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Conheça o curso que transforma homens em sedutores

Workshop ensina homens comuns a se tornarem mestres na arte da conquista

22/08/2014 - 21h00min

Atualizada em: 22/08/2014 - 21h00min


Felipe Martini
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Bruno Alencastro / Agencia RBS
Curso de sedução ensina técnicas de abordagem e linguagem corporal

Às 19h de uma sexta-feira nublada de novembro de 2013, o Bootcamp (treinamento intensivo de sedução) começa por uma apresentação informal. No centro de convenções de um hotel no Centro da Capital, um tímido gordinho de olhos azuis confessa:

- Não sou antissocial, mas tenho muita dificuldade de me relacionar com mulheres.

Em seguida, um moreno, baixo, de mais ou menos 30 anos e com sotaque interiorano pede a palavra.

- Fui militar durante quatro anos, o sistema recluso e a convivência diária com homens me deixou travado para abordar mulheres. Tive um namoro frustrado e agora que estou solteiro e quero aproveitar essa fase - diz.

Um a um, os sete alunos, vindos de diferentes partes do Rio Grande do Sul, se apresentaram. Em comum, além da recente retirada de cerca de R$ 1,2 mil da conta bancária, um objetivo: aprender a seduzir mulheres.

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O Bootcamp é um dos cursos oferecidos pela PUA Training, uma empresa que oferece serviços de coaching e consultoria de imagem para homens heterossexuais, com sede em Londres desde 2007. A filial brasileira começou no início de 2011, trazida pelo empresário carioca Fernando Fenix. As técnicas ensinadas se baseiam no livro "A arte natural da sedução" , da Editora Sextantede, escrito por Richard La Ruina, artista da sedução e fundador da sede britânica. As inscrições podem ser feitas através do site.

Em Porto Alegre, o workshop é ministrado por ex-alunos de Fenix, o estudante de Engenharia Rafael Antunes e pelo professor de Educação Física Ricardo Silva. O curso dura três dias e se divide em aulas teóricas e práticas. Primeiro, os participantes conversam sobre quais são os seus problemas e recebem dicas dos instrutores para melhorar suas habilidades sociais. Depois, nos chamados games, põem à prova os ensinamentos.

Os instrutores começaram o curso, expondo questões referentes à linguagem corporal, abordagem e características do macho alfa.

- O macho alfa precisa ter confiança, senso de liderança e uma linguagem corporal relaxada e empática - explica Ricardo.

- O importante na hora de abordar uma mulher é não ter medo de rejeição. É aconselhável não criar barreiras, não idealizar o momento perfeito. É preciso agir - complementa Rafael.

Após mais de 3 horas de explicação e conversa, o grupo partiu para o primeiro teste prático, também chamado de night game. Numa famosa balada sertaneja da Capital, os pupilos da sedução tinham um objetivo claro dado pelos instrutores. A missão daquela noite não era sair beijando toda a festa mas, sim, "abrir sets", ou seja, incluir-se no grupo feminino onde está o alvo, a menina desejada.

Muitos dos aprendizes sofreram de AA (ansiedade de aproximação). Após muitas tentativas e abordagens, a meta foi cumprida. Todos os alunos abordaram o número de mulheres estipulado pela meta.

2° dia

O começo do segundo dia serviu para avaliar a performance dos aprendizes. Guilherme*, estudante universitário, comentou a experiência:

- Sou tímido e meu peso sempre esteve ligado à minha autoestima. O desafio prático me mostrou que isso é uma crença limitante. Eu nunca tinha chegado em ninguém numa balada e ontem consegui abordar cinco. No início fiquei ansioso mas depois relaxei e curti.

Após os feedbacks, os instrutores deram dicas de abordagem para o chamado Day Game (abordagem diurna). Segundo os especialistas, as técnicas são diferentes, o nervosismo para abordar mulheres à luz do dia é normal e o approach tem que parecer espontâneo e despretensioso. Após a aula teórica, os alunos foram levados ao Parque Farroupilha com uma meta clara: aproximar-se de três mulheres e conseguir seus telefones ou seus perfis de Facebook. Após algumas horas, todos os estudantes voltaram sorridentes e com suas agendas mais recheadas.

No sábado à noite, todos retornaram ao hotel para mais aulas teóricas, onde foram exploradas técnicas de conversação, como gerar atração e como usar o toque.

- O toque tem que ser feito de forma escalada. Primeiro pegar na mão ou mexer no cabelo dela, depois abraça-la para só então tentar o beijo. Ela precisa se sentir a vontade com esse contato físico para relaxar e criar intimidade - explica o instrutor.

Após a aula, a parte prática foi numa balada eletrônica da Capital. O ex-militar Alexandre*, mais relaxado que na noite anterior, aplicou as dicas e prosperou:

- Consegui ficar com uma menina e pegar mais dois telefones. O meu crescimento pessoal foi absurdo - afirmou.

3° dia

O último dia de Bootcamp começou com uma reunião num grande shopping da Capital. Os alunos tiveram que se aperfeiçoar nas abordagens diurnas. Guilherme estava desmotivado. Apesar de perder o medo de conversar com pessoas do sexo oposto, não tinha conseguido sequer pegar um telefone no final de semana. Após uma volta para "mapear o terreno", ele vira eufórico pra mim e diz:

- Uma guria olhou pra mim e sorriu. Foi antes de subir a escada rolante - me avisou

- Então desce e vá falar com ela - aconselhei.

- Mas ela está sentada numa mesa com a mãe e com a irmã - ponderou.

Após algumas palavras de encorajamento e motivação, Guilherme tomou coragem e foi de peito aberto falar com a morena de semblante tímido, com quem tinha trocado olhares. Assisti a cena incrédulo. Após abordar a menina, ela o convidou para sentar, sorriu e ao final deu seu telefone. Como se tivesse ganho uma Copa do Mundo, o estudante veio eufórico me mostrar o troféu conquistado.

- Consegui. Consegui. Nunca tinha sentido algo assim. Estou muito feliz comigo mesmo - gaguejou em êxtase.

Após o exercício, os instrutores deram um feedback de cada um no curso. Os alunos se mostraram satisfeitos com o resultado e alguns até afirmaram que aquele final de semana tinha mudado suas vidas.

- É uma mudança gradativa. Sou outro homem, mais confiante e comunicativo. Descobri que muitos medos que eu tinha eram infundados e por isso o curso valeu a pena - concluiu Alexandre.

*Os nomes verdadeiros dos alunos foram trocados para preservar os entrevistados.


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