Eleições 2014



Olhar estrangeiro

Como o mundo noticia as eleições brasileiras

Correspondentes da China, Holanda e Inglaterra comentam a repercussão da disputa presidencial nos países de origem

23/10/2014 - 12h01min

Atualizada em: 23/10/2014 - 12h01min


Arquivo Pessoal / Montagem sobre fotos
Chen Weihua, Marjolein vd Water e Matt Sandy são jornalistas estrangeiros

Os debates recheados de ataques entre os presidenciáveis, que no Brasil repercutem em todas as mídias e, segundo os institutos de pesquisa, podem até mudar a opinião de eleitores, pouco interessam para as pessoas ao redor do mundo. Mas correspondentes de jornais e sites estrangeiros responsáveis por noticiar o que de mais relevante acontece no Brasil dizem que os leitores de outros países se interessam, sim, pelas eleições brasileiras.

As propostas para a economia, os perfis dos candidatos e os escândalos que abalam o andamento da corrida eleitoral são destaque desde os Estados Unidos até a China. Na última segunda-feira, o principal jornal dos Estados Unidos, o The New York Times, disponibilizou uma página inteira da publicação para noticiar o depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, delator de um esquema de corrupção na empresa.

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A reportagem, assinada pelo correspondente do jornal no Brasil, Simon Romero, disse que as denúncias estão contribuindo para aumentar a incerteza na reta final da corrida presidencial. Por telefone, Romero afirmou que, por causa de uma política interna do jornal, não poderia comentar o assunto, mas o caso também repercutiu do outro lado do Oceano Atlântico.

A holandesa Marjolein van de Water, que há dois anos e meio mora no Brasil e trabalha como correspondente do jornal diário Volkskrant, disse que o tema da corrupção interessa aos conterrâneos e que o escândalo da Petrobras foi um dos assuntos noticiados. Ela ressalta outros pontos que ganharam espaço após a Copa do Mundo, quando começaram a abordar as eleições.

- A história de vida da Marina Silva, que é diferente, e os programas sociais, como o Bolsa Família, porque tem muitas pessoas cuja vida melhorou por causa dele. Não entramos muito nas brigas pessoais, falamos apenas que tem um ambiente hostil entre os candidatos e que os debates são de muita briga e pouco conteúdo - comenta Marjolein.

Não é só na Holanda que as agressões não são valorizadas. O repórter Matt Sandy, que escreve para o tabloide britânico The Mail on Sunday, para o The Independent e para a Al Jazeera America, comenta que no Reino Unido não há tradição de ataques entre os candidatos, de campanhas que ele define como "negativas".

Em sua primeira eleição brasileira, Matt diz que, neste segundo turno, as notícias estão com menos força internacional e que houve um grande interesse em Marina Silva, terceira colocada no dia 5 de outubro. Como estrangeiro, que chegou no Brasil após as eleições municipais de 2012, o jornalista aponta dois setores nos quais gostaria que o próximo governo prestasse mais atenção.

- O investimento contínuo em saúde pública e educação é muito importante para o futuro do Brasil - diz Matt.

Economia interessa a chineses e britânicos

As políticas econômica e externa dos candidatos estão na mira dos chineses. O correspondente Chen Weihua, da agência Xinhua (instituição jornalística oficial do governo), comenta que elas afetarão o desenvolvimento do Brasil no futuro e que interessa aos leitores saber a atitude de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) em relação aos investimentos estrangeiros.

- Hoje, as relações bilaterais sino-brasileiras são consideradas por ambos os lados como a melhor etapa na história, por isso, os importantes acontecimentos políticos do Brasil atraem os leitores chineses - explica Chen.

As eleições brasileiras também aparecem em revistas especializadas. Na semana passada, o editorial da revista britânica The Economist recomendou que os eleitores brasileiros abandonem a candidatura de Dilma e apoiem Aécio.

A revista afirma que, quando a presidente foi eleita, o Brasil parecia prestes a aproveitar todo o potencial da então ministra-chefe da Casa Civil, mas que, durante a gestão, a economia estagnou-se e o progresso social desacelerou. O editorial diz ainda que Dilma continua favorita a vencer as eleições porque os brasileiros "ainda não sentiram o arrepio econômico em suas vidas". O repórter Matt Sandy confirma a tendência dos compatriotas.

- Acho que as elites britânicas (políticas e financeiras) preferem Aécio porque ele atuaria mais em seus interesses - afirma.

O que é destaque em cada país

Holanda

- História da candidata Marina Silva

- Corrupção na Petrobras

- Programas sociais

China

- Propostas de cada candidato para a economia

- Visão dos candidatos sobre investimentos estrangeiros

Reino Unido e Estados Unidos

- História da candidata Marina Silva

- Perfil econômico de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB)

- Corrupção na Petrobras


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