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Semana Nacional de Trânsito

Ação usa números fictícios de acidentes para alertar para perigos no trânsito

Placas instaladas em Porto Alegre e Pelotas consideraram a percepção de moradores sobre cruzamentos perigosos

18/09/2014 - 18h40min

Atualizada em: 18/09/2014 - 18h40min


Bruna Vargas - de Tramandaí
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Thomaz Ballverdú / Divulgação
Número oficial de acidentes no cruzamento da Rua Domingos Crescêncio com a Av. João Pessoa é de seis de 2013 até agosto de 2014

Quantas vezes você olha para os lados antes de atravessar a rua ou cruzá-la de carro? E se você soubesse que o cruzamento onde você está já foi palco de dezenas de acidentes, quantas mais você olharia?

Preparada para a Semana Nacional do Trânsito, que teve início nesta quinta-feira, uma iniciativa de uma agência de publicidade de Pelotas em parceria com uma concessionária do mesmo município, convida motoristas e pedestres a dedicarem um olhar mais cuidadoso a suas travessias na cidade.

Desde segunda-feira, o projeto Be Careful instalou placas em quatro cruzamentos de Pelotas e dois de Porto Alegre, exibindo um número de acidentes baseado na percepção de moradores e população do entorno desses locais.

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- A ideia surgiu quando comecei a reparar que na esquina da minha casa, em Pelotas, tinha acidentes, alguns bem graves, quase toda a semana, mesmo sendo uma via pouco movimentada. Buscamos os números junto a fiscais de trânsito e resolvemos criar uma sinalização simples, com o intuito de chamar a atenção das pessoas para esses locais, muitos com sinalização precária - explica o publicitário Thomaz Ballverdú.

A iniciativa foi replicada na Capital em dois pontos: no cruzamento da Rua Domingos Crescêncio com a Avenida João Pessoa, e no das ruas Comendador Rodolfo Gomes com Múcio Teixeira. Em ambos os casos, os números emplacados, 106 no primeiro e 93 no segundo, estão bem acima dos registrados pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). A soma das ocorrências de 2013 até agosto de 2014 resulta em seis, nos dois casos.

Cruzamento das ruas Almirante Barroso e Gomes Carneiro, em Pelotas, teve 11 acidentes em 2012, segundo a prefeitura do município
Foto: Thomaz Ballverdú, Divulgação

Os idealizadores, no entanto, destacam que a superestimação dos dados - também feita em relação aos números de Pelotas - serviu para chamar a atenção da população para os perigos do trânsito. E que as não devem parar por aí. Segundo Thomaz, a ideia é que as pessoas passem a contribuir com o projeto, indicando novas vias, inclusive, de outras cidades, onde há muitos acidentes e pouca sinalização, pela página do projeto.

- Queremos chamar a atenção das autoridades para que a sinalização seja melhorada, o que vai melhorar também a segurança no trânsito - diz o publicitário.

O diretor-presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Vanderlei Cappellari, disse que, a princípio, ações que alertem para que as pessoas repensem suas atitudes no trânsito são positivas, mas exigem cautela quando envolvem sinalização. O responsável pela EPTC, que tomou conhecimento da iniciativa pela reportagem, questionou o projeto:

- Mas, se eles são de Pelotas, por que fizeram em Porto Alegre? - perguntou.

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Conforme Cappellari, qualquer ação que interfira na sinalização da Capital tem de ser conversada com a EPTC. Ainda assim, ele solicitou os cruzamentos sinalizados pelos publicitários para encaminhar um pedido de análise técnica.

- Chamar atenção para o comportamento violento das pessoas no trânsito é importante. A falha deles é não ter nos procurado. Se tu me disser quais são os cruzamentos, posso fazer uma análise. Para instalar um semáforo, é preciso um estudo técnico, uma equipe especializada para verificar demandas e ver se a sinaleira vem a melhorar. Às vezes, uma sinaleira mal instalada traz mais prejuízos que benefícios - avaliou Cappellari, que classificou a redução de acidentes com a prioridade "número um" da EPTC.

Até o fim de agosto, Porto Alegre registrou 12.226 acidentes de trânsito, número 17,8% menor que o registrado para o mesmo período de 2013. Já o número de acidentes que resultaram em mortes fez o caminho inverso: já está em 89, 11,3% a mais que nos oito primeiros meses do ano passado.


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