Trânsito



Perigo aos pedestres

38% das mortes por atropelamento são causadas por ônibus na Capital

Dados consolidados de 2013 mostram participação expressiva de coletivos em fatalidades - só neste mês, duas pessoas foram vítimas

15/09/2014 - 06h02min

Atualizada em: 15/09/2014 - 06h02min


Fernanda da Costa
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Lauro Alves / Agencia RBS
A vítima estava acompanhada da filha e do sobrinho

O sinal estava amarelo quando Fátima dos Santos, 52 anos, a filha e o sobrinho decidiram atravessar a Avenida João Pessoa, em Porto Alegre. Mesmo na faixa de segurança, o trio acabou atropelado por um ônibus. Fátima morreu no local, a filha ficou ferida e o sobrinho quebrou a clavícula.

O acidente, que aconteceu no feriado de 7 de setembro, foi seguido por um caso semelhante. Quatro dias depois, outro pedestre morreu atropelado por um coletivo na Capital. As ocorrências deste mês serão somadas a uma estatística alarmante: coletivos têm alta participação nas mortes de pedestres.

Em 2013, ônibus e lotações foram responsáveis por 38% dos atropelamentos com morte em Porto Alegre. Neste ano, até julho, sete pessoas morreram atropeladas por coletivos na capital gaúcha - o que diminui o percentual para 22%.

Os dados preliminares de 2014 sugerem redução: entre janeiro e julho de 2013, haviam sido 12 mortes, contra as sete atuais. Porém, não contabilizam as mortes mais recentes. Ainda assim, o percentual na Capital supera o de São Paulo, onde os veículos de transporte coletivo causaram 20% das mortes por atropelamento no último ano.

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Nos últimos anos, a curva vem sendo de crescimento. Dados da Empresa Pública de Transportes e Circulação (EPTC) mostram que as mortes por atropelamento causadas por ônibus e lotações em Porto Alegre quase dobraram entre 2011 e 2013, passando de 11 para 19.

No período, 149 pessoas perderam a vida vítimas de atropelamento em Porto Alegre, 45 delas devido a ocorrências com ônibus, o que representa 30% do total. Em São Paulo, onde 1.387 pessoas morreram atropeladas nos últimos três anos, 296 mortes foram causadas por coletivos, 21% do total de ocorrências.

Atropelamentos com morte em Porto Alegre | Create Infographics

Conforme o secretário de Mobilidade Urbana e diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari, a maioria dos atropelamentos com morte causados por ônibus é registrada fora dos corredores destinados aos veículos.

- Entre as ocorrências que acontecem nos corredores, analisamos que a maioria ocorre dentro das estações de embarque e desembarque, onde a possibilidade de manobra do motorista é restrita. Ou ele joga o ônibus para a estação, podendo causar danos a outros pedestres, ou para o muro - comenta Cappellari.

O coordenador do setor de Educação para o Trânsito da EPTC, Juranês Castro, afirma que o comportamento de risco de alguns pedestres contribui para o crescimento dos atropelamentos. Segundo ele, há pessoas que atravessam fora das faixas de segurança e não aguardam o sinal de permitida a travessia.

- Conforme o levantamento do grupo de estudos de acidentes da EPTC, cada vez mais é apontado o uso de medicamentos que alteram as capacidades psicomotoras pelos envolvidos nas ocorrências, o que seria outro fator de risco. Um simples medicamento para dor de cabeça, que pode causar sonolência, altera nossa capacidade de atenção no trânsito. Usar fones de ouvido também aumenta a distração - explica o coordenador.

Para que os atropelamentos por veículos coletivos diminuam em Porto Alegre, a EPTC participa da implantação de programas de redução de acidentes nas empresas de transporte, e pretende intensificar o trabalho de direção defensiva fora dos corredores de ônibus, além de seguir com a fiscalização da velocidade.

No mapa, veja os locais onde mais ocorrem atropelamentos em Porto Alegre:


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