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Caso Bernardo

Avó de Bernardo diz que o neto sofria maus-tratos

Idosa que mora em Santa Maria foi ouvida nesta quinta-feira em audiência do processo criminal

30/10/2014 - 12h17min

Atualizada em: 30/10/2014 - 12h17min


Pâmela Rubin Matge
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Pâmela Rubin Matge / Agência RBS
Depoimento ocorreu nesta quinta-feira em Santa Maria

A avó de Bernardo Boldrini, Jussara Uglione, 73 anos, prestou depoimento na manhã desta quinta-feira no salão do júri do Fórum de Santa Maria. De bengala, mais magra, debilitada e usando um colar com a foto do neto, a idosa chegou acompanhada de uma amiga (foto abaixo).

Durante o depoimento ao juiz Ulysses Fonseca Louzada, ela voltou a defender que a filha não se suicidou e que recebia informações de que o neto sofria maus-tratos. Segundo ela, uma babá teria contado que Bernardo não tinha chave de casa, era maltratado e que a madrasta tentou sufocá-lo. A avó contou que soube pela costureira da filha que o neto andava malvestido pelas ruas de Três Passos após a morte da mãe.

Oscilando lembranças e trazendo fatos sobre a morte da filha e do neto, Jussara contou que, no velório de Odilaine, Leandro usava um colete à prova de balas e uma câmera filmadora junto à roupa e estava acompanhado por dois seguranças.

Idosa relatou que foi agredida por Boldrini

Ao responder para o promotor Joel Dutra sobre a relação entre ela e o genro, Jussara salientou que nunca aprovou o namoro dele com a filha. Após a morte de Odilaine, a situação piorou. Ele impedia a avó de ver o neto e, em uma das vezes em que ela esteve no escritório do advogado do médico, em Três Passos, ele teria lhe dado um pontapé no tornozelo. Na ocasião, a idosa teria ido tratar da guarda do neto.

Questionada pelo advogado de Boldrini, Rodrigo Gresselê Vares, sobre a última perícia particular para apurar a morte da filha, a idosa confirmou que contratou uma empresa de São Paulo que não cobrou pelo serviço. Em Três Passos, os conhecidos dele não se manifestavam, alegando que um dia poderiam precisar de Boldrini:

_ Ele era médico e tinha poder na cidade _ declarou Jussara.

Ao advogado de Edelvânia Wirganovicz, Demétrius Eugênio Grapiglia, a idosa afirmou que o menino nunca mencionou se conhecia a amiga da madrasta. O defensor de Graciele não compareceu.

Ao final da audiência, o advogado da vó de Bernardo, Marlon Taborda, disse que o depoimento foi prejudicado:

_ Ela está debilitada, acabou de sair do hospital e os relatos foram prejudicados _ avalia Taborda.

Nenhum dos réus nem seus advogados esteve presente na audiência, que começou às 9h43min e durou cerca de uma hora. O depoimento estava previsto para ocorrer em 16 de outubro, mas foi adiado porque Jussara esteve internada duas vezes nos últimos 15 dias. Ela tem problemas cardíacos e recebeu alta na manhã desta quarta-feira.

Jussara Uglione é uma das 25 pessoas indicadas pelo Ministério Público para serem ouvidas como testemunhas no caso da morte. A partir de 26 de novembro começam as audiências no município de Três Passos, onde irão depor as testemunhas de defesa.




O Caso Bernardo


Bernando Uglione Boldrini, 11 anos, foi encontrado morto no dia 14 de abril, após 10 dias desaparecido. O corpo do jovem estava em um matagal, enterrado dentro de um saco, na localidade de Linha São Francisco, em Frederico Westphalen. O menino morava com o pai, o médico-cirurgião Leandro Boldrini, a madrasta, Graciele Ugulini, e a irmã, de 1 ano, no município de Três Passos.

O pai, a madrasta e uma amiga dela, Edelvânia Wirganovicz, respondem na Justiça por homicídio quadruplamente qualificado (motivos torpe e fútil, emprego de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima) e ocultação de cadáver. O irmão de Edelvânia, Evandro, também responde por ocultação de cadáver. O pai de Bernardo ainda é acusado por falsidade ideológica.


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