Eleições 2014



Ruído na aliança

PSDB se queixa da falta de apoio do PP para Aécio no Rio Grande do Sul

Declaração de Ana Amélia sobre Marina reforçou, entre líderes do PSDB, a impressão de que o partido da senadora não está se esforçando para fazer deslanchar a campanha do candidato no RS

30/08/2014 - 04h01min

Atualizada em: 30/08/2014 - 04h01min


Juliana Bublitz
Juliana Bublitz
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Fernando Gomes / Agencia RBS
No dia 2, em comício na Capital, Aécio lançou estratégia de colar sua imagem à da candidata que lidera no Estado

A falta de visibilidade da campanha presidencial de Aécio Neves (PSDB) no Rio Grande do Sul, onde o candidato tem o apoio de Ana Amélia Lemos (PP), está azedando a relação entre os dois partidos. Nos bastidores, a avaliação de líderes do PSDB é de que a aliança com a senadora - líder nas pesquisas ao governo do Estado - não está produzindo o efeito esperado.

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Além disso, o PP gaúcho dá sinais de que pode apoiar Marina Silva (PSB) num eventual segundo turno contra Dilma Rousseff (PT). Temendo uma guinada dos aliados, correligionários de Aécio não gostaram de um comentário de Ana Amélia sobre Marina e seu vice, Beto Albuquerque (PSB), no debate de quinta-feira, na Band. A declaração da senadora deu margem a interpretações de que Dilma será derrotada pela ambientalista.

Ao coligar-se ao PP no Estado, o PSDB abriu mão das vagas de vice de Ana Amélia e ao Senado em troca de um palanque forte para Aécio. Embora a candidata continue fiel ao mineiro, a baixa adesão do PP à candidatura é motivo de irritação entre os tucanos.

- Confiamos na senadora e sabemos que está do nosso lado. Mas os deputados do PP não estão fazendo campanha para Aécio - diz um membro do PSDB.

No início do mês, o ex-governador de Minas participou de um comício com Ana Amélia em Porto Alegre e ficou incomodado ao ver poucas bandeiras de seu partido. Faltaram mãos dispostas a carregar mil flâmulas enviadas pelo diretório nacional para a ocasião.

Presidente estadual do PP, Celso Bernardi garante que a sigla segue apostando tudo no candidato. Nos programas eleitorais de Ana Amélia, assegura o dirigente, a legenda só não tem exibido imagens do tucano por questões legais, uma vez que, em nível nacional, o PP está coligado com Dilma.

Duas pesquisas, feitas no intervalo de 20 dias, mostram que tucano não acompanhou desempenho de candidata do PP no RS

Ibope (13 a 16/7)
Registro no TSE: BR-00224/2014
Ana Amélia: 37%
Aécio: 23%

Ibope (2 a 5/8)
Registro no TSE: BR-00310/2014
Ana Amélia: 36%
Aécio: 24%

Sigla aposta em candidato, mas não descarta Marina no segundo turno

No debate de quinta-feira, na Band, Ana Amélia foi questionada sobre críticas de Aécio em relação à inexperiência administrativa de Marina. Em resposta, a senadora lembrou que a mesma avaliação foi feita por Dilma para "tentar reduzir a capacidade e o potencial eleitoral de Marina".

- Quem mais perde com Marina é o PT e a candidata Dilma, porque perderá não só a disputa, mas 12 anos de um projeto de poder. Essa é a situação - afirmou Ana Amélia.

Ela também enfatizou a "posição de destaque" assumida por Beto Albuquerque (PSB) ao lado de Marina. Meses atrás, ele liderava as tratativas com o PP e com a própria senadora para uma possível aliança com Eduardo Campos (PSB), morto em desastre aéreo. A coalizão não saiu por conta de resistências de ambos os lados.

Agora, embora o PP evite o assunto e assegure acreditar no crescimento de Aécio, tudo pode mudar se Marina chegar ao segundo turno contra Dilma.

- Assumimos um compromisso com Aécio e vamos lutar por ele até o fim, porque acreditamos que é a melhor opção. Mas é evidente que o partido quer quebrar o ciclo do PT no poder e, para isso, vai fazer o que for necessário - afirma Bernardi.

A adesão tardia ainda dependeria de outro fator, que Bernardi considera possível: a flexibilização do discurso de Marina, em especial no que diz respeito ao agronegócio.


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