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Crueldade

Cães e gatos são dizimados na Serra e polícia tenta descobrir responsáveis

Mais de cem animais apareceram mortos, provavelmente envenenados, desde última quinta-feira em Bom Jesus

25/11/2014 - 21h30min

Atualizada em: 25/11/2014 - 21h30min


Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Animais estariam sendo envenenados com substância utilizada em plantações de batata

Na principal avenida da cidade serrana de Bom Jesus, uma placa estampa o slogan "um bom lugar para se viver". Não para cachorros e gatos. Estimativas ainda extraoficiais da Polícia Civil indicam que mais de cem animais, principalmente cães, foram envenenados desde quinta-feira passada até ontem, em vários pontos do município de cerca de 10 mil habitantes.

A matança atinge animais de rua e de estimação, provocando mudanças na rotina dos moradores. Qualquer objeto estranho encontrado no pátio é motivo de telefonema para a Delegacia de Polícia (DP). Foi o que fez uma dona de casa na tarde de ontem, ao ver que uma cadela de rua apresentava comportamento estranho após comer um pedaço de frango.

O veterinário Jackson Longhi, diretor técnico da Associação Bonjesusense Protetora dos Animais, foi acionado. Chegando ao local, analisou os sintomas da cadela, que tinha os olhos avermelhados e as patas trêmulas, e sentenciou: "foi veneno usado em batatas, ela ataca o sistema cardíaco do animal."




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Longhi aplicou uma injeção no animal para que expurgasse o alimento envenenado, enquanto o vice-presidente da ONG, Assis Francisco Pinto, preparava um recipiente para coletar o material. O vômito da cadela e o que sobrou da carne que quase a matou serão enviados para um laboratório em Porto Alegre com a finalidade de indicar que substância está sendo usada pelos matadores de cães de Bom Jesus.

- Esta nós conseguimos salvar, mas na maior parte dos casos não conseguimos agir a tempo, porque este veneno tem uma ação muito rápida - explica o veterinário.

A Associação Protetora dos Animais foi a primeira a registrar ocorrência na quinta-feira, notificando o encontro de pelo menos 20 animais mortos na praça central de Bom Jesus. No decorrer do dia, mais relatos foram chegando à polícia. No domingo, um pedaço de carne suspeito encontrado por um morador foi coletado e enviado ao Instituto Geral de Perícias para análise - o IGP não faz autópsia de animais.

A cada dia, surgem novos casos. Um dos mais comentados é o dos recicladores Cristiane e Marcos Luz, que tinham cerca de 30 cães no terreno onde trabalham com reciclagem. Quando chegaram ao local, na manhã de quinta-feira, encontraram 22 deles mortos.

- Não consigo entender o motivo de tanta crueldade, os bichos não têm defesa nenhuma - lamenta Cristiane.

A razão da matança intriga a todos, embora moradores mais antigos relatem que o problema é histórico. De tempos em tempos, são registrados envenenamento de animais, principalmente os que ficam pela área central, porém nunca nessas proporções.

Por via das dúvidas, a agente de viagens Adriana Berlinck, 45 anos, mudou de hábitos com o collie Picachu. Na casa ao lado, três cães morreram envenenados. Dois vizinhos da frente também perderam seus mascotes na mesma situação.

- Desde que isso aconteceu, deixo o Picachu no pátio dos fundos à noite, solto só depois de fazer uma inspeção no terreno e ter certeza de que nada foi jogado para dentro - conta Adriana.

*Zero Hora


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