contato com o vírus de verdade, os anticorpos são produzidos imediatamente e evitam a doença.

A vacina contra gripe imuniza contra resfriado?
Não. São vírus diferentes. A gripe é uma infecção viral aguda do sistema respiratório causada pelo vírus Influenza, de elevada transmissibilidade. O quadro é mais grave que o resfriado e apresenta febre alta, tosse ou dor de garganta acompanhada dos seguintes sintomas: dor de cabeça, dores musculares, mal-estar geral. O resfriado é causado por outros vírus e tem um quadro mais leve com coriza, congestão nasal e espirro.

AS REAÇÕES

A vacina pode resultar em alguma reação adversa?
Em poucos casos e de forma branda, segundo o epidemiologista Jair Ferreira, podem ocorrer manifestações de dor no local da injeção ou febre moderada. Todos esses sintomas tendem a desaparecer em 48 horas.

A vacina contra gripe pode causar gripe?
Não. A vacina não causa a gripe, pois é composta por vírus totalmente inativados, incapazes de causar dano ao organismo. O que ela pode provocar são reações mais leves, como febre baixa, a partir da reação do organismo, mas que são consideradas normais e não evoluem para um quadro mais grave.

EFICÁCIA

Por quanto tempo dura a imunização pós-vacina?
A proteção da vacina dura, em média, cerca de 12 meses. É preciso tomar a vacina todos os anos porque a composição pode mudar conforme as mutações dos vírus que circulam, e porque há uma queda progressiva na quantidade de anticorpos protetores ao longo do tempo.

Por que algumas pessoas mesmo depois de tomar a vacina ficam doentes?
Normalmente, o sistema imunológico leva cerca de duas semanas para criar as defesas necessárias contra o vírus após receber a dose de vacina. Se a pessoa entrar em contato com o vírus da gripe nesse período, é possível que o corpo não esteja ainda pronto para combatê-lo, o que pode resultar em uma gripe. Além disso, a vacina não protege contra resfriado, que pode ser confundido com gripe.

A vacina contra gripe funciona em 100% das pessoas?
Não, ela tem eficácia em cerca de 90% das pessoas, já que serve para estimular o corpo a produzir uma resposta imune ao vírus. Uma pequena parcela da população pode não conseguir montar uma resposta do sistema imune adequada para se proteger da gripe.

ACESSO

Não estou entre os grupos de risco. Devo me vacinar?
O ideal é que toda a população a partir dos seis meses de idade e sem contraindicações (leia mais em outra pergunta a seguir), fosse imunizada. Como há limitação de oferta na rede pública, resta recorrer à rede privada. Nesse caso, o custo da vacina fica em cerca de R$ 80.

Quem já está com sintoma de gripe pode tomar a vacina?
Segundo o epidemiologista Jair Ferreira, se o sintoma for de gripe (quadro mais intenso, com febre alta, dores, indisposição), o melhor é esperar pelo restabelecimento antes de se vacinar. Se os sintomas forem mais leves, típicos de resfriado, não há motivo para aguardar. Pode-se tomar a dose.

Quem, mesmo dentro dos grupos de risco, não deve se vacinar?
A vacina é contraindicada para pessoas com histórico de reação anafilática, bem como a qualquer componente da medicação ou alergia grave relacionada a ovo de galinha e seus derivados (presente na composição).

Quem são os pacientes de doenças crônicas que podem tomar a vacina gratuitamente na rede pública?
São pacientes de doenças debilitantes como enfisema, diabetes, cardiopatias, entre outras, e que por isso contam com prioridade para receber imunização e evitar complicações decorrentes da gripe. O melhor é conversar com o médico para avaliar se tem indicação para se vacinar contra a gripe na rede pública.


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