Trânsito



Perda irreparável

Jovens representam 25% dos mortos no trânsito gaúcho em 2014

Levantamento do Detran mostra que, das 1,5 mil pessoas mortas em acidentes até setembro, 392 tinham entre 18 e 29 anos

31/10/2014 - 13h34min

Atualizada em: 31/10/2014 - 13h34min


Fernanda da Costa
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Diogo Zanatta / Especial
Este ano, o número total de mortes no trânsito cresceu 2,5%

Das 1.524 famílias que choraram a morte de parentes no trânsito gaúcho até setembro deste ano, 25% delas derramaram lágrimas por jovens. Conforme dados parciais do Detran, 392 mortos em acidentes tinham tinham entre 18 e 29 anos.

Embora o número seja menor que no mesmo período do ano passado, quando 443 jovens perderam a vida nas vias gaúchas - 11% a menos do que este ano - a mortalidade do trânsito nesta faixa etária ainda é considerada alta. Apesar de ser um problema histórico, a morte de jovens em acidentes não provoca ações governamentais de educação para o trânsito, segundo Diza Gonzaga, presidente da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga. A ativista da segurança no setor explica que só são realizadas ações pontuais, como campanhas na Semana Nacional do Trânsito ou antes de feriadões, e não trabalhos de longo prazo.

- Os jovens têm em si a "cultura do herói", em que se expõem mais aos riscos, como dirigir sob o efeito de álcool no retorno das festas. É preciso que os governos invistam em ações permanentes de educação para o trânsito, que iniciem nas escolas e sigam nas faculdades - explica Diza.

Este ano, o número total de mortes cresceu 2,5%. Mas, aos finais de semana, o aumento foi bem maior: 5%. Em 2013, até setembro, 578 pessoas morreram nos sábados e nos domingos. No mesmo período de 2014, 608 mortes foram registradas nesses dias. Quase a metade das mortes no trânsito ocorre aos sábados e domingos: 40% do total.

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Para Diza, o índice de mortes nos finais de semana é alto porque, em muitos casos, os acidentes estão relacionados ao uso de álcool. Conforme a presidente, a lei seca é pouco fiscalizada no Estado. Sobre a "Balada Segura", Diza comenta que a ação é uma obrigação do poder público e deveria ter algumas modificações para se tornar mais eficaz.

- Na maioria das vezes, a fiscalização é realizada no horário em que os jovens estão indo para as baladas, e não voltando, quando acontecem a maior parte dos acidentes. Ela deveria acontecer em diferentes pontos e mais camuflada. Com o aparato que eles levam, vemos a Balada Segura há quadras de distância e podemos desviar dela - opina.

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Outra crítica da ativista tem relação à forma de aplicação do teste do bafômetro:

- Como a habilitação é uma concessão do Estado, e não um direito do cidadão, entendo que, caso a pessoa se negue a fazer o teste, assumirá que ingeriu bebida alcoólica e deve responder por isso. A legislação deveria entender o álcool na direção como entende a paternidade. Caso um homem se negue a realizar o teste de DNA, a Justiça presume que ele é o pai.

60% das mortes no trânsito acontecem em rodovias

As rodovias gaúchas concentraram 60% de todas as mortes no trânsito este ano, conforme o Detran. Até setembro, 831 pessoas perderam a vida nessas vias. Para o diretor do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Estado (Setcergs), José Carlos Silvano, o índice tem relação direta com a falta de duplicação das rodovias gaúchas.

- Temos estradas projetadas há mais de 50 anos, quando o fluxo de carros era muito inferior, que nunca foram melhoradas. Rodovias com fluxo de mais de dez mil veículos por dia devem ser duplicadas - afirma Silvano.

Outro dado que preocupa é o número de acidentes com morte ter crescido quase no mesmo ritmo que a frota em 2014. Dados dos últimos sete anos mostram que, tendo os meses de setembro como base, os acidentes com morte cresceram 15% e a frota gaúcha 57%. No entanto, na comparação deste ano com 2013, os acidentes com morte aumentaram 3% e a frota 5%. Os dados levam em conta o período de janeiro a setembro de ambos os anos.

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