Porto Alegre



Em busca de legitimidade

Rodoviários da Capital vão às urnas sob monitoramento do Ministério Público do Trabalho

Categoria escolherá seus representantes em votação no domingo e na segunda-feira para a composição do sindicato, que teve atuação conturbada na greve de fevereiro

31/10/2014 - 16h14min

Atualizada em: 31/10/2014 - 16h14min


Leia todas as notícias de Zero Hora
Leia todas as notícias de Porto Alegre 
Leia todas as notícias de trânsito

Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Situação do Stetpoa influenciou no alongamento da greve ocorrida no início do ano

Imerso em uma crise de representatividade, o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Coletivos e Seletivos Urbanos de Passageiros da Cidade de Porto Alegre (Stetpoa) terá eleição entre domingo e segunda-feira. O processo será supervisionado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), que pretende garantir a lisura da votação.

A participação do MPT é necessária: eleições do sindicato são impugnadas desde 2008, recheadas de irregularidades e confrontos entre grupos. As diferenças ficaram mais claras durante a greve de fevereiro deste ano, na qual despontou uma liderança opositora à atual diretoria, e a categoria acabou ainda mais rachada. O objetivo do monitoramento do MPT é obter a retomada da representatividade do sindicato.

Ao longo da votação, procuradores do MPT visitarão os locais onde haverá urnas. Para garantir que o resultado da eleição seja fidedigno, o MPT fará a apuração em sua sede. Além disso, o anúncio da chapa vencedora também será feito pelo MPT. O procurador do Trabalho Noedi Rodrigues da Silva, nomeado gestor do processo eleitoral do Stetpoa, acredita que a chapa ganhadora poderá ser empossada em torno das 20h de segunda-feira. Ele observa que, apesar de todo o aparato de fiscalização ter minimizado as chances de haver problemas na eleição, os riscos ainda existem. Noedi confirma que houve impugnações nos últimos meses, especialmente de votantes.

- Há um esforço de colaboração dos concorrentes para viabilizar a eleição, que interessa a Porto Alegre inteira. No início do ano percebemos paralisações não necessariamente chanceladas ou promovidas pelo sindicato porque havia segmentos que não estavam de acordo com a sua administração. Quando há uma paralisação e o próprio sindicato vem a público e vai à Justiça dizer que não concorda, e população fica meio refém - argumenta.

Votação é chance para o sindicato recuperar a legitimidade

A greve dos ônibus durou 15 dias e afetou duramente a população da Capital. Na época, a categoria se dividiu em três: havia a direção do sindicato, o comando de greve e uma dissidência desse comando. Esse cenário complicou as negociações pelo fim da paralisação, conforme o advogado dos grevistas Antonio Escosteguy Castro. Ele lembra que "não se sabia quem falava pela categoria". Se tivesse um comando claro no sindicato, a greve poderia ter acabado antes, salienta. A esperança é que, com a supervisão do MPT, a entidade volte a ter legitimidade e recupere sua representatividade.

- Com uma série de problemas, de fraudes, de questões criminais, o sindicato estava completamente desmoralizado. As direções estavam sem representatividade e todas as eleições acabavam na Justiça. Agora que o Tribunal Regional do Trabalho estabeleceu regras para serem cumpridas nessa eleição de domingo e segunda, com o Ministério Público do Trabalho no comando do processo eleitoral, tudo foi definido em consenso. Ou seja, agora vamos ver quem de fato tem a vontade da maioria da categoria. É uma oportunidade histórica de recuperar a legitimidade de um sindicato muito importante - diz Castro.

Seja qual for a chapa que ganhar a eleição, encontrará um sindicato em dificuldades financeiras. Pelo relato do atual presidente - atualmente licenciado -, Julio "Bala" Gamaliel Pires, as multas decorrentes de a greve ter sido considerada abusiva são o de menos. O que mais o atordoou durante o mandato foram as ações trabalhistas. Ele também reclama de falta de contribuição dos trabalhadores.

- Ação trabalhista é uma em cima da outra. Além disso, o pessoal não quer pagar. Tem muita briga, cara querendo poder. Não quero mais - afirmou Gamaliel, salientando que agora vai focar sua atenção no mandato de vereador que exerce em Alvorada.

As chapas

1 - FORÇA RODOVIÁRIA

- Presidente: Adair da Silva
- Motorista da empresa Sopal, do consórcio Conorte, tem apoio do atual presidente, Julio "Bala" Gamaliel Pires, da Força Sindical e da Associação Única dos Rodoviários Aposentados (Aura)

2 - UNIDADE RODOVIÁRIA

- Presidente: Luís Afonso Martins
- Delegado sindical da Carris e conselheiro municipal de transporte, deve concorrer com apoio da Conlutas e da Intersindical Vermelha. Integra o Movimento de Luta Socialista (MLS), nova denominação da CUT Pode Mais. Esteve em protestos contra o aumento das passagens de ônibus em 2013

3 - RESGATE RODOVIÁRIO

- Presidente: Gerson Assis
- Foi vice-presidente na gestão de Acosta e cabeça da chapa vencedora na eleição de 2011, anulada pelo TRT. Tem apoio da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)

4 - RODOVIÁRIOS NA LUTA

- Presidente: Alceu Weber
- Foi o principal líder da greve que durou 15 dias em fevereiro passado na Capital. Deve concorrer com o apoio da Central Única dos Trabalhadores (CUT)

Como será a eleição

- Trabalhadores ativos e aposentados em atividade: votam nas garagens das 13 empresas, das 16h de domingo às 16h de segunda-feira (sem intervalo)

- Trabalhadores aposentados fora de atividade: votam no Ginásio Tesourinha (Avenida Erico Verissimo, s/nº, bairro Menino Deus), das 16h às 22h de domingo e das 6h às 16h de segunda-feira

- A apuração será feita pela comissão eleitoral na sede do MPT, que anunciará a chapa vencedora

- A previsão de posse da chapa vencedora é para as 20h de segunda-feira


MAIS SOBRE

Últimas Notícias