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Caso Bernardo

"Vamos ver quem vai para baixo da terra primeiro", disse madrasta a Bernardo

Vídeo entregue à Justiça na última semana reforça tese da acusação de que Leandro Boldrini presenciou ameaças de morte e não impediu assassinato do garoto Bernardo

26/08/2014 - 11h12min

Atualizada em: 26/08/2014 - 11h12min


Reprodução / Reprodução

Em uma noite de sábado em Três Passos, após uma briga entre Graciele Ugulini e o enteado Bernardo Uglione Boldrini, a madrasta - presa sob acusação de ter assassinado o garoto - o ameaçou, em frente ao médico Leandro Boldrini, pai de Bernardo:

- Vamos ver quem vai para baixo da terra primeiro.

A ameaça de morte foi registrada em um vídeo, gravado pela própria Graciele, no telefone celular de Boldrini. A revelação foi feita a ZH na manhã desta terça-feira pela Polícia Civil de Três Passos.

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Uma policial, responsável por fazer a transcrição do vídeo e entregar o documento oficial junto às imagens à Justiça, afirmou que a intenção de Graciele era registrar a agressividade do garoto contra ela e o pai. Porém, a briga saiu do controle e Bernardo foi ameaçado de morte. No vídeo, Boldrini, além de não fazer nada para acabar com a discussão, ainda mandou o menino "calar a boca". Bernardo berrou por socorro diversas vezes, até que a Brigada Militar foi chamada à residência para verificar o que estava ocorrendo.

- Vai lá agora, seu cagão, cagão - ironizou Graciele na chegada dos policiais.

Boldrini permanecia imóvel. O médico apagou o vídeo do celular depois que o menino foi assassinado, mas técnicos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) conseguiram recuperar as imagens. Agora, elas reforçam a acusação e se constituem como elementos materiais importantes para comprovar que o médico não só sabia da situação como não tomava atitudes para preservar a integridade física do filho.

O advogado de Boldrini, Jader Marques, reclamou que não teve acesso à prova pericial e que só se manifestaria depois de ver o vídeo. Na chegada ao Foro de Três Passos na manhã desta terça-feira, a delegada Caroline Bamberg, que conduziu a investigação do caso, ressaltou que o vídeo é "revelador" e comprova a conduta criminosa do pai de Bernardo:

- Elas (as imagens) demonstram bem o comportamento de Boldrini dentro da casa. Inclusive com várias ameaças da Graciele na frente do pai, ameaças de morte. Ainda há perícias para vir, de outros telefones e acesso à internet, e quebras de sigilo bancário. Com certeza, ele (Boldrini) presenciava os maus tratos dentro de casa e maltratava também o guri. Não é só omissão. Desde o início eu venho falando isso, que ele tem participação. Ele sabia, foi um dos mentores do crime, temos certeza absoluta disso.

Por volta das 9h, Evandro Wirganovicz - acusado de ter ajudado a cavar a cova em que Bernardo foi enterrado, às margens de um rio em Frederico Westphalen - chegou ao local e foi hostilizado, com gritos de "assassino". A irmã de Evandro, Edelvânia Wirganovicz, presa por ter ajudado a madrasta no crime, apareceu no Foro cerca de 20 minutos depois e foi recebida com gritos de "bruxa" e "assassina".

A audiência que ocorre na manhã desta terça-feira, no Foro de Três Passos, reúne 33 testemunhas que residem na cidade. Elas prestam depoimento em frente aos irmãos Edelvânia e Evandro, detidos por envolvimento no crime. É a primeira audiência do caso. Ao todo, 77 pessoas falarão antes do julgamento, em Júri Popular ou não, ainda sem data prevista.

Conforme a Justiça, a data do julgamento de Edelvânia e Evandro Wirganovicz, Leandro Boldrini e Graciele Ugulini ainda não está definida. O Ministério Público arrolou 25 testemunhas, e as defesas, 52.

Veja como teria ocorrido o crime:


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