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Na Serra

Mortes de adolescentes são investigadas em Gramado e Canela

Polícia Civil investiga possível pacto entre meninas que morreram na semana passada e outras três, internadas com ferimentos

02/10/2014 - 11h57min

Atualizada em: 02/10/2014 - 11h57min


Omar Freitas / Agencia RBS
Delegados Vladimir Medeiros, Elisagela Reghuelin e Gustavo Barcellos falaram sobre o caso em uma coletiva

Quatro adolescentes e uma jovem unidas por um suposto pacto secreto firmado por redes sociais tentaram suicídio em Gramado e Canela, na Serra. Duas morreram e três ficaram feridas com cortes e lesões nos braços. Uma sexta suposta vítima, um rapaz, ameaçou agir do mesmo modo, mas foi contido a tempo pela família e está sob acompanhamento médico.

O episódio deixou a Polícia Civil da região em alerta máximo. Conforme investigações, as jovens frequentariam comunidades de relacionamento virtual. Ao mesmo tempo em que buscam explicações, os policiais procuram identificar outros integrantes do grupo para evitar novos casos. Também tentam localizar eventuais incentivadores dos suicídios e mutilações. Alguns criadores dessas comunidades foram rastreados e estão sendo monitorados.

O principal temor das autoridades é que mutilações e suicídios se espalhem. Para evitar novos casos, foram chamados para depor duas dezenas de pessoas, entre familiares e amigos das vítimas, a maioria perplexa com os acontecimentos. A partir dos relatos, a polícia garimpa detalhes que possam salvar outras vidas. As três sobreviventes foram ouvidas, mas evitam contar o que sabem. 

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- Entendo que esta automutilação é um pedido de socorro, mas elas se fecharam em uma espécie de pacto de silêncio e de solidariedade. E isso é o que mais nos preocupa - afirma a delegada regional da Polícia Civil, Elisangela Reghelin.

Páginas de redes sociais indicariam relação

A onda de autoflagelo começou em 23 de setembro, quando uma jovem de 18 anos se enforcou em um galpão na propriedade da família no interior de Canela. Uma pessoa próxima à jovem, ouvida por Zero Hora, informou que ela não teria ligação com as adolescentes, mas a polícia investiga uma possível relação entre as duas.

- Temos depoimentos, fotos, textos e impressões de páginas de redes sociais que apontam contatos entre todos eles. Se há vínculo, se há pactuação, há uma motivação, cada um ao seu modo, porque todos resolveram tomar o mesmo caminho - afirma o delegado Gustavo Barcellos, da Delegacia da Polícia Civil de Gramado.
 
Três dias após a morte em Canela, uma estudante de 14 anos, de Gramado, também se suicidou. A garota  teria conhecido a jovem de Canela em um evento social e se relacionariam pela internet.

A garota cursava a oitava série de uma escola estadual de Gramado, e jamais teria demonstrado comportamento anormal no colégio, segundo amigos e parentes. No dia da morte, ela não apareceu na escola. Tinha sido dispensada porque na véspera, ela e outras quatro teriam ingerido medicamento controlado usado por uma colega e sofrido tonturas.

Após a morte da colega, uma das adolescentes cortou os pulsos com uma lâmina. À polícia, disse que estava triste pela perda da melhor amiga.

- Estamos sem entender o que aconteceu. Eu não sabia do segundo caso - disse a diretora da escola, Ângela Becker, que providenciou ajuda psicológica a alunos.

Também em Gramado, um rapaz de 18 anos teria tido um surto e, aos gritos, ameaçava que "não estaria mais aqui". Na quinta-feira, mais uma adolescente foi levada para o hospital com os pulsos cortados. O motivo seria uma briga com o namorado. No mesmo dia, uma menina de 12 anos, em Canela, teve atitude semelhante.


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