Grêmio



Depoimento

Gremista de ato racista depõe na quinta-feira em Porto Alegre

Patrícia Moreira da Silva prestará esclarecimentos na 4ª DP, em Porto Alegre, em horário ainda não confirmado

02/09/2014 - 12h21min

Atualizada em: 02/09/2014 - 12h21min


Ricardo Rímol / Agência Lancepress!
Patrícia está disposta a pedir desculpas ao goleiro do Santos, Aranha, após episódio envolvendo insultos raciais na Arena

A jovem Patrícia Moreira da Silva, flagrada chamando de macaco o goleiro do Santos Aranha na última quinta-feira, durante partida válida pela Copa do Brasil na Arena, vai prestar esclarecimentos à Polícia na próxima quinta-feira. O advogado dela, Alexandre Rossato, confirmou nesta terça-feira que ela vai se apresentar nesta data, mas não informou o horário e o teor do depoimento.

Ameaçada de morte, gremista de ato racista pedirá desculpas

Ontem, ZH conversou com um dos irmãos da gremista, que disse que ela quer pedir desculpas ao goleiro do Santos pelo episódio. Segundo ele, a menina não é racista e está desesperada com a repercussão do caso. Quatro horas depois de deixar a Arena após a derrota do Grêmio para o Santos por 2 a 0 pela Copa do Brasil, ela teve a real dimensão das consequências dos gritos.

Ainda na madrugada de sexta-feira, Patrícia começou a receber ameaças de morte e estupro pelo Whatsapp e teve de se refugiar na casa de familiares fora de Porto Alegre. Na noite de sexta-feira, a casa da garota gremista foi apedrejada por um vizinho:

Atos racistas levam Grêmio a suspender atividades da Geral
Polícia intima três torcedores a depor sobre injúria racial
O que ameaça o Grêmio é o clamor popular, diz especialista
"Isso sempre teve", diz torcedor negro que aparece em vídeo
Casa de gremista que cometeu ato racista na Arena é apedrejada

- Ela errou e admite. Nós temos consciência disso, mas ela nos disse que estava no embalo do jogo, da Geral do Grêmio. No momento certo, ela virá a público para se desculpar com o Aranha. É um momento muito difícil para nós todos, que nunca nos envolvemos em problemas com a Justiça - disse o irmão de Patrícia ouvido por ZH.

As hostilidades, que motivaram a gremista a excluir seus perfis nas redes sociais devido a um "linchamento" público, não ficaram restritas apenas a Patrícia. Uma das filhas do irmão dela, que é adolescente e colorada, não foi à escola na segunda-feira com medo de represálias dos colegas.

Os familiares temem uma pressão ainda maior após o julgamento da próxima quarta-feira, quando o Grêmio pode ser penalizado devido aos incidentes racistas e perder pontos ou mandos de campo em competições nacionais.

- Ela terá de se mudar, não tem mais condições de continuar no mesmo lugar (um bairro popular da zona norte de Porto Alegre). Queremos dizer ao Brasil que a Patrícia não é racista, ela agiu errado, mas tem muitos amigos negros, somos pessoas humildes, não merecemos todo esse linchamento que está ocorrendo - afirma o irmão dela.

Na manhã desta terça-feira, Rodrigo Rychter, identificado em imagens da Arena insultando o goleiro, negou à polícia ter praticado injúra racial. Além dele, o estudante de Ciências Contábeis Tiago Bulzing de Oliveira, 23 anos, chegou à 4ª DP para depor e disse que foi confundido com outra pessoa.

Assista ao vídeo do ato racista:

Geral tem atividades suspensas

O Conselho de Administração do Grêmio divulgou nota na tarde de segunda-feira na qual suspende por tempo indeterminado a torcida Geral de qualquer atividade relativa ao clube. Em quatro itens, o texto cita ainda que os cânticos entoados na partida de domingo, contra o Bahia, tiveram "claramente o objetivo de prejudicar" a agremiação.

Na prática, a medida é uma resposta do clube aos cânticos racistas entoados por integrantes da Geral nos últimos jogos. A torcida será impedida de ingressar na Arena com qualquer identificação, ou elemento que faça referência à organizada.

- Não entra pano, faixa, nenhuma identificação. Se forem à paisana, não há como impedir. Mas organizadamente, como torcida identificada, a Geral não poderá entrar na Arena - afirma Lauro Noguez, delegado de polícia aposentado e conselheiro nomeado por Fábio Koff para a assessoria especial de assuntos da torcida.

A Geral também será proibida de utilizar marcas de propriedade intelectual do clube. Caso a torcida comercialize produtos ligados ao Grêmio, poderá ser acionada por pirataria. 

Grêmio se manifestou contra o racismo no domingo:


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