Eleições 2014



Governo do Estado

Ana Amélia e Tarso travam confronto em último debate entre concorrentes ao Piratini

Senadora e governador trocaram acusações durante o programa, realizado pela RBS TV na noite desta terça-feira

01/10/2014 - 01h27min

Atualizada em: 01/10/2014 - 01h27min


Marcelo Oliveira / Agencia RBS

O último debate entre os candidatos ao governo do Estado antes da votação de domingo, realizado na noite desta terça-feira pela RBS TV, foi marcado por ânimos acirrados, acusações mútuas e diálogos irônicos. Os embates envolveram principalmente Ana Amélia Lemos (PP) e Tarso Genro (PT), que lideram as pesquisas de intenção de voto e que partiram para o ataque já no início.

José Ivo Sartori (PMDB), em terceiro lugar nas sondagens, Roberto Robaina (PSOL), Vieira da Cunha (PDT) e Edison Estivalete (PRTB) também distribuíram críticas.

Humberto Carvalho ficou de fora porque o PCB não tem representação na Câmara. Nos bastidores, o clima entre Tarso e Ana Amélia foi gelado. Na antessala do estúdio, eles permaneceram distantes. Só se cumprimentaram minutos antes de o confronto começar.

Assim que conseguiu, Tarso direcionou sua pergunta para Ana Amélia. Primeiro, relacionou a senadora à ex-governadora Yeda Crusius (PSDB). Em seguida, destacou o fato de que a gestão petista dá prioridade a gastos públicos e quis saber a posição da adversária sobre o assunto - a senadora defende corte de gastos e eficiência do Estado.

Segurança e corrupção marcaram as discussões 
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Em resposta, Ana Amélia acusou Tarso de ter usado "dinheiro do povo para fazer maracutaia", lançando suspeitas sobre um contrato que teria sido assinado pela atual administração. Irritado, Tarso voltou a associar a oponente ao período em que Yeda esteve no Piratini e citou uma de suas realizações.

- O meu governo tem um centro de combate e controle à corrupção - afirmou Tarso.

Ana Amélia respondeu com sarcasmo:

- Pelo jeito este órgão que o senhor criou não funcionou, porque fez vista grossa a esse contrato.

Em outra situação, foi ela quem questionou Tarso, dessa vez sobre os acessos asfálticos prometidos e não concluídos pelo candidato do PT. Ele reconheceu que pretendia entregar 104 obras do tipo e que será possível finalizar apenas 60 - número que fez questão de destacar. Afirmou que não faltaram verbas, mas foram identificados problemas nos contratos deixados por Yeda.

Depois disso, os dois seguiram discutindo. Ana Amélia reclamou dos ataques de que é alvo no programa petista. Tarso voltou a pedir explicações à adversária a respeito do cargo de confiança (CC) que ocupou em 1986, quando trabalhou para o marido no Senado. As provocações e ironias seguiram até o fim do encontro, que terminou no início da madrugada.


Por um voto

Antes de começar o debate, o candidato à reeleição Tarso Genro (PT) viu em uma TV uma inserção eleitoral com a imagem da filha dele, a candidata à Presidência Luciana Genro (PSOL).

- Essa candidata é boa! - brincou.

Uma jornalista perguntou se ele pretendia votar em Luciana. Tarso imediatamente disse que não e complementou:

- Vai que a presidenta Dilma não se reelege por um voto!

Friorentos no estúdio

Sartori mal entrou no estúdio da RBS TV e já reclamou do frio, mencionando um antigo problema de pulmão. Disse que ia "circular" pelos corredores para aquecer o corpo. E comentou:

- Ainda bem que é o último debate. Por enquanto!

A adversária Ana Amélia também sofreu os efeitos do ar-condicionado gelado. Teve de usar um descongestionante nasal.

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Pedetista critica segurança pública

Na primeira pergunta do programa, Vieira da Cunha citou números de homicídios e questionou se Tarso estava satisfeito com a segurança pública de sua administração.

- Não. Não estou satisfeito porque as mudanças na segurança aqui no Estado recém estão começando, inclusive com resultados muito positivos - respondeu o governador.

O petista mencionou o policiamento comunitário e a instituição do Centro Integrado de Comando e Controle, além de concursos para a Polícia Civil e a Brigada Militar e aumento na solução de homicídios.

- São resultados pífios para quem está há quatro anos governando e ainda deseja um segundo mandato - replicou Vieira.

O pedetista mencionou o tiroteio no bairro Bom Fim, na Capital, na última sexta-feira, e defendeu a realização de concursos públicos anuais. Tarso rebateu afirmando que as mudanças já estão em curso, como a seleção para contratar 2 mil PMs.

Candidata do PP contesta contrato

O duelo entre os dois melhores colocados nas pesquisas esquentou quando Ana Amélia partiu para o ataque. Ao ser questionada por Tarso sobre gastos públicos, lançou suspeitas sobre um contrato que teria sido assinado pelo atual governo.
Sob o suposto convênio, R$ 1 milhão em recursos federais destinados a merenda escolar teriam sido usados para pagar uma prestadora de serviços a título de custear um evento não realizado. A candidata disse que a Contadoria e Auditoria-Geral do Estado (Cage) teria desaconselhado o pagamento.

- Mesmo que os gastos na área social sejam muito relevantes e tenham que continuar sendo feitos, não se pode usar o dinheiro do povo para fazer maracutaias como essa, de usar dinheiro do Fundeb, da merenda escolar, para um contrato, e o que é pior, de um evento que não foi executado, de um festival de gastronomia. O que tem a ver isso com merenda escolar, com o Fundeb? - questionou Ana Amélia.

Tarso também elevou o tom:

- A senhora está falando em maracutaias. Deve estar falando de alguma coisa que ocorreu no governo Yeda Crusius, que teve um conjunto de problemas muito graves, que determinaram vários inquéritos policiais com condenações, inclusive com pessoas do seu partido.

O petista justificou que o gasto mencionado pela adversária seria "algum evento suspenso na Expointer em função dos movimentos de junho".



Robaina questiona PP e PT sobre Petrobras

Vieira usou como exemplo a notícia de que Delúbio Soares, um dos protagonistas do mensalão, cumpriria pena em casa para questionar Robaina sobre corrupção:

- Isso não passa para a sociedade uma sensação de impunidade?

Robaina disse que é um escândalo e que caso semelhante ocorre na Petrobras:

- Escutando Ana Amélia e Tarso debater, pensei que iriam aproveitar o tempo para dar explicações sobre o rombo da Petrobras. Afinal de contas, o presidente nacional do partido da Ana Amélia e o tesoureiro nacional do PT estão envolvidos.

Vieira disse que sua chapa não seguiu a decisão do PDT de apoiar a reeleição de Dilma porque isso "significa apoiar o PT, um partido envolvido com corrupção".

Governador defende obras

Apesar da batalha com Tarso, Ana Amélia não poupou José Ivo Sartori (PMDB). A senadora citou que o coordenador de plano de governo de Sartori é o mesmo do governo Antônio Britto, João Carlos Brum Torres, e questinou se a linha das privatizações seria seguida pelo adversário.

- Só não privatizou o Banrisul e a Corsan porque não deu tempo - disse Ana Amélia.

Sartori afirmou que não pretende privatizar o banco, e Ana Amélia lembrou que o vice de Sartori, José Cairoli, "defende publicamente a privatização do Banrisul".

- A senhora pode ficar tranquila. Quem governa é governador, que vai ter uma atitude séria e responsável. Tenho certeza que o Cairoli não falou isso - afirmou Sartori.

Tarso e Ana Amélia discutem sobre CC

Ao ser perguntado por Ana Amélia sobre estradas, Tarso retomou um assunto do bloco anterior, no qual a adversária disse que foi condenado por improbidade administrativa.

- É verdade (a condenação). Porque contratei um radiologista para prestar serviço em pronto-socorro, e o juiz achou errado. Mas não condenou à pena pecuniária porque o radiologista trabalhava. O problema é quando as pessoas são contratadas e não trabalham. Recebem dinheiro público e não prestam o serviço correspondente e ainda não explicam o que aconteceu - afirmou Tarso, fazendo referência a Ana Amélia ter sido cargo de confiança (CC) do marido, senador Octávio Cardoso, de quem é viúva.

- Não adianta dar explicação, porque, quanto maior for a mentira, maior veracidade é dada a ela quantas vezes ela for repetida. O senhor sabe quem ensinou isso, conhece a história - revidou Ana Amélia, em referência a Joseph Goebbels, ministro nazista.

- O que a senhora deve explicar é por que recebeu dinheiro público e não trabalhou. Isso não é aceitável - respondeu Tarso.

Estivalete e os gays: "no seu quadrado"

Robaina provocou Estivalete sobre declarações homofóbicas do candidato a presidente do PRTB, Levy Fidelix.

- Respeitamos todos os gêneros. Cada um deve andar no seu quadrado e seguir as regras da entidade que frequenta. No meu CTG, não deixaria ter um casamento gay em função das regras, mas pode ficar tranquilo porque sabemos respeitar o direito e a individualidade do outro - disse estivalete.


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