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Entrevista

No "melhor ano da carreira", Grohe vê na Seleção sonho possível

Homem de confiança de Felipão está há 512 minutos sem tomar gols no Grêmio

20/09/2014 - 15h03min

Atualizada em: 20/09/2014 - 15h03min


Adriano de Carvalho
Adriano de Carvalho
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Luís Henrique Benfica
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Fernando Gomes / Agencia RBS

Marcelo Grohe soube esperar sua vez. Desde os primeiros passos no Grêmio, em 2006, precisou contentar-se com a reserva em nome da aposta dos técnicos em goleiros mais experientes. Até que Dida não teve seu contrato renovado no final do ano passado e ele surgiu como opção natural para a camisa 1.

A invencibilidade, que já se estende por 512 minutos, é apenas uma prova de sua qualidade. A inclusão de seu nome em uma das futuras listas de Dunga será um prêmio para o goleiro da equipe menos vazada do Brasileirão, com o Corinthians.

Fale sobre essa invencibilidade de 512 minutos.
É bom, né, cara? É a primeira vez na carreira que tenho essa marca, cinco partidas. Tinha alcançado só quatro. É mérito de toda a equipe, não só meu. Há jogos em que nem trabalho. O time todo marca forte, desde o ataque, ajuda bastante a gente lá atrás.

No que você acha que melhorou?
Olha, amadureci muito, por tudo o que vivi no Grêmio, as dificuldades do ano passado. Sempre falo que 2013 foi um ano de muito amadurecimento, de muita experiência profissional por ter que aguardar novamente a oportunidade depois de ter jogado em 2012. O ano passado foi determinante, me preparei muito para estar pronto quando voltasse a jogar. O trabalho com o Rogerião (Rogério Godoy, treinador de goleiros) está sendo muito bom, ele cobra bastante.

No que você evoluiu desde o ano passado? O principal é a saída de gol?
É uma coisa que ele (Rogério) cobra bastante. Tenho procurado melhorar o posicionamento. Mas não vou entregar o jogo (risos). O amadurecimento vai trazendo isso, melhor colocação dentro de campo, ajuda a tomar as decisões certas. Claro, somos seres humanos, uma hora vamos errar. Goleiro tem de tentar manter regularidade. Quando se joga em time grande, tem de se fazer a diferença em uma ou duas bolas.

Qual sua grande virtude como goleiro?
É difícil falar. Vou pular esta. Pede para o Rogerião (risos).

Você é tímido?
Sou muito reservado.

Goleiros costumam ser malucos...
Sou reservado, na minha, com meus amigos sou brincalhão.

Mas, dentro de campo, você dá broncas na zaga...
Ah, ali dentro tem de ser. Minha mulher brinca: nossa, você fica exaltado. Digo que ali dentro tem de ter cobrança, depois a gente se abraça no vestiário.

Como são as cobranças de Felipão?
Estou gostando de trabalhar com ele. Tem sido uma experiência muito boa. Todos têm gostado. Os resultados ajudaram. Deu novo ânimo à equipe, achou uma forma interessante de jogar, as coisas começaram a melhorar. Ele cobra muito, mas, ao mesmo tempo, sabe escutar os jogadores, sem perder a autoridade.

Este é o melhor momento de sua carreira?
Sim, pela sequência de jogos, já são mais de 40, por ter jogado desde o começo do ano. Com certeza, é o melhor ano da minha carreira.

O que os outros goleiros acham de sua fase?
A gente se cumprimenta nos jogos. A maioria dos meus amigos são goleiros, é uma classe muito unida. Mesmo sem nos conhecer, nos cumprimentamos, sofremos um com a dor do outro. É uma posição complicada, não dá para errar, pode ser fatal.

Com quem você fala mais?
Com o Victor (Atlético-MG). Tive com ele um convívio de quatro anos (depois do último jogo, Grohe foi convidado a jantar na casa de Victor).

O que falta para ser chamado por Dunga?
Tenho procurado fazer meu trabalho dentro do clube. Acho que para chegar à Seleção, é isso que vale. É um sonho que tenho. Acredito que mantendo a regularidade, quem sabe uma hora apareça a oportunidade.

Taffarel (treinador de goleiros da Seleção) falou em entrevista que você tem postura, perfil para ser convocado.
Legal ouvir isso, estar no caderninho dele é bom.

Você viu Taffarel jogar?
Minha primeira lembrança é Brasil e Uruguai, nas Eliminatórias de 1994. Tinha seis anos. Depois, veio a Copa, e ele foi campeão pegando pênalti. Sempre o admirei. Para mim, é uma referência na posição.

Ter sido reserva de Dida te atrasou muito? Sente que perdeu a chance de jogar a Copa?
Difícil de saber. Podemos olhar pelos dois lados. Procuro ver sempre pelo lado positivo. Não adianta ficar me lamentando: "Ah, se eu tivesse jogado". Valeu o lado do aprendizado, do amadurecimento.

Você sente que precisaria passar por aquela provação para ter se afirmado?
Pode ser. Me fortaleci, sem dúvida nenhuma. Quando fiquei sabendo que iria jogar este ano, estava em férias, pensei comigo: agora tenho de agarrar com tudo. Naquele momento, olhei para 2013 e disse: 2014 vai ter de ser o meu ano.

Por ter sido formado pelo Grêmio, você sofre mais do que os outros jogadores pela longa ausência de títulos?
Posso falar por mim. Sonho muito em conquistar um título pelo Grêmio. Claro que a gente sente esses anos todos em que clube não ganhou, mas é um peso que a gente não pode carregar. Estou aqui há mais tempo, mas outros vieram este ano ou no ano passado. Acredito que uma hora o Grêmio vai vencer. Estamos no caminho certo. Temos o exemplo do Atlético-MG, que estava há muito mais tempo sem ganhar e ganhou a Libertadores. Tempos de seguir trabalhando com convicção. Espero estar neste bolo quando o time voltar a ganhar.

Se você soubesse que a posição de goleiro era tão difícil, teria optado por outra quando garoto?
Sempre fui goleiro. Senão, não estaria no futebol. Eu era ruim pra caramba na linha (risos).

Foi nessa época que você conheceu Muriel (goleiro do Inter)?
Sou de Campo Bom, ele é de Novo Hamburgo. A gente vinha numa van que ainda existe até hoje. Nos encontrávamos na BR, vínhamos juntos com outros meninos, eu ía para o Olímpico e ele para o Beira-Rio. É um amigo que tenho.

Você pensou em sair, recebeu alguma proposta?
No ano passado, tivemos uma situação (interesse do Vasco). Mas acabou não indo para frente, não chegou a virar proposta.

Você estava insatisfeito, o interesse do Vasco chegou a balançar?
Não fiquei desesperado para sair. Era agosto, seriam só quatro meses. Deixei as coisas acontecerem. Não foi para o papel, fiquei bem tranquilo.

Nunca ficou incomodado com a situação de reserva mesmo mostrando qualidade?
Não é que incomoda, mas a gente quer jogar. É uma coisa natural de todo jogador. Eu tinha comigo que uma hora teria que jogar, no Grêmio ou em outro lugar. Não iria esperar para jogar com 35 anos. Tinha isso bem claro comigo. Se continuasse assim, mais interessante seria tentar em outro lugar, procurar uma nova oportunidade. Graças a Deus, tive chance de jogar no Grêmio, que era o meu sonho.

*ZH Esportes


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