Polícia



Tristeza

Mãe desabafa após filho de 11 anos ser executado em Alvorada: "Só pode ter sido maldade"

Polícia já identificou os dois assassinos e acredita que o crime tem relação com a disputa do tráfico, apesar de a morte do menino não se incluir nesse grupo

01/04/2014 - 08h53min

Atualizada em: 01/04/2014 - 08h53min


Aos 11 anos, Kelvin Gabriel Nunes tinha um objetivo: comprar seu primeiro par de tênis Nike. Com esse pensamento, o mais velho dos quatro filhos de Priscila Nunes Monteiro, 28 anos, virou o braço direito da mãe nos últimos três meses.

De manhã, ia à escola. À tarde e nos finais de semana, vendia os doces e os salgados preparados por Priscila na casa da família, no Bairro Umbu, em Alvorada.

Mas a atitude de homem feito, com as feições alegres de criança, agora viverão só na lembrança da mãe. Na manhã de domingo, enquanto vendia pasteis e pizzas pelo bairro, o guri foi executado com um tiro de espingarda no peito.

O motivo ainda é uma incógnita para Priscila e para a polícia.

- Só pode ter sido maldade, porque o meu filho era querido por todos. O meu menino nunca se envolveu em nada errado, estudava e trabalhava para juntar o dinheirinho dele e ajudar na casa - conta a mãe.


Kelvin estudava e vendia os quitutes feitos pela mãe
Foto: Reprodução, Arquivo pessoal

Assassinos atraíram o menino

Conforme testemunhas, por volta das 10h30min de domingo, na Rua Beira-Mar, Kelvin foi atraído para um casebre por dois homens, traficantes do bairro. Ele não teria estranhado, uma vez que praticamente todos os moradores eram seus clientes. E, dentro da casa, ele foi morto.

O corpo foi jogado às margens do arroio que corta a vila. Um vizinho ainda socorreu o menino, mas não adiantou.

Na segunda-feira, a Escola Municipal Professora Guilhermina do Amaral, onde Kelvin cursava o quarto ano do ensino fundamental, ficou fechada.

- O sonho dele era um dia se tornar biólogo. Mas não deixaram - lamenta a mãe.

Traficantes foram os executores

O delegado Maurício Barcellos, da 1ª DP de Alvorada, solicitou à Justiça as prisões dos dois assassinos, já identificados. Um deles saiu do Presídio Central há oito dias e já é suspeito de dois homicídios e duas tentativas.

Os crimes têm relação com a disputa pelo tráfico no Bairro Umbu. A morte do menino não se inclui neste grupo. A suspeita inicial, de que ele teria dado informações a rivais dos suspeitos, está descartada.

Uma das hipóteses é de que Kelvin pode ter sido morto por ser uma criança inocente em meio a criminosos.

- Ele pode ter comentado com a vizinhança alguma coisa que desagradou aos traficantes - acredita Maurício.

A polícia não descarta, no entanto, que o crime tenha sido por pura maldade.


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