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Primeiro turno das eleições presidenciais no Uruguai acontece no domingo

Institutos de pesquisa apontam que sucessor de Jose Mujica será decidido no segundo turno entre os candidatos Tabaré Vázquez e Luis Lacalle Pou

24/10/2014 - 08h58min

Atualizada em: 24/10/2014 - 08h58min


Montagem sobre fotos de Pablo Porciuncula / AFP
Luis Lacalle Pou, à esquerda, representa o Partido Nacional e disputa contra o ex-presidente Tabaré Vázquez, da Frente Popular, à direita na imagem

Também no Uruguai o domingo será para votar no presidente dos próximos quatro anos - mas, por lá, a eleição que escolherá o substituto de José Mujica está ainda no primeiro turno. E, segundo os institutos de pesquisa, o pleito deve ir para segundo turno, com a disputa entre o governista Tabaré Vázquez e o oposicionista Luis Lacalle Pou.

No país vizinho, a Constituição não permite que um governante dispute a reeleição. Sendo assim, o popular José Mujica, da coligação Frente Ampla (centro-esquerda), declarou seu apoio ao ex-presidente Vázquez, que governou o Uruguai entre 2005 e 2010. Vázquez é favorito, mas não deve obter a maioria parlamentar que permitiu à esquerda governar por dez anos.

Esta semana foi marcada pelo encerramento das campanhas. Em seu último discurso, na noite desta quinta-feira, Vázquez pediu ao povo que tenha fé e animou a multidão lembrando as bandeiras históricas da Frente Ampla - redistribuição de renda, a identidade de gênero e a busca pelos desaparecidos na ditadura militar de 1973 a 1985.

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De acordo com os três principais institutos de pesquisa, o governista lidera a intenção de votos. Contudo, não seria eleito em primeiro turno. A consultoria Factum indica que ele terá entre 44% e 46% dos votos. Para a Cifra, Vázquez alcançará 43% nesta etapa do pleito. Número semelhante a da Equipos Mori, que aponta uma votação de 43,6% para o ex-presidente.

Ele está longe dos 50,5% dos votos que levaram a esquerda ao poder no primeiro turno em 2005 e dos 48% obtidos por José Mujica em 2009, que venceu no segundo sem a maioria parlamentar.

- A Frente Ampla semeou compromisso e colheu confiança. Por tudo isso, vamos ganhar no próximo domingo, e com maioria parlamentar - afirmou Vázquez, o primeiro presidente de esquerda eleito no país, pouco depois da divulgação das últimas pesquisas.

No campo oposto, o candidato do Partido Nacional, Luis Lacalle Pou convocou nas redes seus seguidores a "espalharem o espírito positivo", que foi o lema da campanha do deputado de 41 anos, que avançou rapidamente, tornando-se a principal ameaça à esquerda.

- Não viemos apenas para tirar a maioria parlamentar da Frente Ampla, viemos agora para governar, e bem - afirmou. - Não é porque os outros são ruins, é porque queremos ser melhores - acrescentou Lacalle Pou, em discurso na noite desta quinta-feira.

Segundo a Factum, Lacalle Pou teria entre 31% e 33% dos votos. A Cifra indica 32% da intenção do eleitorado uruguaio. A Equipos coloca o opositor com 33,4% no primeiro turno. Esses números o levariam ao segundo turno, com a possibilidade de se aliar ao também tradicional Partido Colorado (centro-direita), representado pelo senador Pedro Bordaberry, que tem cerca de 15% das intenções de voto.

- Nunca serei visto eufórico com os resultados políticos. Mas estamos serenamente otimistas - disse Lacalle.

Para Ignacio Zuasnábar, da Equipos Mori, "não há chance alguma de vitória no primeiro turno". Em meio a este cenário, a campanha para um segundo turno será "extremamente disputada", avaliou.

No mesmo dia, uruguaios definem redução da idade penal para 16 anos

No Uruguai, o país mais seguro (com menos criminalidade) da América Latina, a população vai responder no domingo, junto com as eleições nacionais, se apoia um projeto de redução da idade penal para 16 anos em caso de crimes graves.

Pedra no sapato do governo do esquerdista José Mujica, o clamor por mais segurança levou a uma campanha que tem como principal apoio o candidato à presidência pelo Partido Colorado, Pedro Bordaberry. O abaixo-assinado a favor da redução superou em mais de 100 mil assinaturas as 250 mil necessárias para a realização do plebiscito.

Bordaberry está praticamente sozinho contra a esquerda e dezenas de organizações sociais e organismos internacionais, como o Unicef, que não apoiam a redução.

Fabiana Goyeneche, porta-voz do movimento contrário à redução, disse que estudos nacionais e internacionais "mostram que não se reduz o índice de criminalidade baixando a idade penal". Para ela, o efeito pode, inclusive, ser inverso:

- Pode ser pior para a segurança, já que os adolescentes que são presos com frequência saem mais violentos.

A proposta busca reduzir de 18 para 16 anos a idade penal em caso de homicídios, lesões graves, roubo, extorsão, sequestro e estupro, entre outros crimes.

Segundo o "Global Peace Index 2014", que desde 2007 classifica 162 países, o Uruguai é o país mais seguro da América Latina, uma posição à frente do Chile e 28 lugares atrás do país mais seguro do mundo, a Islândia.

No entanto, para muitos uruguaios a sensação crescente de insegurança é um tema que causa transtornos para a esquerda desde a sua chegada ao poder, há quase dez anos.

No primeiro semestre de 2014, o país, com 3,3 milhões de habitantes, registrou 138 homicídios, nove deles cometidos por adolescentes, de acordo com o Observatório Nacional sobre Violência e Criminalidade do Uruguai. O número é igual ao do mesmo período do ano passado, mas, nesse caso, 12 foram cometidos por menores de idade.

* Zero Hora, com AFP


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