Eleições 2014



Retrospectiva

Veja 10 momentos que marcaram a corrida à Presidência

Manifestações, escândalos e morte de Eduardo Campos (PSB) estiveram entre as passagens da campanha

25/10/2014 - 05h05min

Atualizada em: 25/10/2014 - 05h05min


Guilherme Mazui / RBS Brasília
Guilherme Mazui / RBS Brasília
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Montagem sobre fotos / Agência RBS

Entre as manifestações de junho de 2013 e as eleições de outubro deste ano, houve a Copa do Mundo no Brasil. Uma operação da Polícia Federal prendeu um doleiro e um ex-diretor da Petrobras que revelaram esquema de contratos superfaturados na estatal para abastecer partidos políticos.

Um avião com um presidenciável caiu, matando Eduardo Campos. Marina Silva fracassou na tentativa de criar o seu partido, virou candidata, disparou nas pesquisas, foi desidratada e ficou pelo caminho.

PT e PSDB acabaram outra vez no segundo turno, marcado por ataques mútuos. Fatos que compõem o enredo da mais acirrada corrida ao Planalto nos últimos 25 anos. A seguir, confira 10 passagens da campanha.
 
Junho 2013
1. O povo sai às ruas
 
 
Foto: Ricardo Duarte / Agência RBS

Os protestos contra o aumento das tarifas de ônibus deflagraram uma onda de manifestações em capitais e grandes cidades do país. Nas ruas, milhares de pessoas e muitos clamores: reprovações aos partidos, pedidos de rejeição da PEC 37 (que retirava do Ministério Público a possibilidade de realizar investigações), cobranças pelo fim da corrupção e por serviços públicos de qualidade - no padrão Fifa - e críticas aos gastos com a realização do Mundial. Em três semanas, a presidente Dilma Rousseff, que planejava reeleição em primeiro turno, viu sua aprovação despencar de 57% para 30%. A queda abrupta fortaleceu o ânimo dos adversários na corrida presidencial.
 
Avaliação ótimo ou boa do governo Dilma Rousseff
7/6/2013: 57%
28/6/2013: 30%
 
O que se viu nas ruas
Não é só pelos 20 centavos
#OGiganteAcordou
 
Outubro 2013
2. Marina fica sem partido

Terceira colocada na disputa presidencial de 2010, a ex-ministra Marina Silva teve negado o pedido de registro do seu partido, a Rede Sustentabilidade. O revés não afastou a ambientalista da disputa. No prazo limite para as filiações, Marina surpreendeu ao ingressar no PSB. O acordo para ser vice na chapa encabeçada pelo então governador de Pernambuco, Eduardo Campos, sacudiu o jogo político. O socialista, que recém havia retirado o PSB do governo Dilma, poderia representar ao lado de Marina uma alternativa à polarização PT e PSDB.

A decisão
Seis dos sete ministros do TSE alegaram não haver número de assinaturas suficientes para registrar o novo partido.

"Não estamos pensando no poder pelo poder. O Brasil precisa de uma agenda estratégica para por fim à política de curto prazo."
Marina Silva

Março 2014 
3. Operação Lava-Jato
 
Ao justificar que apoiou a compra da refinaria de Pasadena (EUA), em 2006, com base em um parecer "falho", a presidente Dilma amplificou o alcance das denúncias de desvios e de aparelhamento na Petrobras. Dias antes, a Polícia Federal deflagrou a Operação Lava-Jato, que desarticulou esquema bilionário de lavagem de dinheiro envolvendo doleiros e o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa. A oposição venceu a queda de braço com o governo e criou duas CPIs no Congresso para investigar a Petrobras.
 
Alguns números do esquema
R$ 10 bi movimentados pela quadrilha
81 mandados de busca e apreensão
18 mandados de prisão preventiva
 
Presos ilustres
Ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa
Doleiro Alberto Youssef

Junho 2014
4. Fora do campo, a Copa deu certo
 
 

Com fiasco dentro de campo e sucesso de organização fora dele, houve Copa. O Mundial realizado no Brasil começou com vitória da Seleção e vaia para Dilma no jogo de abertura, em São Paulo. Ao longo do torneio, os prognósticos fracassaram. Sem atuações convincentes, o Brasil foi surrado pela Alemanha na semifinal, por 7 a 1. Em vez do hexa, teve de se contentar com o quarto lugar. Já os anunciados problemas em aeroportos, por exemplo, não se concretizaram. O Brasil passou pelo teste de sediar um evento global do porte de uma Copa.
 
"Disseram que nós não teríamos Copa, porque não teríamos aeroportos prontos. Depois disseram que a Copa seria um processo terrível, porque teria uma epidemia de dengue. Nada disso se verificou."
Dilma Rousseff, presidente da República

Julho 2014
5. Depois da bola, a campanha
 
Com a Copa do Mundo em andamento e o país hipnotizado pelo futebol, a campanha presidencial começou devagar. Mesmo com a aprovação do governo em baixa, Dilma liderava as pesquisas de intenções de voto, seguida por Aécio Neves e Eduardo Campos. Dentro dos comitês dos três candidatos, as apostas tratavam de uma possível reeleição da petista no primeiro turno, já que permanecia a dúvida se Campos seria uma terceira via, de fato, forte. O socialista tinha dificuldade para superar os 10% nas pesquisas. PT e PSDB mantinham a polarização.
 
Custo previsto das campanhas
Dilma Rousseff (PT): R$ 298 milhões
Aécio Neves (PSDB): R$ 290 milhões
Eduardo Campos (PSB): R$ 150 milhões
 
Julho 2014
6. A primeira polêmica
 
Veio de Minas Gerais a primeira grande polêmica da campanha, que seria marcada pelo tom agressivo. Provocou constrangimento à candidatura de Aécio a notícia de que o governo mineiro, então comandado por ele, construiu um aeroporto em uma área desapropriada de um tio-avô do tucano, localizada no município de Cláudio. Aécio chegou a utilizar a pista para visitar a fazenda. O candidato negou ter escolhido o local para beneficiar sua família. A obra teria seguido um plano de investimentos em aeroportos no Estado.
 
Custo do aeroporto
R$ 13,9 milhões
 
"A obra foi corretíssima. Eu não me furto em responder sobre esse assunto. A obra foi planejada como milhares de outras obras feitas em Minas Gerais."
Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência

Agosto 2014
7. Morte provoca reviravolta
 
 
Foto: Ricardo Nogueira / AFP

Um desastre aéreo provocou uma reviravolta na eleição. Em 13 de agosto, o jatinho em que viajava Eduardo Campos caiu em uma área residencial de Santos (SP). A tragédia comoveu o país. Em Recife, cerca de 160 mil pessoas acompanharam a cerimônia fúnebre do ex-governador de Pernambuco. Então vice na chapa, Marina Silva assumiu a candidatura do PSB e disparou nas pesquisas, ultrapassando Aécio, algo que Campos não havia feito. A ambientalista, com o discurso da "nova política", estaria à frente de Dilma no segundo turno, também de acordos com pesquisas eleitorais.
 
Pesquisa Ibope de 23 a 25/8
Primeiro turno
Dilma: 34%
Marina: 29%
Aécio: 19%
 
Segundo turno
Marina: 45%
Dilma: 36%

Setembro 2014
8. Delator fala e agita disputa
 
Ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa firmou um acordo de delação premiada com o Ministério Público. A um mês do primeiro turno, a mídia divulga trechos de depoimento de Costa no qual apontou que governadores, senadores, ministro e deputados de diferentes partidos, como PT, PMDB, PSB e PP, teriam recebido propina de contratos superfaturados da Petrobras. Depois dessas declarações, o doleiro Alberto Youssef também acertou delação. Entre o primeiro e o segundo turno, a Justiça liberou áudios em que os dois descreveram os desvios em contratos da estatal para beneficiar políticos e partidos.
 
"Em média, se colocava 3% para agentes políticos (nos contratos da Petrobras)."
Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras

Outubro 2014
9. Corrida em tom pesado
 
 
Foto: Ricardo Duarte/Agência RBS

Com a disparada de Marina nas pesquisas, a propaganda petista desconstruiu a ambientalista e seu programa de governo - Marina também auxiliou os rivais ao divulgar uma errata sobre o apoio ao casamento gay. Setembro marcou o tom agressivo da campanha. Marina foi apontada como ameaça às conquistas sociais e comparada a Fernando Collor e a Jânio Quadros. Atrás nas pesquisas, Aécio destacou o passado petista da ambientalista e se apresentou como o "voto útil" para vencer o PT. A "onda da razão", como definiu, pôs o tucano no segundo turno contra Dilma.
 
Resultado do primeiro turno
Dilma: 41,59%
Aécio: 33,55%
Marina: 21,32%
 
"Acho que o povo brasileiro tem de ter muito medo porque está em questão se vai ou não vai continuar havendo emprego."
Dilma Rousseff, candidata à reeleição (PT)
 
Outubro 2014
10. O sexto duelo PT X PSDB
 
Pela sexta vez, a eleição presidencial chega ao fim com a polarização PT x PSDB. No segundo turno, tanto em debates quanto no horário eleitoral, Dilma e Aécio partiram para pancadaria verbal, com críticas aos modelos de governo e ataques que extrapolaram o lado político, chegando à vida pessoal dos candidatos. O tom agressivo fez o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proibir ataques na propaganda eleitoral. Nas redes sociais, a pegada bélica da campanha se repetiu. As pesquisas reforçaram a disputa acirrada, com pouca distância entre os presidenciáveis.
 
Pesquisa Datafolha de 22 e 23/10
Dilma: 53%
Aécio: 47%
Em votos válidos
 
"Candidata, a senhora volta com o discurso do medo. Realmente há medo. Há medo de o PT governar por mais quatro anos."
Aécio Neves, candidato do PSDB
 
Espere por 2015!
 
Carolina Bahia, de Brasília
carolina.bahia@gruporbs.com.br
 
A eleição mais acirrada e cheia de loopings tem um berço esplêndido: a revolta dos jovens pelas ruas do Brasil em junho de 2013. Quem viu aquela gurizada de punho levantado, nas cúpulas do Congresso, teve certeza de que o Brasil jamais seria o mesmo. E não é.

Chegamos ao segundo turno da eleição presidencial mais dura dos últimos tempos, tendo como protagonista a tradicional polarização elevada à décima potência. PT e PSDB travam uma guerra que confronta diferentes modelos de condução do país.
E o eleitor mergulhou junto, assumiu lado, brigou nas redes sociais e até dentro de casa. Se por um lado o legado é um país dividido, por outro temos vivo o intenso exercício da democracia. O candidato que sair de pé deste ringue ficará com a missão de pacificar esse gigante enlouquecido. O inquilino do Palácio do Planalto terá pouco tempo para comemorar.

Em 2015, a oposição - petista ou tucana - estará fortalecida e com sede de vingança. O Congresso pulverizado, com 28 partidos, dará trabalho a quem precisar costurar maioria para aprovar medidas impopulares e necessárias em um amargo início de ano. E para completar, aquela gurizada continua à espera de saúde, educação, transporte e, principalmente, menos corrupção. Está só na espreita.

Acompanhe a apuração do segundo turno em tempo real a partir das 17h

* Zero Hora


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