O clima de tensão que marcou o debate entre os candidatos à Presidência da República na noite desta sexta-feira, diante das câmeras da TV Globo, se repetiu nos bastidores. Antes de começar o último confronto desta eleição, Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) trocaram cumprimentos constrangidos diante de fotógrafos e cinegrafistas.

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Repetiram o gesto a pedido dos profissionais, que tiveram cinco minutos para captar imagens, sem muita convicção. E foi só. Mal se olharam. Nos intervalos, também evitaram trocar palavras. Nem a presença de 70 eleitores indecisos, selecionados pelo Ibope para fazer perguntas, amenizou a sensação de que os dois estavam em um ringue.

Na sala ao lado do estúdio, 130 jornalistas, de 74 veículos de comunicação do Brasil e de outros países, acompanharam o embate com atenção. Entre os correspondentes estrangeiros, estavam repórteres do canal alemão Deutsche Welle, da agência France Press e da TV Estatal Chinesa.

Quando Aécio citou a denúncia da revista Veja desta semana, que traz uma reportagem com declarações atribuídas ao doleiro Alberto Yousseff contra Dilma e o ex-presidente Lula, houve burburinho. O mesmo ocorreu entre os convidados de petistas e tucanos.

O único momento de descontração ocorreu quando Dilma, ao responder a pergunta de um eleitor indeciso, se confundiu e chamou o interlocutor de "candidato".

Ao final do debate, os concorrentes foram até a sala de imprensa separadamente e concederam 10 minutos de entrevista cada um. Dilma foi a primeira. Chegou de bom humor, pedindo desculpas por estar sem voz.

Questionada sobre as suspeitas de corrupção noticiadas por Veja, ficou séria e afirmou que na sua campanha "não foi usado dinheiro do caixa 2". Sobre o debate, fez uma avaliação positiva e, sobre a economia, disse acreditar que o Brasil irá se recuperar.

- O Brasil tem todas as condições para ter nos próximos meses uma situação mais favorável. Acredito que teremos uma retomada, ainda que moderada - destacou.

Quando uma produtora da TV Globo avisou que o tempo dela havia terminado, a candidata brincou, dizendo que todos estavam "muito preocupados com esse negócio de tempo" - em uma alusão aos debates, cujo tempo é cronometrado. Arrancou gargalhadas dos jornalistas.

Logo depois, Aécio chegou para ser entrevistado. Também estava sorridente. Cumprimentou os presentes, fez uma brincadeira sobre o adiantado da hora e, ao contrário de Dilma, não aguardou as perguntas: saiu falando.

- Chego ao final dessa campanha feliz, inteiro. Travei o bom combate, falei a verdade e defendi o Brasil no qual acredito - declarou.

Depois, entre uma pergunta e outra, criticou o ato de vandalismo ao prédio de "um veículo de comunicação", referindo-se à revista Veja, e voltou a lamentar os ataques sofridos ao longo da campanha. Deixou a sala animado. Como a oponente, também aprovou o formato do debate.

A maratona - dos candidatos e dos jornalistas - terminou por volta da 1h30min deste sábado.

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