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Vacina contra hepatite A passa a integrar a caderneta infantil

A imunização contra o vírus que afeta o fígado passa a ser obrigatória e será oferecida nos postos do SUS. O objetivo é prevenir que 3 milhões de crianças entre 12 meses e dois anos incompletos contraiam a doença de fácil transmissão

29/07/2014 - 21h41min

Atualizada em: 29/07/2014 - 21h41min



Palácio Piratini / divulgação

Mães de filhos pequerruchos devem ficar atentas à necessidade de mais uma vacina. Desde ontem, está incorporada ao calendário infantil a imunização obrigatória contra a hepatite A, que será oferecida gratuitamente nos postos do Sistema Único de Saúde (SUS).

Cada Estado e cidade definirá a data de início. Porto Alegre optou pela segunda quinzena de agosto. A meta é proteger 3 milhões de crianças em todo o país, sendo 139 mil no Rio Grande do Sul, na faixa etária entre os 12 meses e os dois anos incompletos, contra a doença infecciosa que afeta o fígado de forma severa.

O anúncio foi feito pelo ministro da Saúde, Arthur Chioro, na manhã de ontem. O plano é controlar a doença, que grassa especialmente nas regiões com saneamento precário, até imunizar a totalidade da população nos próximos anos. Nessa primeira etapa, o governo investiu R$ 111 milhões na compra de 5,6 milhões de doses.

- A partir do momento em que podemos reduzir cerca de 65% dos casos sintomáticos da doença e 59% dos óbitos, temos absoluta convicção de que o investimento vale a pena - destaca o ministro.

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Entre 1999 e 2013, o país registrou mais de 151 mil casos de hepatite A - dado considerado subestimado pelo governo. No Estado, os registros de hepatite A estão decaindo: foram 153 notificações em 2013, contra 260 do ano anterior. A coordenadora do Núcleo de Imunizações da Secretaria Estadual da Saúde (SES), Tani Ranieri, diz que metade dos municípios já está apta a começar a vacinação. Foram distribuídas 56,9 mil doses - outro lote virá do Ministério da Saúde mais adiante.

- É uma vacina a mais, que entrará na rotina - anuncia Tani.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim) vinham recomendando que postos proporcionassem gratuitamente a vacina contra a hepatite A. Aproveitando o transcurso do Dia Mundial de Luta contra Hepatites Virais, celebrado na segunda-feira, o Ministério da Saúde fez o anúncio.

Pediatras já
prescreviam

O médico Juarez Cunha, dos comitês de Infectologia e de Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, elogia a medida. Diz que o Brasil passa a dispor de um calendário de vacinação completo, equiparável aos melhores do mundo. A vacina é feita com o vírus inativado.

- É uma ótima notícia. Essa vacina contra a hepatite A é 100% eficaz e segura - garante Cunha.

Também integrante do comitê de ética da Sbim, Cunha observa que clínicas privadas, normalmente, aplicam duas doses da vacina, com um intervalo de seis meses. Mas assegura que a dose única supre a necessidade. Lembra que a Argentina já lançou programa semelhante, com uma só imunização, obtendo resultados positivos.

- Na Argentina, a principal causa de transplante de fígado era o vírus da hepatite A. Com a vacinação em dose única, praticamente não tiveram mais transplante por esse motivo - diz o infectologista.  

Injeção eficaz e segura, sem reações incômodas

A vacina contra a hepatite A não deve causar reações incômodas, é eficaz e segura, tanto que pode ser tomada paralelamente a outras imunizações previstas no calendário básico infantil. Será aplicada nas crianças por meio de injeção, nos postos do SUS, de forma gratuita. A garantia de qualidade é do Ministério da Saúde, que se associou ao laboratório Merck Sharp & Dohme Farmacêutica, o qual irá transferir a tecnologia e a fórmula ao Instituto Butantan, de São Paulo.

A taxa de incidência da hepatite A vem caindo no país, desde 2006, mas ainda atinge a média de 3,2 casos para cada 100 mil habitantes. Apesar da tendência de queda, o Ministério da Saúde lançou a vacina porque os números seguem alarmantes. De 1999 a 2013, foram registrados 151 mil episódios. Entre 2009 e 2012, morreram 761 pacientes no Brasil.

A ocorrência da hepatite A também despenca no Rio Grande do Sul, em função da maior vigilância sanitária, da expansão da rede de esgoto e de água potável e das campanhas sobre cuidados de higiene. A região Sul tem 16,3% dos casos. No entanto, o Norte e Nordeste do país, juntos, representam 55,8% da incidência.

A faixa etária escolhida - crianças de 12 meses até dois anos incompletos - não foi aleatória. A coordenadora do Núcleo de Imunizações da Secretaria Estadual da Saúde (SES), Tani Ranieri, diz que o Ministério elegeu o público alvo com maior impacto na incidência. E já projetando ações futuras, a partir da experiência testada em outros países. Mas nada impede que outras pessoas, inclusive adultas, tomem a vacina em clínicas privadas, desde que consultem o médico antes.

Não será uma vacina de campanha isolada, os pais não precisarão correr aos postos de saúde com seus filhos. Ela entrará na rotina como imunobiológico, permanecendo no calendário da criança.



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