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Caso Bernardo

Pai de Bernardo falava do garoto "no passado" antes de ser preso, diz madrinha

Clarissa Oliveira começou a acreditar no envolvimento de Leandro Boldrini no crime após conversas com ele no período em que Bernardo estava desaparecido

21/04/2014 - 05h03min

Atualizada em: 21/04/2014 - 05h03min


Relembre o caso 

Clarrisa costumava receber Bernardo em casa nas férias de inverno e verão

A madrinha do menino Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, não consegue tirar da cabeça a conversa que teve com o pai do garoto no dia 14 de abril, às 16h, data em que o corpo de Bernardo foi achado sem vida em uma cova na cidade de Frederico Westphalen. Impressionada com a frieza do médico cirurgião Leandro Boldrini, 38 anos, ela começou a acreditar que ele tem envolvimento com o assassinato quando ouviu: "tá, se acharem ele morto, daí a gente vê o que faz". Horas depois, Boldrini era preso.

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Segundo Clarissa Oliveira, o médico falava do menino no passado enquanto ele estava desaparecido - entre 4 e 14 de abril -, como se já soubesse da morte do filho. Leandro está recolhido junto com Graciele Ugulini, 32 anos (madrasta da vítima), e a assistente social Edelvania Wirganovicz, que confessou o crime à Polícia Civil e deu detalhes da participação dela e de Graciele à delegada Caroline Bamberg, em depoimento.

- Ele falava no passado e eu ficava cada vez mais apavorada. A minha dúvida, hoje, é a seguinte: ele participou do plano ou ficou sabendo durante a semana?

Clarissa era muito próxima de Bernardo. Nas férias de inverno e verão, o garoto sempre ia para Santa Maria, onde ela mora com o marido, Ary Ribeiro, e ficava vários dias na companhia dos padrinhos. O último verão foi parte na cidade, parte na praia de Capão da Canoa. O Réveillon foi comemorado por Bernardo na casa de Clarissa. Ela mantinha uma boa relação com Leandro Boldrini e nunca teve atritos com ele, até o sumiço da criança.

- Nunca o vi como uma pessoa má, mas lendo o depoimento de Edelvania (divulgado por Zero Hora), comecei a acreditar na culpa dele. Lembrei que no dia 7, ele me ligou e disse assim: "dinda, tem um problema, o Bernardo desapareceu. É, né, mais uma dele", como se fosse uma arte. Eu questionei como ele não percebeu a ausência do filho durante três dias? Fui ligando os pontos depois.

Ary não conteve a raiva contra Leandro em uma conversa telefônica já durante o desaparecimento do afilhado. Enquanto ele e a mulher ficavam o dia inteiro nas redes sociais mobilizando as pessoas a divulgarem a foto de Bernardo e buscarem informações, o pai do garoto estava dormindo em casa, segundo ele:

- Liguei duas vezes na segunda-feira (dia 7) e ele estava dormindo. Não consegui me controlar, xinguei mesmo, e fui xingado. Ele disse que ia me denunciar por calúnia. Eu disse "todo mundo está na rua atrás dele e tu estás dormindo em casa!".

Outra coisa que intriga os padrinhos de Bernardo é que, cerca de quatro meses antes do assassinato, o telefone do garoto tocava diversas vezes e, quando ele atendia, ninguém respondia. O número não era identificado. O aparelho foi recolhido pela Polícia Civil, que ainda não divulgou as investigaçõe sobre a quebra dos sigilos telefônicos dos suspeitos de cometer o homicídio.

Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, desapareceu no dia 4 de abril, uma sexta-feira, em Três Passos, município do Noroeste. De acordo com o pai, o médico cirurgião Leandro Boldrini, 38 anos, ele teria ido à tarde para a cidade de Frederico Westphalen com a madrasta, Graciele Ugolini, 32 anos, para comprar uma TV.

De volta a Três Passos, o menino teria dito que passaria o final de semana na casa de um amigo. Como no domingo ele não retornou, o pai acionou a polícia. Boldrini chegou a contatar uma rádio local para anunciar o desaparecimento. Cartazes com fotos de Bernardo foram espalhados pela cidade, por Santa Maria e Passo Fundo.

Na noite de segunda-feira, dia 14, o corpo do menino foi encontrado no interior de Frederico Westphalen dentro de um saco plástico e enterrado às margens do Rio Mico, na localidade de Linha São Francisco, interior do município.

Segundo a Polícia Civil, Bernardo foi dopado antes de ser morto com uma injeção letal no dia 4. Seu corpo foi velado em Santa Maria e sepultado na mesma cidade. No dia 14, foram presos o médico Leandro Boldrini - que tem uma clínica particular em Três Passos e atua no hospital do município -, a madrasta e uma terceira pessoa, identificada como Edelvania Wirganovicz, 40 anos, que colaborou com a identificação do corpo. O casal aparentava uma vida dupla, segundo relatos de amigos e vizinhos.


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