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Fatalidade

Estudante morre após passar mal em parque de diversões em Santa Maria

Pai de Érika Henriques Andrades, 13 anos, diz que não havia ambulância no local nem o Samu prestou socorro

23/10/2014 - 11h09min

Atualizada em: 23/10/2014 - 11h09min


Pâmela Rubin Matge
Pâmela Rubin Matge
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Pâmela Rubin Matge / Agência RBS
Adolescente foi enterrada na manhã desta quinta-feira no Cemitério São José

Revolta e tristeza marcaram a despedida da estudante Érika Henriques Andrades, 13 anos, que morreu após passar mal quando estava em um brinquedo do parque de diversões Tupã, instalado no Parque da Medianeira, em Santa Maria.

A menina morreu na manhã da última quarta-feira no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), onde estava internada desde domingo no CTI pediátrico. O hospital não informa a causa da morte da menina, mas, segundo a família, ela teve uma parada cardíaca. O sepultamento ocorreu às 9h30min no Cemitério São José.

Segundo o pai da menina, o pedreiro Carlos Alberto Xavier Andrades, a filha foi ao local por volta das 18h de domingo na companhia dele, da irmã mais nova, de 8 anos, e de uma prima, de 12. O fato ocorreu no primeiro brinquedo, conhecido como Crazy Dance:

_ Nem deu tempo de ela aproveitar, já na segunda volta aconteceu essa tragédia. Só vi ela desmaiada, com os braços caídos e o rostinho para o lado. Tanto carinho, tanto amor para criar essa menina e só o que me pergunto: cadê o atendimento? Como não tem uma ambulância ali? _ revolta-se o pai.

:: Lei não exige que parques de diversões tenham ambulância de plantão

Com a filha desacordada no braços, Andrades conta que procurou por uma ambulância, mas foi informado de que não havia uma disponível no parque. Ele tentou ligar para o Samu, mas foi informado de que não havia carro disponível no momento. De táxi, levou a filha para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA).

No local, conta o pai, a menina teve duas paradas cardíacas e foi encaminhada com urgência para o Husm. De acordo com Andrades, os médicos teriam dito que, se a adolescente tivesse recebido atendimento antes, as chances de sobreviver seriam maiores.

Parque alega que não foi problema com brinquedo

O responsável pelo Park Tupã em Santa Maria, Élton José Mayer, informou que soube do desmaio, mas não que ela havia morrido. Segundo Mayer, não foi nenhum problema relacionado aos equipamentos. Quanto a ter uma ambulância no local, o responsável afirmou que isso nunca foi exigido em nenhuma cidade por onde o parque passou.

Para Samu, atendimento não foi solicitado

A assessoria de comunicação da Samu em Santa Maria enviou nota à imprensa esclarecendo que, para a cenral reguladora em Porto Alegre, o pedido por atendimento não foi concluído:

No momento da ligação, a pessoa  que ligou, falou rapidamente e não terminou o pedido, desligando o telefone antes que a ligação fosse passada para o médico regulador. Neste caso, não foi solicitado atendimento em Santa Maria. Para o Samu dar o devido socorro nos mais diversos casos de acidentes, é necessário que quem ligar solicitando atendimento, espere até que os atendentes terminem todas as perguntas necessárias para que se possa saber o local da ocorrência, dados clínicos e tipo de gravidade, por exemplo.

A assessoria ressaltou que sem a autorização da central, o Samu nao pode efetuar nenhum atendimento:
_ O Samu depende da reguladora (central em Porto Alegre). Não pode ser feito nenhum atendimento sem a reguladora autorizar, nem mesmo a ambulância pode parar em algum local durante atendimento, esclarece a assessora.

No domingo, por volta das 18h, as três ambulâncias estavam em atendimento, uma, inclusive, passou na frente do parque de diversões, pois, socorria duas vítimas de um acidente de trânsito que aconteceu nas redondezas.

De acordo com relato dos médicos da UPA, a adolescente chegou desfalecida no local. Foram necessários vários procedimentos para reanimá-la. A assessora ainda aguarda esclarecimentos da central da Capital.

Luto na escola

Segundo o pedreiro, Érika fez tratamento quando criança para convulsões, mas há anos recebeu alta dos médicos e já não usava medicações. A menina não tinha diagnóstico anterior de problemas cardíacos. Ela já havia ido a parques de diversões sem nunca ter passado mal.

A adolescente estudava na Escola Estadual Rômulo Zanchi, que está sem aulas nesta quinta-feira, em luto pela morte da aluna.

_ Ela era a coisa mais querida. Uma boa filha, caseira, que gostava de cuidar da irmã mais nova e assistir a filmes _ lembra o primo João Felipe Henriques Miola, 19 anos.


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