Vida e Estilo



Old

Estilo das décadas passadas vira tendência nos brechós

O que foi moda, agora volta para ficar

28/11/2014 - 07h31min

Atualizada em: 28/11/2014 - 07h31min


Bruno Alencastro / Agencia RBS

Se voltássemos às décadas de 1950, 60 e 70, dificilmente alguém acreditaria que móveis rústicos, discos de vinil e camisas floridas virariam tendência novamente. Pode soar estranho o fato de que o retrô tenha sido impulsionado por algo relativamente novo. Não muito comum também é o jazz antigo tocado na Casa da Traça, brechó onde são vendidas peças dessas épocas. As palavras retrô e vintage, que não são novidades para quem busca por alternativas no mundo da moda, decoração e música, parecem ter se estabelecido de vez como tendência com a ajuda da internet.

Leia mais sobre moda no Kzuka
Planeta Atlântida: looks para arrasar no festival

Foi em 2010, num casarão antigo na avenida Independência, no centro da Capital, que Bárbara Andrade, a Babi, na época com 24 anos, viu seus planos crescerem. É que, depois de três anos numa pequena lojinha, onde vendia roupas novas e usadas, originais ou inspiradas nos "anos de ouro", em Novo Hamburgo, resolveu ousar e mudou-se para o novo lugar, onde poderia receber público maior e ampliar seus produtos.

-Existia um preconceito grande com brechós.  O vintage tinha o estigma de revenda de roupas velhas e gastas. Acho que ainda existe, mas as pessoas estão cada vez mais aprendendo a valorizar o antigo. A internet tem ajudado bastante - conta Babi.


mpreitada deu certo. Agora, divide sua nova casa com jarras de suco em formato de abacaxi, discos antigos, telefones analógicos e máquinas de escrever. Itens que foram presentes e que não estão à venda. A dinâmica do negócio é simples, compra peças de fornecedores especializados em encontrar roupas antigas e de estilistas que produzem peças novas, mas com estilo retrô. Tudo ali é lavado, reformado e colocado à venda em bom estado. De vez em quando, ainda passa por alguns perrengues, mas as vendas costumam ser constantes, e trabalhar com algo que é do seu estilo é recompensador. Não só pelo novo local, os negócios melhoraram em relação à antiga lojinha. A internet também é uma grande responsável pela atenção que recebe.

- O cenário cultural atual e a facilidade de divulgação por redes sociais transformaram o antigo em moderno e estiloso. A procura está maior - diz.

Os shorts de cintura alta, saias longas e as jardineiras são os itens mais vendidos, mas também saem camisas, sapatos, camisetas, calças, acessórios e até vestidos de noiva antigos. As peças não agradam pelos valores mais acessíveis, mas pelo estilo.

Post by Casa da Traça.

Desde sempre
A professora da ESPM Iara Silva, especialista em comportamento do consumidor, diz que o gosto pelo antigo sempre existiu, e que especialistas em tendência já falavam nos anos 1990 sobre uma volta cada vez mais forte ao passado. A facilidade de acesso à informação teria servido como catalizador do processo. Ela lembra que não apenas em objetos, mas na cultura e no estilo de vida em geral, um grupo crescente de pessoas tem buscado uma vida mais simples, como antigamente. Essa procura seria uma forma de se diferenciar, mas também de buscar um grupo comum.

-É uma busca por identificação. Nós nos identificamos com elementos que estão enraizados em nossa família ou que conhecemos em determinado momento através de filmes, música, livros ou internet. Isso não é negativo. Essa é uma forma de nos apropriarmos da nossa própria cultura -afirma Iara.

Babi conta que o gosto pela moda antiga veio das músicas que costumava ouvir, e que a clientela, na maioria entre 18 e 25 anos, tem referências musicais semelhantes. Allan Grubert, 27, por exemplo, comprou suas primeiras camisas estampadas na loja há dois anos e confirma: os filmes, os livros e as músicas que consome também são antigos. Alguns serviram de inspiração para criar sua própria marca de camisas, vendidas exclusivamente na internet. No começo, era um dos únicos a vender camisas parecidas com as vestidas por Chico Buarque na época da bossa nova, por Al Pacino no filme Scarface e pelo jornalista Hunter Thompson, autor de Medo e Delírio em Las Vegas. As lojas de departamento e as fast fashion, porém, já contam com as estampas e modelagens antigas nas araras. O retrô, que era alternativo, aos poucos, começar a virar pop.


Vintage x retrô
Os termos parecem ser sinônimos, mas as duas palavras, referentes a objetos antigos, não têm o mesmo significado. Vintage é utilizado para identificar o que realmente é antigo, com pelo menos 20 anos de existência. Já as peças retrô têm referências na moda e cultura "old school", mas são novas.


MAIS SOBRE

Últimas Notícias