Eleições 2014



Fé sertaneja

Aécio Neves pede "ajuda" a Padre Cícero para crescer nas pesquisas

Em passagem pela Feira de São Cristóvão, no Rio, ele ganhou uma estátua do líder católico mais reverenciado pelos nordestinos

21/09/2014 - 20h50min

Atualizada em: 21/09/2014 - 20h50min


Divulgação / null
"À bênção meu padre Cícero, me ajuda aí", disse Aécio, arrancando risos de aliados e assessores que o acompanhavam

Em terceiro lugar nas pesquisas eleitorais, o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, apelou à fé sertaneja na esperança de uma "virada" na reta final da campanha. Em visita ao Centro de Tradições Nordestinas Luiz Gonzaga, na zona norte do Rio de Janeiro, o candidato pediu "ajuda" ao Padre Cícero (1844-1934), religioso venerado em todo o sertão nordestino pelos supostos milagres que teria realizado.

"À bênção meu padre Cícero, me ajuda aí", disse Aécio, arrancando risos de aliados e assessores que o acompanhavam. Neste domingo, na passagem pela Feira de São Cristóvão, como é conhecido o espaço de artesanato, gastronomia e cultura nordestina no Rio, o presidenciável ganhou uma estátua do líder católico mais reverenciado da região.

Prometeu, se eleito, resgatar a história do religioso e trabalhar por sua beatificação. Talvez a santa ajuda seja mesmo necessária. No Nordeste, Aécio tem seu pior desempenho em todo o País, amargando 8% da preferência do eleitorado, segundo o último levantamento do Datafolha.

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Para evitar uma rejeição ainda maior entre os nordestinos, onde o PT venceu em 2002, 2006 e 2010, o candidato transformou a visita de duas horas à feira em uma imersão na cultura regional. Aécio comeu queijo coalho no palito e almoçou baião de dois com carne do sol. Não dispensou o tradicional chapéu de cangaceiro e ainda posou para fotos ao lado da estátua do cantor e compositor Luiz Gonzaga.

Depois, prometeu aumentar em quatro vezes as verbas para a cultura, valorizando as manifestações tradicionais nordestinas. O candidato também circulou pelas lojas de artesanato, roupas e de músicas regionais, mas não arriscou passos de forró.
 
Repente e vaias

Ao ser anunciado por repentistas, foi alvo de tímidas vaias, logo abafadas por aplausos e gritos de "Aécio presidente", puxado por correligionários. À vontade com o improviso, arranhou ao lado de uma dupla de sanfoneiros versos de um repente. "Hoje eu não vou falar, hoje eu vou cantar! Chego sem medo/ porque sigo a trilha do velho avô Tancredo", cantou, desafinado.

Na passagem por uma livraria de cordel, recebeu um exemplar contando em versos a trajetória do avô. A visita do tucano pelas vias estreitas da feira causou tumulto e empurrões. Alguns visitantes olhavam curiosos para a comitiva sem reconhecer o candidato.

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- É o Fagner e um político - disse uma senhora, acenando para o cantor e compositor cearense Raimundo Fagner, padrinho da Feira e anfitrião da visita.
 
Alguns eleitores adversários não se furtaram à oportunidade de alfinetar o candidato.

- E o aeroporto, Aécio? - gritou uma mulher que distribuía adesivos de um candidato a deputado federal do PT. O tucano desviou o olhar e os acenos, e seguiu adiante, impassível. Do palco, um locutor exaltava a presença do "único candidato que veio à feira dos nordestinos", ao mesmo tempo em que pedia a Aécio que "governasse para os mais pobres".

Agência Estado


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