Copa 2014 - Liga dos Fanáticos



Nem tão modelo assim

Maioria dos projetos determinados há cinco anos, quando Curitiba virou sede da Copa, não foi concluída

Com maior parte das obras de mobilidade empurradas para Maio, capital paranaense parece não fazer jus a alcunha de "cidade modelo".

17/04/2014 - 18h01min

Atualizada em: 17/04/2014 - 18h01min


Cidade corre contra o tempo com obras de estrutura para transmissão de TV.

Se quando foi confirmada como sede da Copa, Curitiba queria ser exemplo de infraestrutura e desenvolvimento urbano agora, restando menos de dois meses para o início do evento, ainda há vários pontos de alerta para a meta ser cumprida. A maior parte das obras de mobilidade urbana ainda não foi entregue, com a prefeitura ampliando o prazo de conclusão para maio de 2014 - na mesma época em que as obras na Arena da Baixada estarão concluídas.

Tanto no estádio quanto em obras de planejamento urbano, há diferença entre o que foi projetado há cinco anos, quando a cidade foi confirmada como sede do mundial, e o executado, trazendo reflexos principalmente para o legado da Copa, já que a maior parte dos trabalhos não executados são justamente os de mobilidade, sem prejuízos diretos para o evento em si.

Na Arena, palco de quatro jogos na Copa, duas inovações foram colocadas de lado. A principal delas é o teto retrátil, grande diferencial no projeto por ter uma estrutura de "abre e fecha" na cobertura do gramado, inédita no Brasil. Por recomendação da Fifa devido ao alto custo, o Atlético Paranaense, proprietário do estádio e responsável pela execução das obras, preferiu adiar a implantação. Outra proposta colocada de lado foi a implantação de um painel com 1.600 m2 na fachada do estádio, com informações sobre jogos e outros eventos.

- O telão e a cobertura retrátil não fazem parte do orçamento da obra, os recursos não entraram no orçamento desses dois itens e entrarão para o depois da Copa, quando tivermos condições - afirmou o presidente do clube, Mario Celso Petraglia, completando que no início do próximo mês todas as obras na Arena serão finalizadas, com o estádio podendo receber mais um ou dois eventos-testes antes da entrega à Fifa. No total, as obras no estádio paranaense custaram R$ 330 milhões.


Projeto da Arena da Baixada, com telão da fachada e teto retrátil, que não serão instalados até a Copa.

Foto: Divulgação / CAP S/A

Na área de mobilidade urbana, foram investidos R$ 623 milhões em 11 projetos, todos com entrega adiada para o próximo mês. Desses, ficaram para trás o Corredor Metropolitano, que integra os municípios da região metropolitana e as vias radiais, totalizando 79 quilômetros, a reestruturação completa no aeroporto Afonso Pena - apenas parte da obra será finalizada até a Copa, com a reforma completa sendo entregue apenas em março de 2016.

Outro ponto de preocupação é o corredor entre o aeroporto e a rodoviária, com vários trechos ainda inacabados. No entanto, o secretário municipal de Obras Públicas, Sérgio Antoniasse, garantiu que todas estarão prontas até o início do Mundial.

- Tivemos um grande trabalho para fazer os ajustes necessários, mas conseguimos colocar em andamento todas as obras. As mais complexas estão adiantadas e por isso acreditamos que poderemos entregá-las antes do início da Copa - disse, demonstrando otimismo com a imagem que Curitiba mostrará para visitantes e moradores durante a Copa.

Outros projetos, desenhados juntamente com a candidatura da cidade para o Mundial, como o metrô, novo anel ferroviário entre os contornos norte e sul, reformas em vias importantes como a Visconde de Guarapuava e a Cândido de Abreu sequer saíram do papel.

Quanto às estruturas temporárias, a maior perda foi a não indicação da cidade para ser a sede do centro de imprensa da Copa - sediada no Rio de Janeiro, e a redução de três para um fan fest, inicialmente projetados para o Jardim Botânico, Parque Barigui e Pedreira Paulo Leminski, com instalação efetiva apenas no último.

A cidade ainda corre contra o tempo para finalizar toda a estrutura para Broadcast Compound (estrutura para transmissão de tevê). Há duas semanas a prefeitura iniciou a instalação da estrutura metálica que sustentará os cabos de transmissão de TV dos jogos, a 180 metros da entrada do estádio, com prazo de finalização em 40 dias. À parte, está em fase de finalização a obra no prédio metálico de acesso às áreas vips e área de imprensa, última etapa a ser finalizada de acordo com o cronograma, com previsão de entrega no fim do mês.


Obras da estrutura para Broadcast Compound, em Curitiba.
Foto: Divulgação / CAP S/A

Outro ponto de preocupação é com o número de táxis na cidade. Esta semana, a prefeitura entregou as primeiras autorizações para ampliação no serviço - o projeto é incluir 750 novos carros, ampliando a frota para 3.002 veículos. No entanto, até o Mundial, apenas 640 novos carros deverão estar circulando - mesmo com o aumento, o número estará abaixo do parâmetro mundial, que estabelece como patamar ideal um táxi para cada 300 habitantes e na capital paranaense haverá, em média, um para cada 583 habitantes fora os visitantes que estarão na cidade durante o evento.

 

Mobilidade urbana preocupa

Obras em andamento com previsão de entrega até maio:

· Corredor aeroporto-rodoferroviária: pavimentação, calçadas, ciclovias e iluminação.

· Linha Verde Sul: inclusão de dez pistas de rolamento, incluindo novas canaletas para ônibus, iluminação, calçadas e pavimento num trecho que liga dois extremos da cidade, passando pelo centro e o bairro Água Verde, onde está a Arena da Baixada.

· Rodoferroviária: reforma e modernização com nova área de embarque e praça de alimentação, ambiente climatizado, elevadores, escadas rolantes e adequação do sistema viário no entorno.

· Avenida Marechal Floriano: via de acesso até o centro e que também interliga o aeroporto à área central.

· Sistema Integrado de Monitoramento: instalação de 89 câmeras e 44 painéis eletrônicos de informação nas ruas. Estão previstas também outras 622 câmeras para monitoramento dos terminais e estações tubo. Já funcionam 14 painéis e 300 câmeras.


Av. das Torres, que interliga o aeroporto de Curitiba à cidade, que é um dos pontos mais críticos, pois tem vários trechos ainda em obras.

Foto: Divulgação / CAP S/A

Obras que não serão entregues até a Copa:

· Corredor Metropolitano: integra os municípios da região metropolitana e as vias radiais, totalizando 79 quilômetros, sendo transferida do PAC da Copa para o PAC da Mobilidade

· Aeroporto Afonso Pena: são três obras, sendo que a reforma da pista para táxi das aeronaves está concluída. A ampliação do terminal de passageiros e a ampliação do pátio das aeronaves devem ser entregues parcialmente até maio deste ano - para atender a demanda da Copa. As demais reformas só serão concluídas em março de 2016. Uma segunda etapa está prevista, com finalização em março de 2016.

 

Obras que sequer saíram do papel:

· Metrô: apontado em 2007 como carro chefe no legado da Copa e orçado em R$ 4 bilhões, entre estudos, projetos de engenharia e a linha de 22 km, teve a fase inicial reduzida e com custo estimado em R$ 5,4 bilhões. O projeto foi excluído da Copa, com a obra começando no segundo semestre de 2014 com conclusão prevista para 2019.

· Anel Ferroviário: construção de uma ferrovia paralela aos contornos Norte e Sul, que foi excluído da Copa.

· Obras na Avenida Visconde de Guarapuava: inclusão de pista de rolamento e ciclovia, com investimento de R$ 6 milhões, mas excluída do projeto Copa.

· Obras na Avenida Cândido de Abreu: reformas e adaptações da via, com implantação do ônibus Ligeirão interligando o Museu do Olho ao Aeroporto Afonso Pena, mas excluída da Copa.

· Fan Parks: estrutura de fan fest no Jardim Botânico, Parque Barigui e Pedreira Paulo Leminski. Desses, apenas a Pedreira foi mantida, com investimentos na casa de R$ 10 milhões.


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