Trânsito



Freio nos coletivos

EPTC instala lombadas em corredores para reduzir velocidade de ônibus em Porto Alegre

Medida foi tomada para impedir atropelamentos - houve 33 casos desde o ano passado nas avenidas Bento Gonçalves e Teresópolis

30/09/2014 - 12h30min

Atualizada em: 30/09/2014 - 12h30min


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André Mags / Agencia RBS
Estrutura da Avenida Teresópolis fica na altura da Estação Guia Lopes

A imagem é estranha. No corredor de ônibus da Avenida Teresópolis, projetado para ser uma via livre e desimpedida para o transporte coletivo, há uma lombada no caminho.

Foi a alta velocidade de alguns motoristas em coletivos de Porto Alegre, com consequentes atropelamentos, que levou a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) a tomar essa medida extrema. O órgão instalou as lombadas perto da Estação Guia Lopes há cerca de 20 dias, nos dois sentidos da via. No início do ano, já havia feito a mesma coisa na Avenida Bento Gonçalves, nas proximidades da Estrada João de Oliveira Remião.

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- Entre o cumprimento do horário dos ônibus e a segurança dos pedestres, preferimos proteger a vida das pessoas - afirma o diretor-presidente da EPTC e secretário municipal de Mobilidade, Vanderlei Cappellari.

Na Teresópolis, aconteceram 21 atropelamentos entre 2013 e 2014. Na Bento, foram 12 no ano passado, muitos com gravidade, lembra Cappellari. Depois das lombadas, não houve novos casos. Mesmo com cursos, palestras e monitoramento, muitos motoristas continuam abusando da velocidade, mas o secretário pondera que às vezes o pedestre pode ter culpa:

- Tem até gente que pula o gradil. Pode não dar tempo de o motorista frear.


Foto: André Mags

A lombada da Teresópolis fica em frente à estação, e não antes da travessia de pedestres, como seria de se supor como o melhor local para ser instalada. Cappellari explica que a presença da lombada causa efeitos no trecho todo, e não só no ponto onde ela está. Para passar pelo equipamento, o motorista já reduz antes a velocidade.

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EPTC faz ajustes em tabelas, garante Cappellari

O secretário diz que o sistema BRT - que deve entrar em operação somente a partir de 2015 - eliminará a necessidade de lombada porque prevê um controle em tempo real dos veículos por GPS, possibilitando o monitoramento da velocidade. No entanto, caso os acidentes continuem acontecendo depois disso, Cappellari não descarta apostar de novo nas lombadas. Sobre as tabelas com horários apertados para cumprir, que levariam motoristas a acelerar, ele garante que a EPTC estuda os casos e faz os ajustes necessários, inclusive a partir de reclamações dos funcionários das empresas de ônibus.

Quer reclamar do serviço de ônibus? Vá ao site da EPTC

Engenheiro critica uso de quebra-molas

Engenheiro de transportes, professor da UFRGS e presidente da Embarq Brasil, Luis Antonio Lindau enaltece a preocupação em reduzir a velocidade dos ônibus para evitar acidentes, mas salienta que deveria ter sido escolhida outra forma de frear os veículos. Ele não lembra se há em algum lugar do país a alternativa da lombada física em corredores de ônibus.

- Não lembro de ter visto, mas não afirmo que não tenha. Dia desses andei por uma rodovia em Minas Gerais em que havia uma série de quebra-molas, um atrás do outro. Em países desenvolvidos não se usa esse tipo de lombada - observou.


Foto: André Mags

O problema da lombada física é o desconforto que causa no passageiro e a possibilidade de afetar a mecânica do veículo. O uso de GPS para flagrar motoristas em alta velocidade seria muito melhor, compara, assim como outra solução física que não imponha incômodos a quem viaja nos veículos.

No mapa, veja os locais onde mais ocorrem atropelamentos em Porto Alegre:


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